Serão TRÊS HORAS de encontro, em um total de 180 páginas de roteiro
Crossovers na TV são algo especial. A primeira vez que reparei nisso foi em um episódio de Homicide, chamado Law & Disorder, que contou com uma rápida e especial aparição do detetive Mike Logan, de Law & Order, em Baltimore. Depois as duas séries engataram crossovers propriamente ditos, com histórias que começavam em Nova York e acabavam no contexto de Homicide, mas nessa época eu já estava encantado por vez Buffy e Oz dando as caras em Los Angeles, na série Angel.
Esse tipo de iniciativa na TV dos EUA não é incomum, e inclusive tem crescido nos últimos anos. Existe até uma fórmula para isso, que funciona muito bem. Só que Greg Berlanti, produtor-executivo das séries do Arrowverse e da Supergirl, resolveu ignorar algumas regras e irá se aventurar num grande crossover que envolve TRÊS episódios e os elencos de QUATRO séries, uma aventura da qual ele finalmente está compartilhando os primeiros detalhes.
“Nós acabamos de escrever os crossovers de outono. E agora estamos tentando entender como produzí-los. Provavelmente esta é a coisa mais desafiadora que faremos este ano”, disse o cara para o IndieWire, explicando que apenas Arrow, The Flash e Legends of Tomorrow terão episódios que são realmente PARTE desse encontro. “Nós estamos contando uma história coesa. Supergirl irá participar, mas a história não começa ativamente lá. Há alguns personagens que aparecem no episódio dela, mas a história começa mesmo com The Flash”.
Dá para entender a escolha: não é fácil transformar a produção de duas séries em uma coisa só, como eles fizeram na temporada passada. O caminho natural é expandir isso para três produções, ao invés de tentar dar um salto maior do que a perna. “Estamos realmente tentando seguir uma única produção através de outras três, todas funcionando como entidades separadas. Estamos tentando entender quando um ator de uma série será emprestado para outra”.
Se você não entendeu essa de “emprestar ator”, é que fica difícil parar de rodar um episódio por causa de outro. Ou seja, o Grant Gustin tem que gravar a participação dele em Arrow mas, no mesmo período, tem o próprio episódio do Corredor Escarlate pra ser produzido. É quase que um jogo de xadrez para evitar que uma série atrase em DETRIMENTO de outra, o que sempre se refletiria em dinheiro perdido. Como todas as gravações rolam em Vancouver (incluindo, a partir desta segunda temporada, a Supergirl), ao menos não há a necessidade de viajar.
Quem sabe isto dê a sensação que existe nos crossovers dos gibis
Além de definir agendas, a atual fase de pré-produção também envolve coisas mais interessantes. “Nós estamos começando com o design do vilão e, apesar de estarmos iniciando agora, isso não vai ao ar antes de Novembro. Vamos investir muito tempo, daqui até lá, para elaborar as cenas com efeitos especiais. Hoje mesmo estamos com os três roteiros completos na mão – são 180 páginas de material. É uma história de três horas, quase uma minissérie”.
“É muito assustador quando você segura tudo isso junto”, continuou Berlanti. “Cada uma dessas páginas é 10 horas de gravação e uma extravagância em efeitos visuais. Mas, quem sabe, isto dê a sensação que existe nos crossovers dos gibis”, disse Berlanti. Nos quadrinhos, crossovers são uma parte importante da indústria há, pelo menos, 50 anos. Evoluíram para um ponto no qual são histórias épicas, facilitadas pelo fato de que o papel aceita tudo. Na TV, não deixa de ser surpreendente que o pessoal das séries da DC se arrisque tanto em termos de produção para tentar trazer esse “gostinho” pra quem está assistindo.
Antes que alguém reclame, a série Supergirl pode ficar de fora do enredo principal do grande ENCONTRÃO do Arrowverse, mas Berlanti e companhia vão se valer do fato da Garota de Aço estar agora no CW para ter um novo crossover dela com The Flash, que fatalmente irá ao ar na segunda parte da temporada. E, como já tinha sido anunciado, o especial será um musical, aproveitando o grande número de atores dos dois elencos que sabem cantar, começando pelos protagonistas Grant Gustin e Melissa Benoist, que vieram de Glee.
“Na próxima semana vamos começar a falar sobre as músicas”, disse o produtor. “Eu tenho algumas ideias sobre o tom e o estilo na minha cabeça, mas estamos começando a falar sobre o que pode ser. Eu quero tentar usar músicas originais. Assim que fecharmos um acordo sobre isso, eu provavelmente farei alguns anúncios sobre elas”.
Ou seja, se você esperava ver algo como Glee, com Grant e Melissa cantando Don’t Stop Believin’, é bom desencanar. Essa coisa de músicas originais é interessante, já que elas poderão se encaixar mais no contexto da história que está sendo contada. Por outro lado, é mais tempo para escrever, produzir, gravar, os atores pegarem o tom de cada canção...
É, a galera lá não tá com medo de desafios. O que é ótimo. ;)