As coisas não estão fáceis no mundo lá fora e nós sabemos disso. Por isso, resolvemos fazer essa lista de filmes (e duas séries) pra te ajudar a relaxar a cabeça por, pelo menos, algumas horas. Não só faz bem como é muito necessário.
“É preciso continuar. Não posso continuar. É preciso continuar. Vou continuar.” Além de uma instalação de Regina Parra no Largo da Batata é, também, depois de meses de angústia, ansiedade e medo, uma maneira de levantar a cabeça depois que uma parte importante da nossa história foi definida. Uma parte do Brasil que votou quer um candidato fascista e anti-democratico no poder; outra parte quer que um partido que decepcionou muita gente retorne ao poder — democraticamente, da mesma maneira que chegou anteriormente.
As próximas semanas serão de angústia, ansiedade e medo renovados, ainda que também seja necessária a renovação da força pra que não só o país possa permanecer uma democracia onde até mesmo aquelas pessoas possam se manifestar, como a vida de muita gente possa ser no mínimo respeitada.
Mas ninguém é de ferro. Todo mundo pode, e deve, descansar a cabeça pelo menos um pouco e, justamente por isso, resolvemos publicar aqui uma lista dos chamados FEEL GOOD MOVIES — aquelas produções que você assiste e, como diz o “título” se sente bem. Sem (muito) conflito, com uma mensagem de calma, de que no fim as coisas ficam bem, de um jeito ou de outro.
Assim você renova suas forças e alivia a cabeça um pouco antes, durante ou depois de continuar. Porque nós vamos continuar. :)
Um dos primeiros musicais que assisti e me apaixonei. Além de ilustrar de maneira divertidíssima a transição entre o cinema mudo e falado, o filme tem uma energia ÚNICA e muito gostosa. Há algo na atuação de Debbie Reynolds, nos passos de Gene Kelly e nas piadas de Donald O’Connor que HIPNOTIZAM a gente e dão vontade de sair sapateando junto. Minha parte favorita sempre vai ser a da canção Moses Supposes. Donald O’Connor aparece pra quebrar as regras daquele momento de aula e aos poucos toooda a formalidade vai dando lugar à maluquice genial da amizade dos personagens. E os passos de dança e sapateado são de BABAR. Não existe um musical mais primoroso, divertido, inteligente e inovador como esse. E não adianta procurar, porque eu já tentei ter essa mesma sensação de deslumbramento com outros musicais, mas nunca aconteceu. O filme é pura vida pulsante.
Sempre que aparece no twitter alguém perguntando o que assistir no Netflix, Chef é o primeiro filme da minha lista. Primeiro porque ele é todo baseado em comida, e isso é bom por si só; mas ele também mostra uma viagem através dos EUA entre um pai e um filho que, além de se (re)conectarem, ajuda o pai — vivido por Jon Favreau, que também é o diretor — a se encontrar como pessoa física e, olha só, Chef. UMA DELÍCIA (e esse trocadilho foi de propósito sim) de filme. :)
Ow, tá bom, eu sei, este aqui pode parecer ÓBVIO. Mas além do filme ser uma delícia, uma trama simples sobre personagens que só querem curtir algumas horas ao lado dos amigos, ainda tem aquela coisa das lembranças que ele carrega, das experiência que vêm impregnadas em cada sequência. Pra mim, por exemplo, ver este filme me faz ser transportado imediatamente pra sala da casa dos meus pais, logo depois do almoço, tomando iogurte deitado no chão, enquanto o calor do verão entra pela janela. Mais feel good do que a sempre eterna Sessão da Tarde, simplesmente impossível.
O famoso Hunt for the Wilderpeople, de Taika Waititi. Praticamente todos os filmes dirigidos por ele são FEEL GOOD MOVIES (sim, Thor: Ragnarok se encaixa!), mas a história desse, que mostra um garoto problema (EU USEI ESSA EXPRESSÃO!) e seu enésimo pai adotivo precisando fugir pelas matas da Nova Zelândia ao mesmo tempo que passam a precisar um do outro e superar suas diferenças, é o que mais vai te fazer lembrar do bem que faz assistir, no final — além de colocar Ricky Baker na galeria dos personagens mais maravilhosos do cinema. :)
O primeiro. O grande filme da Marvel pra mim até hoje, simplesmente imbatível. Eu vejo sempre e sempre que tá passando, não importa em qual parte esteja. Principalmente por causa das músicas. Tem gosto de chiclete. Da minha adolescência, quando eu gravava fitas cassete sem parar.
