Pela primeira vez, ele conta sobre seu diagnóstico, dificuldades com o tratamento e entra pro time de artistas que estão FALANDO, finalmente, sobre como é difícil lidar com tudo isso.
Saúde mental é um assunto que temos ouvido falar bastante — ainda que se fale pouco sobre isso. Somente no último mês, as mortes de Avicii, Kate Spade e Anthony Bourdain nos fez pensar sobre a toxicidade de certos ambientes que, a princípio, pensamos ser cheios de glamour e alegria. A culpa não é só desses fatores, claro. Aliás, não há como apontar um culpado CONCRETO: tudo depende de... bem, tudo.
É, eu sei, difícil mesmo entender. Mas justamente pela complicação que é muito importante falarmos abertamente sobre isso. No mês passado, Ryan Reynolds resolveu contar um pouco ao The New York Times sobre sua batalha com transtorno de ansiedade: “Eu sempre tive ansiedade, tanto a mais leve do tipo ‘eu tô ansioso sobre isso’, quanto a que me colocou em níveis muito mais escuros do espectro, o que não é divertido.”
Agora, outro ator foi honesto sobre sua batalha: David Harbour, o pai da Eleven em Stranger Things e novo Hellboy.
O ator participou podcast do Marc Maron, o WTF. Lá, ele contou sobre quando foi diagnosticado com transtorno bipolar. David teve problemas com alcoolismo bem cedo e, aos 20 anos, já estava se tratando. Com 25, teve uma grande crise de comportamento e foi levado a uma clínica psiquiátrica por seus pais. “Eu preciso dizer algo sobre ficar internado. [...] Realmente não é tão divertido quanto parece. Existe uma ideia de que você é um gênio [por estar lá], e na verdade vê que [o lugar] é triste e tem cheiro de merda.”
Sou uma pessoa bipolar e medicada há muito tempo. E tive muitos problemas pausando e retomando o tratamento. É uma batalha, pausar e retomar
Durante esse período, seu transtorno bipolar foi identificado e ele começou o tratamento. Mas, como muitas pessoas, sentiu bastante dificuldade com o processo. “Foi quando comecei a tomar remédios. Sou uma pessoa bipolar e medicada há muito tempo. E tive muitos problemas pausando e retomando o tratamento. É uma batalha, pausar e retomar.” Isso acontece, principalmente, por ele temer que isso atrapalhe sua criatividade como artista.
Harbour tentou buscar soluções em religiões e espiritualidade, mas nada disso fez muito por ele. “Geralmente, pessoas pensam ‘preciso meditar mais’ ou ‘preciso entrar para a yoga’. E eu preciso comer um cheeseburguer, fumar uns cigarros e relaxar”, falou. “Se um dia for escrever um livro de autoajuda, será algo como “sente no seu sofá e jogue um pouco de video game’”.
David expôs uma dificuldade grande que quase sempre é ignorada: de seguir firme com o recursos terapêuticos que lhe foram recomendados. Remédios, terapia constante e outras maneiras de se lidar com transtornos, por vezes, cansam demais. E é AÍ que o negócio volta a complicar... Enfim. É complexo. Mas quanto mais narrativas diferentes e experiências trocarmos, melhor vai ficando.
Valeu, David! <3