Documentário ressurge no YouTube com a explicação de Stanley Kubrick para o final de 2001: Uma Odisseia no Espaço | JUDAO.com.br

Em 1980, Kubrick contou todos os significados por trás da conclusão do filme em uma entrevista que nunca havia sido espalhada por aí… até agora! :D

Quando eu tinha uns 16 anos, assisti a Rabbits, do David Lynch. É um filme de 40 minutos que mostra uma narrativa fragmentada com coelhos que andam e se vestem feito gente... e eu não saquei NADA. Nunca tinha me deparado com algo que fosse tão maluco e simplesmente não consegui entender LHUFAS do que tinha acontecido ali. Foi a primeira vez que uma obra me deixou confusa – e a primeira vez em que eu saí por aí caçando interpretações. No meio dessas pesquisas todas, percebi uma constante: diretores não têm lá uma vontade muito grande de sair desvendando suas metáforas por aí. É como explicar uma piada: acaba um pouco com a graça.

Além de Lynch, Almodóvar, Fellini, Hitchcock, Lars Von Trier e Guillermo Del Toro e tantos outros dirigiram CLASSICÕES do cinema que carregam essa necessidade de interpretação e desafiam bastante o espectador. Mas certa vez, em 1980, um produtor japonês chamado Jun’ichi Yaoi conseguiu esclarecimentos sobre AQUELE final instigante de 2001: Uma Odisseia no Espaço com o próprio Stanley Kubrick.

Jun’ichi Yaoi é um cara envolvido em vários documentários sobre ufologia e eventos esquisitos. Naquele ano, ele visitou as locações d’O Iluminado pra investigar rumores de atividades paranormais que cercavam as gravações. Ele foi levado em um passeio pelos cenários e outros locais importantes da EMI Elstree Studios por Julian Senior, vice-presidente do departamento de publicidade da subdivisão europeia da Warner Brothers. Depois, encontr outrou a filha de Kubrick, Vivian, que mostrou a ele alguns equipamentos utilizados nas filmagens e AÍ, no meio dessa história toda, Julian liga para Kubrick e passa o telefone para Yaoi.

A conversa começa com Jun’ichi querendo MUITO saber se o diretor acredita em poderes sobrenaturais e alienígenas. E as respostas que recebe são naquela linha beeeem em cima do muro, “pode ser que sim, pode ser que não”. E então, o assunto muda DE REPENTE para o filme 2001. Talvez fosse uma curiosidade pessoal do entrevistador, mesmo. Ao ser questionado sobre o significado das cenas finais, Kubrick afirma que evita falar disso porque “quando se fala apenas das ideias, pode soar bobo”, mas segue dizendo que quis representar a chegada de criaturas divinas, de energia muito pura. “Eles o colocam (Dave) em algo parecido com um zoológico humano para estudá-lo e ele fica lá pelo resto da vida. Sem nenhuma noção de tempo. A sensação dele é a mesma que aparece no filme.” E, segundo ele, o quarto onde Dave está é uma representação genérica do que um humano consideraria agradável. “O ambiente é impreciso assim como nós somos quando tentamos replicar o habitat natural de animais nos nossos zoológicos.”

Por fim, a chegada do Monolito naquele quarto e aquela cena do BEBEZÃO representam uma passagem. “Quando não precisam mais dele, assim como em muitos mitos conhecidos, ele é transformado em um ser superior e mandado de volta pra Terra, quase como um super-homem. Nós só não sabemos o que acontece quando ele chega lá. Mas é um padrão de muitos mitos e era isso que queríamos sugerir.”

O documentário completo foi publicado no YouTube nesta semana, aproveitando as comemorações aniversário de 50 anos do lançamento de 2001: Uma Odisseia no Espaço. Esse material, segundo a descrição que o acompanha, veio de fitas VHS da coleção pessoal do ufologista Wendelle C. Stevens, que estava envolvido naquela produção também.

Uma galera aparece BEM feliz nos comentários, que estão cheios de agradecimentos e observações sobre aquilo tudo. Uma das mais recorrentes é a constatação de que tooooda aquela explicação está nos livros que originaram a adaptação, escritos por Arthur C. Clarke. Mas, mesmo assim, é MARAVILHOSO ter um registro tão especial e peculiar do dia em que Kubrick explicou o final desse filme. <3

Faço minhas as palavras de um outro fã por ali: “Eu meio que já imaginava tudo isso, mas amei ouvir essas coisas do próprio diretor.” ;)