Depois dos Defensores, é a vez dos Ofensores. SÉRIO. Ou não tanto assim. Mas é. | JUDAO.com.br

O Hulu vai produzir quatro novas séries animadas com personagens B da Casa das Ideias, envolvendo gente como Patton Oswalt, Chelsea Handler e Kevin Smith, e que vão desembocar numa única série de grupo com todos eles — onde foi que você já viu isso mesmo? ;)

Por um lado, como a gente já falou por aqui esta semana, tá chegando ao fim o relacionamento da Marvel com o Netflix. Mas por ooooooutro lado, lá está Craig Erwich, vice-presidente de produções originais do Hulu, dizendo aos quatro cantos que está interessado em trabalhar mais com a Marvel, além de Runaways e tal.

O que isso quer dizer, portanto? Que falta pouco pra gente juntar lé com cré e anunciar que o Hulu vai trazer Demolidor, Jessica Jones, Punho de Ferro, Luke Cage e Justiceiro pra debaixo de suas asas!... Só que não. Porque o que o Hulu anunciou esta semana, em parceria com a Marvel, isso sim, foi um pacote de animações absolutamente inesperado, com um punhado bizarro de personagens B mas que, ora ora ora, terão suas próprias séries e depois se reunirão como um grupo disfuncional numa série única: The Offenders. Um treco que não existe nas páginas dos gibis. Mas bem que poderia.

“Uma cabeça gigante. Um macaco. Uma mulher-tigre. Uma rainha da dsicoteca. E o pato. Reunidos porque ninguém mais poderia além da Marvel Television no Hulu”, afirmou Jeph Loeb, o chefão da divisão de televisão marvete, num comunicado oficial divulgado em pleno evento da Television Critics Association. “M.O.D.O.K., Assassímio, Tigresa, Cristal e Howard formarão uma equipe que ninguém tinha pedido pra assistir. E espere até que você veja QUEM será o líder do time! Temos talentos incríveis produzindo incríveis animações que são novas, divertidas e fantásticas. Estamos empolgados com o que está por vir”.

Com o dedo de Loeb como produtor executivo em cada uma das produções do pacote, foram convocados uns times bem interessantes de criadores/roteiristas que, além de manjarem de cultura pop, têm um bom pé no humor. Portanto, sim, sim, caso realmente precise ficar mais claro: serão desenhos animados para ADULTOS e que estão muito mais pra COMÉDIA do que pra aventura/ação ou qualquer coisa assim.

Talvez uma das escolhas mais esquisitas e, sendo assim, mais empolgantes desta história toda seja ter criado uma série protagonizada pelo M.O.D.O.K., supervilão recorrente dos gibis do Capitão América e dos Vingadores cujo nome é uma sigla para Mental Organism Designed Only for Killing (Organismo Mental Criado Apenas para Matança). Criado em 1967 pela dupla Stan Lee e Jack Kirby no gibi Tales of Suspense, trata-se de uma espécie de computador vivo desenvolvido pela IMA (Ideias Mecânicas Avançadas) a partir de bioengenharia — e dos despojos de um pobre sujeito comum chamado George Tarleton — para tentar, originalmente, desvendar os segredos do artefato chamado Cubo Cósmico. Submetido a experimentos horrendos, ele se tornou uma gigantesca cabeçorra com um corpo minúsculo, com superinteligência e poderes psiônicos extraordinários.

Enlouquecendo no meio processo, M.O.D.O.K. tornou-se um vilão egomaníaco que, na série animada, vai lutar para manter o controle de sua organização do mal e de sua família (?) extremamente dependente. Os responsáveis pelo desenho serão Jordan Blum (roteirista de American Dad!) e o figuraça Patton Oswalt, que interpreta os trigêmeos Billy, Sam e Thurston Koenig em Agents of SHIELD.

