E a Square Enix continua inovadora e genial! ;)
Dá para especular as razões pelas quais RPGs japoneses não fazem mais tanto sucesso quanto no passado: a resistência ao tal “mundo aberto” (que a Bethesda, de Fallout e Skyrim, adooooora); a ênfase na história, e não necessariamente em jogabilidade mais dinâmica; o fato de que normalmente as decisões do jogador são limitadas...
Nas discrepâncias entre RPGs japoneses clássicos – J-RPGs, de agora em diante – e os jogos do tipo de maior sucesso dos últimos anos, como The Witcher, The Elder Scrolls e até Assassin’s Creed, veremos que os jogos ocidentais tendem a usar menos cores, menos fantasia, menos... Aquela vontade de fazer você chorar, sabe?
Os J-RPGs são, atualmente, mais raros e restritos a algumas poucas companhias, como a Atlus (série Shin Megami Tensei/Persona, principalmente); Bandai, com a série Tales of (Zestiria, de 2015, é o mais recente); Tri-Ace (Star Ocean), Level 5 (Ni no Kuni); e a Square Enix, a maior de todas. Não dá pra negar: Final Fantasy é o primeiro nome que todo mundo pensa quando se fala em J-RPG. É tipo Street Fighter: tem outros bons jogos do estilo, mas o carro-chefe do seu gênero é esse e não tem discussão. E a Square Enix tem um ano bem cheio pela frente: Kingdom Hearts 3, Kingdom Hearts 2.8 e Final Fantasy XV, no mínimo, já estavam previstos pra sair em 2016. Todos sem data de lançamento – até a noite desta quarta, 30 de março, quando a Square realizou um evento em Los Angeles e quebrou todos os paradigmas sobre como fazer um marketing para o seu futuro jogo.
Foram 15 novidades (Final Fantasy XV, afinal, né?) anunciadas sobre o jogo. Algumas amostras de gameplay aqui e ali, uma Summon nova foi revelada, o mundo do jogo foi mostrado em maiores detalhes, novos ambientes, edição de colecionador, data de lançamento (30 de Setembro, aliás), enfim. Tudo muito legal, evento enorme, milhares de pessoas assistindo por plataformas como YouTube e Twitch. E aí anunciou, de quebra, cinco coisas que eu quero destacar aqui: a música-tema + um filme + um anime + um jogo cross platform + uma demo.
Vamos começar pelo final e falar da demo, de nome Platinum Demo (ah, vá), que, inclusive, já está na PSN e na Xbox Live. Pra início de papo, o nome engana um pouco. Não é EXATAMENTE uma demo. É um jogo sozinho, que tem uma história que se basta, com começo, meio e fim. Conta mais sobre o passado de Noctis, o protagonista de FFXV, ao lado de Carbuncle, um monstrinho já bastante conhecido pelos fãs na franquia.
Nesta versão Platinum, você vai testar, de fato, o estilo de luta do jogo e algumas mecânicas novas... Mas o foco não é esse, é claro. O legal mesmo é você acompanhar a infância do Noctis, conhecer o personagem antes de chegar no jogo principal — estabelecer vínculo com os personagens é uma coisa que Final Fantasy faz muito bem, e aqui não é diferente. Pô, desenvolveram um jogo só pra você conhecer o cara!
Depois, colocaram na rua um anime, Brotherhood Final Fantasy XV. Cinco episódios de aproximadamente 10 minutos cada, produzidos pelo Estúdio A-1 Pictures, que não só já adaptou com sucesso bons J-RPGs, como Persona 4 e Sword Art Online, como é responsável pela produção de grandes desenhos animados japoneses tipo Fairy Tail. Os caras são bons e o anime tá MARAVILHOSO. O traço é lindo, o timing é legal e continua te apresentando para os quatro protagonistas: Noctis, Prompto, Gladiolus e Ignis. O primeiro episódio já está no Crunchyroll, que vai disponibilizar todos os outros episódios, mês a mês, com legendas em português, inclusive.
Não bastando o anime, a Square ainda resolveu produzir um filme, de nome Kingsglaive, a ser lançado em Blu-ray e formato digital. Esse aqui conta a história do reino onde se passa o jogo principal, Lucia, e foca em três personagens: King Regis – que é o pai do Noctis -, Luna e Nyx. Os dubladores destes personagens serão, respectivamente, Sean Bean, Lena Headey e Aaron Paul.
Por fim, bem, todo Final Fantasy tem algum tipo de mini-game: corrida de Chocobos, jogos de cartas, algo assim. SEMPRE TEM. Esse Final Fantasy não foge à regra. O mini-game da vez é uma máquina de pinball que provavelmente será encontrada em vários pontos do jogo. Seu personagem de videogame vai jogar videogame. INCEPTION.
Não que isso seja a coisa mais original do mundo, é claro. Mas aqui vai: JusticeMonstersFive, o tal joguinho, será lançado para PC, iOS e Android em algum momento desse ano.
Essa campanha se diferencia do que aconteceu com o sétimo Final Fantasy, por exemplo, porque ainda que VII tenha uma pluralidade de conteúdos que se passam no mesmo universo, com transmídia para um filme inclusive, isso tudo aconteceu anos depois do sucesso colossal do jogo. Aqui, não: é uma campanha de investimento, mesmo. E isso é uma sacada arriscadíssima e incrível ao mesmo tempo.
A intenção da Square é bem clara: querem que você os acompanhe pela jornada até o lançamento do jogo, já interagindo e discutindo sobre aquele mundo e aqueles personagens. Querem que fiquemos com eles. E isso é perfeitamente explicável pela música tema do jogo: uma bela versão de Stand By Me na voz de Florence and the Machine.