Um futuro que às vezes é em 1999 ou em 2001… :)
Tem basicamente dois jeitos de se “prever o futuro” na cultura pop. A “Previsão Jetsons” é a mais otimista, acreditando que a vida nos próximos séculos vai ser facilitada por máquinas e tecnologias extraordinárias. Agora, coitados dos nossos filhinhos se pudermos confiar nas previsões mais estilo O Exterminador do Futuro, que apostam em um futuro sombrio sem paz e sem sorvete de creme com passas.
Esses dois padrões também são seguidos nas músicas que tentam imaginar o que nos aguarda no futuro. Mas acho que o mais comum, talvez por ser mais poético, é imaginar um amanhã meio apocalíptico ou opressor. Como nas letras do David Bowie em Diamond Dogs.
O Bowie queria fazer um musical baseado em 1984, mas como a viúva do George Orwell barrou o projeto, as músicas inspiradas no livro acabaram sendo usadas em Diamond Dogs. A faixa com influência mais clara da obra de Orwell é 1984 (jura?), mas é em Future Legend que, através de uma narração soturna, temos uma descrição pouco simpática do que Bowie define como o “ano dos cães-diamante”. E na morte / Enquanto os últimos poucos cadáveres apodrecem na estrada lodosa / As venezianas levemente levantadas no Edifício da Moderação / No alto da Colina do Caçador / E olhos mutantes vermelhos vigiam a Cidade da Fome / Já não há grandes rodas / Pulgas do tamanho de ratos chupam ratos do tamanho de gatos / E dez mil humanoides se dividem em pequenas tribos / Cobiçando os mais altos arranha-céus estéreis
Credo.
[one-half][/one-half][one-half last=”true”]The Future, do Leonard Cohen (e que faz parte da trilha de Assassinos por Natureza), diz coisas ainda menos bonitinhas sobre o que nos espera. Assassinato, fantasmas, fogo na estreada...
Eu vi o futuro, irmão: é assassinato. (...)
O velho código do oeste será quebrado
Sua vida privada de repente vai explodir
Haverá fantasmas
Haverá fogo na estrada[/one-half]
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Mas se você me permite fazer um salto de Leonard Cohen pra Flight of the Conchords, The Humans Are the Dead apresenta um futuro que também soa desanimador, e não tem quase nada a ver com o presente (fora o fato de que lá eles também chamam a época em que estão de “presente”, apesar de ser o futuro. Coincidência, né?). E assim, olha só: você morreu. Todo mundo morreu, não tem mais gente na Terra, foi tudo dominado pelos robôs. Maldito Wall-E.[/one-half] [one-half][/one-half][one-half last=”true”]
O Prince também achava que o futuro ia ser uma merda (futuro que, na música escrita por ele no início dos anos 80, era em 1999). Mas e daí se a gente vai dar de cara com um céu roxo e “pessoas correndo por todos os lados tentando fugir da destruição”? Vamos festejar como se fosse 1999![/one-half] [one-half][/one-half][one-half last=”true”]
E não dá pra deixar de mencionar 2112, do Rush, um épico de mais de 20 minutos divido em sete partes que narra uma história de dominação e batalhas planetárias.[/one-half] [one-half][/one-half][one-half last=”true”]
Mas vamo falar de coisa boa, gente? Vamo falar da iogurt... Droga, essa piada envelheceu muito rápido. Mas não importa, o negócio é que também tem músicas menos sombrias sobre os próximos tempos. Tipo essa do B-52’s, sobre uma época em que se faz “amor espacial em gravidade zero”. <3[/one-half] [one-half][/one-half][one-half last=”true”]
O David Byrne, em sua In the Future, fez um monte – tipo, um monte mesmo – de previsões aleatórias. Por exemplo, segundo ele, no futuro todo mundo vai ser muito magro por não ter o suficiente para comer; no futuro vai ser quase impossível diferenciar as meninas dos meninos, mesmo na cama; no futuro os homens vão ser “super-masculinos” e as mulheres vão ser “ultra-femininas”; no futuro metade de nós vão ser “doentes mentais”; no futuro não haverá nenhuma religião ou espiritualismo de espécie alguma; no futuro as “artes psíquicas” serão colocadas em uso prático; no futuro nós não vamos achar que a “natureza” é linda; no futuro o clima vai ser sempre o mesmo; no futuro ninguém vai brigar com ninguém; no futuro haverá uma guerra atômica; no futuro a água vai ser cara; no futuro todos os itens materiais serão gratuitos; no futuro a casa de todo mundo vai ser como uma pequena fortaleza; no futuro a casa de todo mundo vai ser um completo centro de entretenimento.[/one-half] [one-half][/one-half][one-half last=”true”]
Na mega-psicodélica What in the World, a banda Dukes of Stratosphear fala de um futuro não tão distante da gente. Segundo eles, em 2033 vai ter cannabis nos chás (digdigdigdigdig PLANET HEMPA!) e em 2034 são as mulheres que vão lutar na guerra.
Ah, e a música é foda. Se você não conhece, taí a oportunidade. :)[/one-half] [one-half][/one-half][one-half last=”true”]
Também já tentamos fazer nossas previsões aqui no Brasil. Com um título que tem todo o jeito de ser referência ao clássico do Kubrick, Dois Mil e Um, dos Mutantes, descreve uma realidade cheia de elementos sci-fi. Talvez a letra em si também seja um amontoado de referências ao 2001 do cinema.
Astronauta libertado
Minha vida me ultrapassa
Em qualquer rota que eu faça
Dei um grito no escuro
Sou parceiro do futuro
Na reluzente galáxia
Eu quase posso apalpar
A minha vida que grita
Emprenha e se reproduz
Na velocidade da luz
A cor do céu me compõe
O mar azul me dissolve
A equação me propõe
Computador me resolve[/one-half]
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Pra fechar, uma música que na verdade não é sobre o futuro – é sobre a frustração de não termos quase nada daquilo que o cinema, a TV e a própria música nos disseram que o futuro traria. Ei, Daniel Amos, se era frustrante não poder dirigir um carro sem rodas nos anos 80, imagina como a gente se sente em 2014...[/one-half]