Ih, rapaz. Final da saga Divergente pode ser lançado direto na TV | JUDAO.com.br

O que daria origem a uma série e mudanças de elenco…

A Lionsgate está nos estágios iniciais de transformar o último filme da Série Divergente, Ascendente, que tem a data de estreia prevista pro ano que vem, em um filme pra televisão. Isso mesmo, um TELEFILME. A adaptação seria o gancho para transformar a franquia numa série de TV que se passaria no mesmo universo. A informação é do Variety.

Isso parece fazer bastante sentindo num mundo no qual cada vez mais as janelas estão caindo, com Netflix lançando Beasts of No Nation em salas de cinema e no streaming ao mesmo tempo, ou até mesmo com iniciativas assim começando no mercado nacional, que é sempre mais ATRASILDO – Um Dia Perfeito, por exemplo, tá estreando hoje (21) nas salas brasileiras e no video on demmand, tudo ao mesmo tempo. Porém, não dá pra dizer, nesse caso de Divergente, que a estratégia seja inovar, usar o cinema pra ganhar prêmios ou pra turbinar vendas de VOD ou assinaturas, como nos outros casos.

Esse caso aqui é pra não deixar a casa cair e aproveitar os limões pra fazer uma limonada. É, antes de mais nada, um sinal de um fracasso homérico não só da franquia, como do que CONVENCIONOU-SE a chamar de gênero, o tal do Young Adult, que começou ÓTIMO há uns quase 10 anos mas que acabou se perdendo... porque os adults foram deixando de ser tão young, talvez? :P

Quando você olha a bilheteria de Divergente, por exemplo, o primeiro filme da tal saga lançado em 2014 arrecadou US$ 150 milhões nos EUA, US$ 288 milhões contando o mundo inteiro. Pra um filme que custou US$ 85 milhões e era o marco de uma nova franquia, não foi ruim. Mas não exatamente foi BOM.

A Série Divergente: Convergente representou uma queda de 40% de bilheterias, em relação ao penúltimo filme da franquia, que nem chegou a ter um resultado tão bom assim

A Série Divergente: Insurgente, lançado no ano seguinte, fez um pouco mais de verdinhas em todo o GLOBO, com US$ 297 milhões de bilheteria – pra um orçamento um pouco maior, US$ 110 milhões. Porém, a queda veio com FORÇA com A Série Divergente: Convergente, faturando em todo o mundo cerca de US$ 179 milhões, uma queda de 40%. Nos EUA, que é, querendo ou não, o mercado que mais importa, a bilheteria ficou em apenas US$ 66 milhões. Ao mesmo tempo, a avaliação dos críticos também foi por água abaixo.

Pra piorar, Robert Schwentke, diretor dos dois últimos filmes da franquia, abandonou o barco porque “queria passar mais tempo com a família”. Juro.

ConvergentePensando na estratégia da Lionsgate como estúdio de TV, transferir Divergente para a tela pequena até que faz sentido. Seria uma marca de nome e uma boa base de fãs em uma mídia que movimenta muito dinheiro sem precisar que milhares de pessoas tirem a bunda do sofá para ir ao cinema – além de ampliar algo que se encerraria em duas horas para uma produção que poderia (teoricamente) durar anos num dos braços do grupo. Atualmente, eles produzem sete séries, incluindo Orange is the New Black, e tem outras quatro sendo preparadas para estrear — reza a lenda que uma baseada em Jogos Vorazes, aliás.

Porém, há dúvidas de que a TV seja a solução perfeita pra treta toda. Pra começar, o orçamento de uma produção é muito menor, sem toda aquela megalomania da tela grande (ou seja, beeeeem longe dos US$ 110 milhões gastos no segundo filme.) Além disso, se o foco for TV LINEAR, a tradicional, vai ser bem complicado fechar a conta. Um canal de TV aberto dos States tem bastante público, mas seria uma transmissão paga basicamente pelo dinheiro dos anunciantes – e eles teriam que desembolsar uma bela quantia pra essa estratégia fazer sentido.

O streaming é uma alternativa. Netflix (que anunciou que cresceu menos do que o esperado na última semana e as ações da empresa despencaram), Amazon e Hulu adorariam ter esse tipo de conteúdo, colocando num enorme pacote com fita vermelha o filme AND a nova série – desde que por um preço justo.

Porque é, tudo sempre volta pro dinheiro. Isso pode ter um impacto direto no elenco, também: o THR informa que não se sabe ainda se os protagonistas Shailene Woodley, Miles Teler e Ansel Elgort topariam voltar aos seus personagens nesse novo formato, e a chance deles saírem é bem grande — assim como a de outros integrantes do elenco, que nem foram consultados sobre a possível mudança de planos. O que se diz é que a Lionsgate tem acordos com todos os atores para um quarto filme, porém existe a obrigação contratual de ser uma produção para os cinemas... O que poderia ser contornado simplesmente lançando Ascendente em poucas salas, como foi feito com Beasts of No Nation.

Shailene Woodley“Honestamente, eu tava num avião quando tudo aconteceu e quando eu pousei, tipo, ‘Eita, que tá acontecendo?!'” disse Shailene Woodley em coletiva de imprensa de Snowden, durante a Comic-Con 2016. “Eu preciso conversar e entender quais são os detalhes, ainda”.

Me cheira mais ao fato de que, agora, vão precisar diminuir expectativas salariais, principalmente se houver contratos atrelados à performance de bilheteria. E nenhum ator ou agente vai querer fazer uma negociação ruim nessa hora, abrindo um precedente perigoso pro futuro, em novas renegociações com estúdios.

Nesse rolo todo, dá pra apostar em uma coisa: seja na tela pequena ou na tela grande, a indefinição pode acabar inviabilizando TOTALMENTE a estreia de Ascendente. O filme continua com estreia prevista pra daqui menos de um ano, 9 de Junho de 2017, mas... Who knows?