Hilda é um desenho que eu adoraria ter assistido quando criança. Conta a história de uma menina e sua mãe que moram juntas numa floresta cheia de criaturas mágicas e cheias de complexidades. Trolls de pedra, seres feitos de árvores, gnomos, elfos, aves fantásticas… E Hilda é uma garotinha MUITO destemida. Além disso, ela acaba indo pra cidade de Trolberg, onde faz novos amigos, encara novos desafios e usa de todo o seu espírito aventureiro pra superar problemas. E não pense você que é água-com-açúcar: tem raiva, medo, as crianças sentem o impacto do mundo real mas usam de sua coragem pra serem mais espertas do que os inimigos. E a trilha sonora parece muito com a do joguinho Monument Valley. A coisa mais lindinha. <3
Sou completamente suspeita para falar sobre o Martin Scorsese – pra mim, o melhor diretor vivo -, mas A Invenção de Hugo Cabret é uma obra prima deliciosa, além de uma aula sobre cinema. Baseado no best-seller de Brian Selznick, A Invenção de Hugo Cabret funciona com o público apaixonado por cinema, que vai acompanhar todas as referências às obras e pessoas, mas também funciona muito bem com pessoas que só querem ver um filme muito bem feito. Sempre que vejo esse filme, meu coração aquece e choro no tributo à Georges Méliès. <3
É provavelmente o filme que eu mais assisti. A história que fala sobre uma adolescente que engravidou sem querer é MUITO graciosa; a madrasta dela, interpretada Allison Janney, é um exemplo ENORME de maternidade acolhedora e real; o andamento das coisas é interessante de se assistir. E sem falar na trilha sonora, né? Tem clássicos tipo Buddy Holly, The Velvet Underground e The Kinks e grandes ícones indie como Moldy Peaches, Belle & Sebastian e a linda-maravilhosa-tudo-na-minha-vida Kimya Dawson. Vale sempre.
Você, a essa altura, já deve ter visto aquele truque do cara que faz duas pessoas acreditarem que estão invisíveis, né? Parece um troll, mas tanto essa quanto 99% de todas as mágicas que esse cara faz nessa série (ah, era só filme? Pooooxa...) tem aquele aquecedor de coração embutido, seja nos truques, seja nas histórias que são contadas. Realmente te faz sentir bem. :)
Com um bom tanto de inspiração no pesadíssimo A Letra Escarlate, esse filme que é recheado de mentiras e suas consequências, além de bullying, bullying e mais bullying. Mas a maneira que Emma Stone interpreta a protagonista, se não servir de inspiração pra levantar a cabeça e seguir a vida nos momentos mais difíceis, com certeza colocam um sorriso enorme na sua cara por umas 2h ou até mais. :)
Desde criança, busco em animações algum consolo. Seja por estar doente ou triste com alguma coisa, a animação sempre foi meu refúgio quando preciso de algum conforto. Já – quase – adulta, assisti Ponyo – Uma Amizade que Veio do Mar e me apaixonei pelas cores brilhantes e as imagens simplesmente magníficas. O filme conta a história da forte amizade entre um menino de cinco anos e uma pequena princesa aquática que deseja ser humana. Ponyo tem uma trama extremamente simples, mas o filme está recheado de significados sobre consciência ecológica, família, pertencer e o mais puro amor. Hayao Miyazaki deu ao mundo muitas histórias inesquecíveis, mas é para Ponyo que sempre retorno em busca de refúgio.
Um explorador inglês, há muito tempo, conheceu uma família de ursos numa expedição no Peru e acabou ensinando tudo o que eles sabem — como FALAR e os mais diversos modos ingleses, postos em prática quando, depois de uma treta maluca na floresta, o pequeno Paddington é colocado num navio e parte em busca daquele homem tão bondoso. Ele acaba adotado por uma família — que o encontra na estação de Paddington, daí o nome — e, enquanto procura pelo paradeiro daquele BENFEITOR, se mete nas mais ALTAS CONFUSÕES. Mas não são confusões confusas. São confusões que enchem o coração de amor, açúcar e tudo o que há de bom. Paddington nunca se abala, tem uma firmeza e uma doçura que seria bom demais encontrar em mais gente. E embora eu esteja falando do primeiro filme, isso vale pro segundo também. É, como definiu um amigo inglês, mais do que acostumado a esse ícone da sua cultura, “o antídoto perfeito para o que estamos vivendo hoje”.
Eu tenho uma paixão por este filme que, sério, mal consigo entender. Talvez seja um dos mais subestimados filmes inspirados em super-heróis de quadrinhos EVER. Merece ser visto, revisto, relido. De preferência, com um baldão de pipoca do lado. O fato de que a aventura de um cara comum que coloca um foguete nas costas e sai voando por aí pra combater o mal o coloca pra dar uns socos em nazistas só ajuda.
É assim: EU AMO MUSICAIS. Ponto. Sempre gostei, principalmente pela coisa de um monte de pessoas que não se conhecem saírem cantando juntas pelo meio da rua e tudo bem. E a coisa que mais gosto numa boa banda de rock é a teatralidade, é o exagero, são as roupas coloridas, os fogos de artifício, as luzes, as explosões. Juntar um filme musical com canções de rock farofa só poderia ser sinônimo de sucesso pra mim. E tem o Tom Cruise contando de maneira surpreendentemente brilhante as músicas do Bon Jovi. Não tem como dar errado.
A minha animação Disney favorita. O visual é incrível (a animação do protagonista surfando pelas árvores é de tirar o fôlego e cair o queixo), as músicas são maravilhosas (tanto em inglês quanto em português, é preciso admitir) e os personagens simplesmente transbordam carisma (dá vontade de abraçar todos eles). É a prova viva que dá pra “recontar” uma história clássica sem necessariamente recorrer ao expediente “é hora de fazer tudo ficar mais dark e sombrio”.
Eu sei que ele fez Predador, O Exterminador do Futuro, um monte de clássicos do cinema de ação. Mas sempre digo que meu filme favorito do Governator é este, para surpresa geral do interlocutor. Uma história sobre sonhos se tornando realidade, sobre o poder da imaginação de um garoto apaixonado por cinema que vai parar dentro do seu filme favorito. Não tem como não lembrar do meu próprio EU, muitos anos atrás, indo ao cinema com um olhar cada vez mais apaixonado. E não tem como não pensar nos meus próprios filhos.