Terceiro livro da dupla Ziraldo e Mauricio de Sousa, desta vez em parceria com o escritor Manuel Filho, agora vai reunir seus icônicos personagens — lançamento vai ser na Bienal Internacional do Livro de São Paulo
Cêis tudo ficam aí nessas de “ai, Marvel e DC, que tudo, que incrível, quem ganha na luta entre Batman e Capitão América”, essas coisas. Mas o que não faltou aí nesta vida foram crossovers entre as duas grandes do mercado americano e, bem cá entre nós, foi tudo quase sempre bem NHÉ. Sabe, no entanto, o que ainda nunca tinha rolado? E é um crossover bem mais relevante pra mim e pra você? E que, este sim, merece a real utilização do adjetivo ÉPICO? Um encontro entre as duas famílias de personagens infantis mais importantes do Brasil.
Porque, vamos ser sinceros, é histórico pra caralho saber que A Turma da Mônica vai se encontrar com O Menino Maluquinho e sua turma. Sim, sim, agora é real oficial que Ziraldo e Mauricio de Sousa, estes dois veneráveis senhores que ensinaram gerações e mais gerações de crianças brasileiras a aprender a ler, vão lançar, dia 4 de agosto, durante a Bienal Internacional do Livro de São Paulo, seu próximo livro juntos — e o primeiro com seus respectivos personagens icônicos.
Em Mônica e o Menino Maluquinho na Montanha Mágica (Editora Melhoramentos), o tão desejado local do título da obra, rola uma vibração meio A Fantástica Fábrica de Chocolates, porque tudo começa quando a Mônica e o Maluquinho, em seus respectivos bairros, encontram uns tais bilhetes dourados pra poder visitar o local. E aí que eles ganham o direito de convidar quatro amigos. No caso da garotinha do Bairro do Limoeiro, tava fácil, já que ela seleciona Cebolinha, Cascão, Magali e o Franjinha, que ainda leva o Bidu a tiracolo (ninguém nunca lembra do Xaveco, coitado). Já no caso do Maluquinho, rola um sorteiro, pra evitar a ciumeira. E aí que os selecionados são Julieta, Bocão, Junim e Lúcio.
Obviamente que as duas turminhas vão se encontrar, vão se viver um monte de aventuras juntas e, eventualmente, o Cebolinha vai tentar convencer o Maluquinho a roubar o coelho de pelúcia da simpática menina do vestidinho velmelho. Que, aliás, também é a cor da roupa da Julieta. EITA.
“Já deixamos a nossa impressão na história da literatura infantil. Trabalhamos há mais de 50 anos no mesmo meio e há tempos pretendíamos fazer algo juntando os personagens”, afirmou Ziraldo, em entrevista pro jornal O Globo. Neste caso, no entanto, os dois quadrinistas veteranos entraram com a consultoria, com os personagens e, claro, com as ilustrações. Mas o roteiro em si ficou mesmo nas mãos de Manuel Filho, autor premiado com o Jabuti por No Coração da Amazônia e que também escreveu os elogiados A Menina que Perdeu o Trem e O Sumiço da Lua.
“Ele talvez seja a pessoa que melhor conheça nossas obras”, elogia o criador do moleque com a panela na cabeça sobre Manuel, que teria sido o principal responsável pela obra ter saído do papel. “E ele escreveu uma história rara, completamente original”.
De fato, esta não é a primeira vez que Mauricio e Ziraldo assinam uma obra juntos. Em 2011, no livro O Maior Anão do Mundo, Ziraldo escreve e Mauricio desenha a história do tímido e sonhador Julius, o personagem-título que, com seus dois metros e oitenta e cinco de altura, tentava se aceitar e encontrar seu lugar no mundo. Dois anos depois, os papéis se inverteram, com Mauricio nos roteiros e o traço de Ziraldo em O Reizinho do Castelo Perdido, fábula num tom mais sério e até meio político, sobre um rei tranquilo e feliz, amado por seus súditos, que no entanto é levado para morar num castelo distante graças a um capricho de seus ministros.
“Não sei se é o encontro de dois gigantes, mas é pelo menos o encontro de dois velhinhos”, chegou a brincar Ziraldo, na época dos primeiros livros, em entrevista ao Jornal do Commercio.
Mas olha que usar a palavra “gigantes” não é tanto exagero assim. Vejamos o caso d’O Menino Maluquinho, que primeiro surgiu como livro, publicado em 1980, e já reeditado mais de 100 vezes desde então, tendo vendido mais de 3 milhões de exemplares, disponível em 11 idiomas, comercializado em 21 países, uma febre. Virou peça de teatro, virou filme, virou série de TV e, claro, virou gibi — que desenvolveu muito melhor não apenas o protagonista mas principalmente o seu elenco de coadjuvantes, tornando-se uma COQUELUCHE no finalzinho dos anos 80 e sendo publicado, entre Abril e Globo, até pelo menos 2007.
E os números do pai da Mônica, rapaz, aí é covardia. Mais de um bilhão de revistas publicadas em 120 países, mais de 2.500 produtos licenciados e uma movimentação mensal de capital, na Mauricio de Sousa Produções, que a revista Exame estimou em mais de R$ 2,7 bilhões. E isso SEIS anos atrás! Pensa de lá pra cá, em especial depois do lançamento da Turma da Mônica Jovem, cujas quatro primeiras edições da revista venderam, juntas, mais de 1,5 milhão de exemplares. Que porrada.
No fim, um encontro de Ziraldo e Mauricio é tipo uma parceria do Stan Lee com o Will Eisner. Só que ainda maior. ;)