Marvel’s Hit Monkey traz sob os holofotes o herói improvável que, aqui no Brasil, atende pelo infame nome de Assassímio — uma loucura que apareceu pela primeira vez em 2010, no gibi do Deadpool. A história é igualmente surreal: um assassino que estava marcado para morrer depois de um fracassado golpe político acaba perdido na neve e então é resgatado por um esquadrão de macacos japoneses. Por algum motivo ele é admitido como parte do clã de símios, mas um dos macacos não confia no cara e acompanha diariamente os seus treinamentos, desenvolvendo em si mesmo as suas próprias habilidades de combate. O animal acaba ficando violento e arruma treta com todo o seu grupo. A violência o faz ser banido, mas é ele que, por conta própria, descobre um grupo de homens rumando para sua tribo... mas aí acaba sendo tarde demais. Todos morrem, o homem e a trupe completa de macacos, e então o único sobrevivente resolve dedicar a sua vida a se vingar da humanidade, um assassino caçando assassinos.

Com roteiro de Josh Gordon e Will Speck, diretores das comédias Escorregando para a Glória e A Última Ressaca do Ano, o Assassímio será mostrado no submundo de Tóquio em sua brutal saga de vingança enquanto é guiado pelo espírito de um assassino americano.

Aí, a gente pula pra um desenho com uma dupla de super-heroínas e grandes amigas: Tigresa (no original, Tigra, a integrante dos Vingadores chamada Greer Grant Nelson) e Cristal (no original, Dazzler, a mutante Alison Blaire que já fez parte dos X-Men). Surgida em 1972 mas convertida numa mulher-tigre de fato só em 1974, quando a justiceira que usava só um uniforme felino sofreu um ferimento mortal e acabou sendo salva por uma combinação de ciência e feitiçaria, vinda de um estranho e lendário povo-gato da Idade Média, a Tigresa tem força, agilidade e sentidos sobrehumanos. Já a Cristal, com seus poderes de transformar as vibrações sônicas que atingem seu corpo em vários tipos de luz, se torna uma cantora pop disco, com um macacão branco meio ABBA, equilibrando a carreira musical com o combate ao crime.

Nesta história, em que as amigas buscam reconhecimento entre as pessoas superpoderosas em Los Angeles, temos os roteiros de Erica Rivinoja (de séries como Grounded for Life e South Park) e ninguém menos do que Chelsea Handler, a mais do que ácida apresentadora de talk show que recentemente conduziu duas temporadas de um programa de entrevistas no Netflix.

Pra completar, depois de ser resgatado graças à cena pós-créditos do primeiro filme dos Guardiões da Galáxia, Howard, o Pato vai se juntar à sua eterna amiga Beverly para continuar na batalha contra o terrível Dr.Bong. Estamos falando de um personagem clássico da Marvel, criado em 1973 por Steve Gerber e Val Mayerik, numa HQ com altas doses de humor, anarquia, crítica social/política e metalinguagem em doses cavalares muitas décadas antes de resolverem fazer o mesmo com o Deadpool. Abduzido de seu planeta natal e jogado em meio a personagens sobrenaturais bizarros como o Homem-Coisa, suas histórias sempre tiveram liberdade suficiente para tratá-lo como uma espécie de caso à parte.

Importante relembrar SEMPRE que, em 1986, Howard foi a estrela de um dos primeiros longas protagonizados por personagens da Marvel. Com produção executiva de ninguém menos do que George Lucas, Howard, o Super-Herói é uma produção B. Que é ruim. Mas é boa. Acho. Assista e tire suas conclusões.

ENFIM, o fato é que esta série animada do pato será escrita por Dave Willis (que, além de escrever Aqua Teen: O Esquadrão Força Total , também foi dublador de um monte de desenhos maníacos como Archer, Space Ghost Coast to Coast e Celebrity Deathmatch) e pelo onipresente Kevin Smith, o diretor, roteirista, escritor de quadrinhos, podcaster e REACTER oficial de trailers de filmes de super-heróis.

Finalmente, então, toda esta galera aí vai se unir como parte deste The Offenders, quando serão forçados a salvar o mundo e “certas partes do Universo”. Os roteiristas desta última série, além dos demais produtores executivos, que vão assinar a parada junto com o Loeb, devem ser anunciados em breve.

Dito isso, tudo que pedimos são mais e mais projetos assim, que se levem cada vez menos a sério. Por favor. Só vem.