Ficamos assim então, né gente? | JUDAO.com.br

Longe de mim escrever nesse último texto um “foi bom enquanto durou”. Mas fazer o quê? Foi bom enquanto durou.

Vinte anos.

Vinte fucking anos na Internet, que é um negócio que tá em constante transformação. Quando o CuDoJudas [o + fodão (e sem .br)] chegou nessa internet brasileira, era tudo mato. É coisa pra caralho, é uma vida. Às vezes eu me pego pensando que algumas pessoas que nasceram no mês que o site teve seu primeiro post, hoje já tem filhos e contas a pagar. Quando meu primeiro texto foi pro ar, o Papa era João Paulo II.

E eu era uma pessoa completamente diferente, e muito dessa mudança se desencadeou aqui. Agora o site vai para os pacovás da eternidade, e o mínimo que eu poderia fazer era vir aqui fazer minha despedida.

Os leitores mais novos desse site devem tá se perguntando “tá, mas quem é você, meu filho?”. Então me apresentarei. Meu nome é Leonardo Alcalde, mas escrevi por aqui por quase uma década sob a alcunha de Morph. Apelido que carrego até hoje em diversos círculos de amizade, que de maneira direta ou indireta tiveram origem no tempo que eu passei por aqui. Eu participei daquela primeira leva de PooOooOoodcasts, escrevi a saudosa coluna ARRE Égua!, o JUDAO.com.br Retruca. Escrevi dezenas, talvez centenas de textos menores. Ajudei em algumas coberturas da Comic-Con. E o Cinemão? Quem lembra do Cinemão?

E isso é só uma ínfima parte do que foi publicado nessa página, que assim como a gente, se transformou, se adaptou a novos tempos e novos contextos. Eu gosto de imaginar que de certa forma, por um tempo eu fui uma peça importante da alma disso aqui.

O fato é que o JUDAO.com.br tocou a vida de muita gente, em maior ou menor escala. Para alguns, foi uma fonte de informação, entretenimento. Sabe aquele programa de TV que você viu na adolescência? Aquela revista que você assinou por um tempo? Aquela memória de tempos mais simples e divertidos que ficou guardada com carinho? O JUDAO.com.br foi isso, também. Para outros, uma inspiração, algo que os fazia ter vontade de fazer algo parecido. Ou de fazer de fato parte disso aqui. Incluo-me (também) desse último grupo.

Quando eu cheguei aqui, tava no início da faculdade de arquitetura, numa cidade pequena do interior de São Paulo. Se eu era 100% capiau, hoje sou no máximo uns 60%, risos. O JUDAO.com.br foi uma espécie de hub que me aproximou de um monte de gente de diversos cantos desse país, me deu alguns quartos de hóspedes em cidades que jamais pensaria em visitar. Me fez conhecer novas pessoas, alguns crushes, novos sotaques, novos costumes, me deu novas maneiras de pensar que não teriam acontecido sob outras circunstâncias. MACACOS ME MORDAM, até minha maneira de me expressar foi moldada aqui.

Me transformou na pessoa que eu sou hoje.

Me fez crescer demais em aspectos muito importantes, me fez permanecer o mesmo em outros. Um equilíbrio muito maneiro entre amadurecimento e aquela coisa de never grow up.

Eu não sei como teria sido a minha vida se naquele fatídico dezembro de 2002 eu não tivesse me cadastrado no Fódum e começado a interagir com o pessoal que lia o site e, sobretudo, o Borbs.

Porra, em 2008 eu fui padrinho de casamento do Borbs. Por anos dividi as publicações com o Oda (e o Renan, e a Tayra, o Guto, e grande elenco). E anteontem eu tava jogando GTA Online com o Borbs e o Oda. Provavelmente jogaremos de novo amanhã.

O que eu tô tentando dizer é que o site vai, mas as relações ficam. As memórias ficam. Tudo na vida se transforma, se adapta ou apenas muda. Coisas terminam, outras começam, mas algumas permanecem e a gente vai levando junto.

E eu vou levar o JUDAO.com.br comigo pra sempre.

Entre essas inúmeras memórias e experiências que vão ficar, tem uma bem piegas. Mas eu posso ser emotivo. É uma despedida afinal de contas, seus fiadaputa. Lembro em especial da penúltima vez que eu, Borbs e Guto estivemos no mesmo lugar, ao mesmo tempo. Num KARAOKE. =D

Coisa do Guto, não me julguem.

A última música que cantamos, os três, já com a face cheia de cerveja, foi My Way, do Sinatra.

And now the end is near
And so I face the final curtain
My friend, I’ll say it clear
I’ll state my case of which I’m certain
I’ve lived a life that’s full
I’ve travelled each and every highway
And more, much more than this
I did it my way

Longe de mim querer fechar esse texto com aquele clichê de “foi bom enquanto durou”. Mas fazer o quê? Foi bom enquanto durou.

Nem tudo foi fácil, nem tudo deu certo. Mas nós fizemos do nosso jeito.

Espero que tenham gostado. <3