E eis que surge o grande vilão de Guerras Secretas...? | JUDAO.com.br

É uma grande e grata surpresa. E que faz todo o sentido do universo (literalmente) para a trama que Jonathan Hickman vem costurando…

SPOILER! Daqui dois meses começa nos EUA a saga Guerras Secretas, que promete chacoalhar o Universo Marvel dos quadrinhos, coisa e tal. Da mesma forma que rolou nas Guerras Secretas de 1984, teremos heróis e vilões reunidos no chamado Battleworld (Mundo Bélico, pra você que é tiozinho como nós) para um quebra-pau épico – só que, ao invés de serem apenas medalhões da cronologia normal, serão lá reunidas versões de diferentes personagens vindos de universos alternativos e realidades paralelas da Casa das Ideias, uma porrada de Homens de Ferro, Thors, galera do Ultimate, 2099, 1602, essas paradas.

Ainda não sabemos bem o motivo que vai colocar esta turma toda lá e tampouco quem será o responsável por jogar todo mundo nesta roubada – que, segundo a Marvel promete, vai mudar tudo que sabemos sobre a editora, aquela história. O que se sabe, até o momento, é que é tudo uma treta um tanto confusa, relacionada com o fenômeno da incursão, que o roteirista Jonathan Hickman vem construindo nos gibis dos Vingadores desde março de 2013.

Um problema no continuum espaço-tempo faz com que as diversas Terras de universos paralelos se aproximem umas das outras. Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, aí já viu. Se o processo for finalizado, os dois universos vão se destruir. Só existe uma forma de salvar nosso planetinha azul: simplesmente destruindo o outro planetinha azul. Sim. Para salvar o nosso universo AND o universo alheio, pelo menos um planeta (com versões diferentes dos heróis e vilões que conhecemos) deve morrer.

Que seja o dos outros, certo? ¯\_(ツ)_/¯

A razão pra isso acontecer é que, em um determinado universo, nasceu uma pessoa tão poderosa que começou a causar esta reação em cadeia. Um tal Rabum Alal, o Grande Destruidor, diversas vezes mencionado como sendo o senhor da moça batizada de Cisne Negro – egressa de um dos planetas que esteve na rota de incursões com a Terra e que acabou capturada pelos Illuminati (Namor, Homem de Ferro, Doutor Estranho, Reed Richards, Pantera Negra, Raio Negro e o Fera – representando o falecido Charles Xavier). Em New Avengers #31, finalmente descobrimos que é Rabum Alal. Quando a ordem dos Cisnes Negros leva o Doutor Estranho diante de seu líder, é este rosto (?) familiar que Strange encontra diante de si.

Rabum Alal

Exato. Rabum Alal é ninguém menos do que o Doutor Destino. KA-BOOM!

“Isso quer dizer que todas aquelas pessoas que passaram semanas e meses preocupadas, temerosas e furiosas que o Quarteto Fantástico e sua família de personagens não tivessem nenhuma grande participação em Guerras Secretas devem estar se sentindo meio bobas aqui”, diverte-se o editor executivo Tom Brevoort, em entrevista para o IGN, sacaneando aquela história de que a Marvel estaria tentando sabotar a Fox por conta do Quarteto nos cinemas (e tentando nos fazer esquecer o fato de que eles podem muito bem estar apenas mudando os personagens, como no caso do Mercúrio e da Feiticeira Escarlate, para se adaptar à Marvel futura). “Porque não é o caso, definitivamente”, carimba. Mas ele faz questão de deixar claro que “ainda é cedo” para dizer com tanta propriedade que Von Doom será o grande vilão de Guerras Secretas. “No entanto, dá pra afirmar que ele será uma grande parte da saga”, reforça.

