Eu vou sentir sua falta, David Letterman | JUDAO.com.br

Jimmy Fallon, eu tou realmente feliz por você e vou deixar você terminar, mas…

SÓ PRÁ CONSTÁ Nah, eu não vou pagar aqui de especialista em talk show, conhecedor dos grandes apresentadores, entrevistas e entrevistados. Até porque, quando eu ainda era um moleque e, com uma TV por assinatura recém instalada no quarto dos meus pais (Multicanal, lembra?), um amigo do meu pai me apresentou ao David Letterman e meu primeiro comentário foi “tipo um Jô dos EUA!”.

Mas talk shows são algo que eu gosto. Jô Onze e Meia é um dos que eu mais vi e mais me lembro — especialmente de quando meu pai até engasgava de rir com alguma entrevista que, de fato, eram ótimas. Absolutamente NADA supera os que o João Gordo fez na MTV, porém.

Talk show tem essa coisa informal, uma coisa de que se pode levar qualquer pessoa e falar sobre qualquer coisa, apresentando a quem nunca ouviu falar, mostrando um outro lado pra quem já conhece. Algo que, infelizmente, se perdeu no Programa do Jô, que hoje em dia serve mais de plataforma de divulgação dos artistas da casa do que, de fato, um talk show.

Saudades João Gordo, que apertava peito da Narcisa, mostrava o Jimmy do Matanza playboyzinho, ia até o apartamento do Genival Lacerda e, como se precisasse, mostrou quão babaca era o Dado Dolabella.

Eu, pessoa física, já estive em dois. Primeiro, assisti à gravação do Jimmy Kimmel Live, em Los Angeles, num dia que teve Tom Hanks, Wiz Khalifa, Rachael Ray e show do Childish Gambino (show mesmo, no estacionamento atrás do estúdio, num frio desgraçado). Alguns meses depois, participei do The Noite, do Danilo Gentili, como convidado, mostrando a minha maravilhosa coleção de Homens de Ferro. Ok, participei também da gravação do piloto do Talk Show do Bento, na MTV, mas aí não conta. Queria ter ido no Agora é Tarde, do Rafinha, justamente pra falar do JUDÃO... Mas não deu tempo. ¯\_(ツ)_/¯

Talvez eu devesse ter me interessado mais pelo Late Show with David Letterman, que acaba no próximo dia 20 de Maio — e retorna em Setembro, como Late Show with Stephen Colbert. O amigo do meu pai, que havia morado um tempo nos EUA, me disse que, na verdade, o Jô é que era um Letterman do Brasil. “Ou tenta ser”. Conheço a importância dele pra TV mundial, pra cultura pop. Mas não tinha me ligado que sentiria falta dele até as 4h42 dessa madrugada.

“Pouca gente assistiu à entrevista de Jimmy Fallon com Jack Black, mas todo mundo viu a paródia dos dois para ‘More Than Words'”, diz, com verdade (tirando que não é uma paródia e sim uma versão... Ou isso é uma questão de semântica e eu não faço ideia do que estou falando), esse artigo sobre o sucesso do The Tonight Show starring Jimmy Fallon. “A principal característica do programa do Fallon é ser mais legal do que engraçado. Fora isso, ele tem um apelo gigante com celebridades e pensa o programa para a internet. É na internet que ele consegue relevância e abrangência”, avalia o MONSTRO SAGRADO Chico Barney, esse sim, um especialista.

Eu não tinha visto o tal do vídeo mas, com o link na minha timeline do Twitter, apertei o play. E, de fato, é sensacional vê-lo, com Jack Black, fazendo uma versão da música do Extreme.

Na volta pro Twitter, um outro link pipocou na timeline pra Sofia Vergara, cansada, jogando pela primeira vez na vida “catchphrase”, um desses “estranhos jogos americanos que ela não sabe jogar” no programa do Fallon. O melhor do melhor da Sofia Vergara, sensacional, hilária, deixando em nossas mentes o fato de que dorme pelada e que joaninha, em espanhol, é MARIQUITA.

Surge o terceiro link — eu juro que tou falando do twitter e não do loophole para o qual você é sugado dentro do YouTube –, dessa vez pra John Oliver explicando o futebol pro David Letterman. São cerca de 4mins30segs que quase me lembraram eu tentando explicar pra D.Wilma, minha vó, o que é um “mata-mata”. Mas é puro e simples entretenimento, dois gênios conversando. Um apaixonado por futebol, outro que tenta enxergar algum sentido nesse jogo que, de fato, não respeita nenhum tipo de lógica.

O vídeo é de Outubro de 2014 e tem apenas 1 Milhão de views — o do Jack Black, que é do dia 04 de Maio de 2015, já está com mais de 4.4 milhões. O canal do David Letterman tem menos 200.000 inscritos; o do Fallon tem mais de 7 Milhões. Mas nem precisa ir muito longe: quantos canais de gente “E AÍ GALERA ESSE SOU EU JOGANDO MINECRAFT!” você não conhece com BEM mais inscritos?

“Pouca gente assistiu à entrevista (...), mas todo mundo viu a paródia (...)”. De fato, eu não faço ideia do que o Jimmy Fallon falou com o Jack Black ou a Sofia Vergara — mas sei que ele tem um filme estreando nos EUA, The D Train; ela também tá chegando essa semana aos cinemas com Belas e Perseguidas — filme que só estreia em JULHO aqui no Brasil.

“Eu ouço sobre coisas se tornando viral e penso ‘como eu faço isso?’. Eu acho que eu sou um entupimento nesse encanamento”, disse Letterman, em entrevista à Rolling Stone gringa, que sai essa semana. “Eu ainda gosto do que eu tou fazendo, mas acho que o que eu tou fazendo não é o que mais o que você quer às 23h30”. No caso, entrevistas. Um talk show, e não um show de variedades.

John Oliver é o professor de psicologia da Greendale Community College pra alguns, e apresentador do PUTAQUEPARIUASSISTA Last Week Tonight pra vários outros, hoje. Mas quem se importa? Porque David Letterman não entende futebol. David Letterman prova, sem muito esforço, o quanto Reese Witherspoon, que estrela Belas e Perseguidas com a Sofia Vergara, “está maravilhosa” falando da filha dela (sério, assistam a esse trecho da entrevista, é genial). Presidente dos EUA? Nah, só mais um cara cansado, prestes a se aposentar, planejando jogar muito dominó. Exatamente como David Letterman.

Vou sentir sua falta, cara.