E aqui estamos nós, de volta a este espaço em que fazemos um apanhado de opiniões sobre um grande lançamento da semana para que você possa, então, formar a sua própria opinião. O assunto desta vez é o filme Garota Exemplar (Gone Girl), nova produção do cultuado diretor David Fincher, de Clube da Luta.

Baseada no livro de mistério escrito em 2012 por Gillian Flynn, a trama ganha forma no quinto aniversário de casamento de Nick Dunne (Ben Affleck), que reporta o desaparecimento de sua bela esposa, Amy (Rosamund Pike). Sob a pressão da polícia e de um frenesi crescente causado pela mídia, o retrato que se tinha da abençoada união de Nick e Amy começa a desmoronar. Logo suas mentiras e comportamento estranho fazem com que as pessoas se perguntem recorrentemente: será que ele teria sido capaz de matar a própria mulher?

No elenco, estão ainda Neil Patrick Harris, Tyler Perry e o atual melhor amigo de Affleck, Scoot McNairy (aquele que estará em Batman v Superman em um papel que, especula-se, seria o do Flash).

Vamos, então, à nossa grande pergunta...o que o pessoal tá achando de Garota Exemplar? Um filme excepcional? Uma produção que não faz jus ao restante da filmografia de Fincher? Uma tempestade de merda? Enjoy the ride!

Todo mundo que amou ‘Garota Exemplar’, o livro, vai sair da sala de cinema com um sorriso doentio no rosto. Pode parar de ficar nervoso agora.

Ótimo suspense. Contudo, a primeira parte da trama é arrastada, entedia um pouco. O filme, de 2 horas e meia de duração, demora a engatar.

Cirurgicamente preciso, tristemente divertido e totalmente hipnotizante ao longo de seus rápidos 149 minutos, este thriller psicológico tenso e ao mesmo tempo expansivo representa uma combinação excepcional de bom diretor e material original.

Cumprir expectativas não é algo fácil. Seja com relação a algo que se espera muito, como um livro, um filme etc, ou com relação a um tipo de conduta, uma forma de viver a vida. Garota Exemplar não só atinge a expectativa de que esperava por mais um grande trabalho de David Fincher, como ainda traça uma discussão muito interessante sobre a vida adulta.

Não apenas brutal mas também brutalmente divertido, Garota Exemplar mistura uma narrativa de suspense de primeira linha com uma esperteza que te ataca tão rápido e eficientemente que você ainda está vendo a lâmina passar antes de perceber que já está sangrando.

David Fincher é um dos meus diretores do coração. Nem quando erra (Alien 3), ele consegue fazer um filme ruim. E Fincher não erra nem um pouco nesta adaptação do livro de Gillian Flynn: extremamente fiel, o longa equilibra suspense, humor negro e temas como confiança e declínio da imprensa com atuações primorosas de Ben Affleck e Rosamund Pike.

Um melodrama feito de maneira afiada, com um elenco perfeitamente selecionado e uma capacidade infalível de te envolver. Mas, assim como aconteceu com a adaptação do diretor para outro fenômeno editorial, Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, há três anos, ele te deixa com a ligeira sensação de ‘era só isso?’.

Mais um tiro certeiro de David Fincher, o filme ainda comprova a velha máxima da montagem ao demonstrar que, em filmes estruturados com cuidado, o espectador só compreenderá completamente o significado do primeiro plano de um longa ao assistir ao último. E, neste caso, a jornada é tão recompensadora quanto a constatação de que, no fundo, não sabíamos mesmo de nada.

Uma tempestade de merda gloriosa à espera de acontecer. É claro, o romance de Gillian Flynn com o mesmo nome foi polarizando leitores desde que foi publicado no verão de 2012, mas a adaptação de David Fincher cutuca nervos expostos que a maioria dos filmes não pode nem mesmo sentir, em seu sentido lúdico do espetáculo público tornando-o uma lúgubre, hilária e brutalmente honesta obra-prima do lixo.

Em seu momento mais forte, o filme se comporta como um divertido filme de terror sobre um casamento moderno, que se desintegrou. No entanto, como às vezes acontece na obra de Mr. Fincher, o horror desce como sombras de inverno, escurecendo o tom do filme e seu visual até que seja extinta toda a luz, o ar e a nuance.

O jogo de aparências perde um pouco o vigor se o espectador já souber da principal reviravolta do livro, mas isso não tira do filme a força do seu comentário sobre os relacionamentos. É o filme mais cínico de Fincher desde Clube da Luta e, assim como o longa de 1999, é do cinismo que vem o seu potencial cômico.

Fincher dirige com uma elegância brilhante – a frieza do seu toque como diretor presta-se bem a esta história de pessoas de quem não dá para gostar. Mas o resultado final é um filme que esta mais perto de sua elegante, mas vazia, visão para Os Homens Que Não Amavam as Mulheres do que de seu trabalho mais virtuoso em Clube da Luta.

No filme, as idas e vindas não são tão bem resolvidas [quanto no livro], mas Fincher é um diretor técnico o suficiente para criar a tensão na construção das cenas e personagens.

Os fãs do livro provavelmente ficarão perfeitamente bem com o jeito que ele foi adaptado. Mas para aqueles que esperam maestria cinematográfica em tudo que David Fincher faz, este filme não parece ser nada de especial em comparação com os seus altos, como Zodíaco, A Rede Social, Clube da Luta e outros.

É difícil sair ileso após as mais de duas horas de Garota Exemplar. Apática e cruel, a adaptação de Fincher é um retrato ousado e ligeiramente exagerado de um país pós-crise que se esforça para manter a perfeição que sempre lhe foi característica. O clima suburbano levemente noir só torna tudo ainda mais irresistível.