A escolha faz total sentido. Durante uma dessas incursões de um planeta no outro, a Latvéria, seu reino no Leste Europeu, foi atacado pelos Cartógrafos, uma raça de seres adaptáveis que buscam captar os recursos naturais de um planeta antes de destruí-lo. Depois de derrotar as criaturas, Victor fica com um de seus artefatos para análise. Logo depois, Namor resolve abandonar os Illuminati (em meio a uma crise ética) e toma uma medida drástica ao recrutar um time de supervilões, batizados de Cabala, para acabar com quaisquer mundos alternativos que ameacem se aproximar da Terra. “Doom não é a segunda escolha de ninguém”, recusa, com seu jeito costumeiro, o ditador latveriano. Mas agora ele tem mais informações em mãos sobre as incursões. Eis que em New Avengers #29, ele parte pra uma jornada pelo multiverso ao lado do Homem-Molecular. Claramente é o resultado desta viagem que vai transformá-lo em Rabum Alal.

“O Destino que se sentou pra discutir a Cabala com Namor, ele ainda não era Rabum Alal”, explica Brevoort. “Ele não se tornou Rabum Alal até embarcar nesta viagem com o Homem-Molecular, caminhando pela névoa do tempo, mergulhando nos mais diferentes planos de realidade e então fazendo o que diabos ele tenha feito para se tornar Rabum Alal agora”. Que poderes este novo Von Doom vindo do futuro tem? Será que, de alguma forma, foi mesmo o nascimento desta nova versão dele que, em algum lugar do passado, deu a fagulha para o início das incursões? Estaria ele de fato interessado em causar essas colisões ou em detê-las? Por enquanto, nenhuma destas questões tem respostas efetivas.

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A revelação me agrada E MUITO por dois aspectos. O primeiro deles é que eu, como pessoa física, sou simplesmente apaixonado pelo personagem, de longe o meu vilão favorito da Marvel e um dos meus prediletos em quaisquer aspectos da cultura pop (empata com Darth Vader na boa). Uma espécie de Rei do Crime em escala global, conforme eu já disse por aqui, ele é uma mente científica brilhante, que rivaliza com Reed Richards; é também um mago poderoso cujos poderes estão pau a pau com os do Doutor Estranho; e ainda desfruta de imunidade diplomática por ser o governante de uma rica e próspera nação europeia, no papel de uma manipulador líder da comunidade internacional que se posiciona contra os EUA. Junte a isso o ego monstruoso e a mania de falar em terceira pessoa (que grande vilão nunca?) e, BINGO!, está aí um sujeito a ser temido.

dr-doom-02Além disso, a relação de Destino com a primeira versão das Guerras Secretas é muito íntima e particular. Em meio ao roteiro rasteiro de Jim Shooter, construído apenas para vender bonequinhos, Victor Von Doom é o grande destaque. Enquanto heróis e vilões tramam como diabos vão derrotar uns aos outros para sair do Mundo Bélico, o Doutor Destino cria um plano mirabolante para roubar os poderes da criatura cósmica que levou todo mundo pra lá, o Beyonder. E, cacete, ele consegue. E, diabos, ele derrota todos os heróis sozinho, de uma vez só. E, inferno, ele acaba sendo derrotado por sua própria vaidade e seu ego tamanho família.

O legal aqui é que, recentemente, vejam só, descobrimos que os Ivory Kings (em tradução livre, Reis de Mármore, já que eles ainda não apareceram nas revistas brasileiras) são na verdade uma raça de Beyonders, que planejam usar as incursões para destruir tudo que vêm pela frente. E quem é outro fator da equação? Os Cisnes Negros do Grande Destruidor Rabum Alal... que a gente descobriu que é o Doutor Destino. Fechou o ciclo, não? Vai ser Destino contra Beyonder mais uma vez. Certeza que esta dualidade vai estar no centro das Guerras Secretas de Hickman.

Eu já sou marvete de carteirinha, assumido e declarado. Logo, era óbvio que eu leria Guerras Secretas com o maior prazer. Mas ter o Doutor Destino no centro da história me dá um prazer ainda maior. “Doom é supremo. Não existe poder na Terra, nenhuma inteligência na criação que se iguale à minha”, gritou ele para um lacaio em uma edição especial do Quarteto Fantástico dedicada apenas ao vilão.

Victor Von Doom nunca imaginou que estivesse tão certo, afinal de contas.