Época de grande sucesso, filmes e várias mudanças
A virada de um século para o outro foi bem tranqüila para o Homem-Aranha. Nada de grandes sagas e muitas mudanças, mas também não houve nenhuma nova história digna de nota. Como a Marvel havia se livrado da quase-falência que se meteu na década de 90, as coisas voltaram ao seu rumo normal. Ou quase.
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A saída que a Casa das Idéias havia encontrado para não falir no final da década de 1990 foi justamente vender os direitos de seus personagens para outras grandes empresas de comunicação, dando a elas o direito de adaptar as franquias para o cinema. O Homem-Aranha foi parar justamente na Sony, que já preparava o filme do personagem por esta época.
Nos gibis, o primeiro acontecimento de impacto com o Aranha foi a revelação para a Tia May de que Peter Parker era o herói mascarado. May havia voltado ainda nos anos 90, quando foi revelado que a sua morte na verdade foi um plano orquestrado pelo Duende Verde. Mas agora a situação mudava de verdade, já que finalmente ela descobria que seu sobrinho era o herói que era tanto criticado pelo Clarim Diário.
Tirando tal revelação, o que realmente marcou o início de século foi a chamada “Black Issue” de The Amazing Spider-Man. Na edição 36 (vol. 2) de Dezembro de 2001, o Homem-Aranha e outros heróis são confrontados com um acontecimento que marcou dramaticamente os Estados Unidos: os ataques terroristas de 11 de Setembro. Como na vida real, o ataque não pôde ser evitado, restando ao Aranha apenas ajudar os sobreviventes. Nesta edição também há um forte tributo aos bombeiros e policiais de Nova York, os verdadeiros heróis da vida real.
Em 2002, com a estréia do filme Homem-Aranha nos cinemas, a popularidade do Escalador de Paredes cresceu assustadoramente. O filme é até hoje um dos maiores sucessos da Sony e os gibis do personagem começaram a vender ainda mais, como tudo relacionado ao Aranha.
Em 2003 todas as revistas do Homem-Aranha voltaram para a numeração original quando The Amazing Spider-Man chegou à edição de número 500 (somando os dois volumes), um número histórico para o personagem. É nesta época também que Peter Parker começa a dar aulas no antigo colégio que frequentou na juventude.
Quase ao mesmo tempo, um novo conceito foi introduzido na lenda do Homem-Aranha. Agora os poderes de Peter Parker não eram apenas um acaso do destino, mas existiam por causa de uma ligação com um totêmico espírito de Aranha. Junto a esta revelação, surge em Nova York o vilão Morlun, que se alimenta justamente do sangue das pessoas ligadas aos animais totêmicos. Para escapar de Morlun, Parker injetou em seu próprio sangue um material radioativo, o que o tornou impuro para o vilão vampiresco.
Quem também mudou foi Venom. Ao descobrir que sofria de câncer, Eddie Brock percebeu que era hora de se livrar do simbionte e pagar os pecados que cometeu. O jornalista então vende o alienígena para Don Fortunato, que repassa o ex-uniforme negro para seu filho, Ângelo. É claro que o novo corpo era muito fraco para o simbionte e Ângelo morre na luta contra o Homem-Aranha. Ainda mais arrependido, Brock tentou se matar, mas acaba salvo. O simbionte então se uniu a Mac Gargan, conhecido como o vilão Escorpião, surgindo o novo Venom.
Tudo isso, claro, para tentar revitalizar o personagem, caidinho desde o sucesso na década anterior.
A série de mudanças na Marvel continuou em 2004. Os Vingadores, o maior supergrupo não-mutante da Casa das Idéias, encontraram seu fim justamente nesse ano. Em Avengers Disassembled (chamada no Brasil simplesmente de A Queda), os Vingadores foram atacados pela Feiticeira Escarlate, que era uma das integrantes do grupo. O Homem-Aranha, que era membro reserva, acabou também entrando no meio da briga e descobrindo um novo poder: o de lançar teias pelas mãos de forma natural, sem precisar dos disparadores — tal qual era nos filmes do Sam Raimi, sucesso na época.
Os Vingadores se separaram após o fim de A Queda, mas o Universo Marvel não ficou sem o grupo por muito tempo. Em New Avengers #1 (Novembro de 2004), vários criminosos fugiram de uma prisão de segurança máxima para super-vilões, obrigando o Capitão América a se reunir com uma equipe formada Mulher-Aranha, Homem-Aranha, Demolidor, Luke Cage, Homem de Ferro e Sentinela. Apenas o Demolidor não aceitou o convite do Capitão para fazer parte dos Novos Vingadores, sendo substituído por Wolverine e Ronin.
Para completar, um ex-colega de escola de Peter Parker, chamado Charlie Weiderman, ganhou superpoderes e destruiu tanto o apartamento de Peter e MJ quanto a casa da Tia May. Sem casa para ficar, os três foram morar na Torre Stark, também lar dos Novos Vingadores
E para deixar um pouco de frustração na mente de Peter Parker, a Feiticeira Escarlate alterou a realidade durante o crossover Dinastia M, criando um mundo comandado por Magneto e no qual os heróis conseguiam aquilo que mais desejavam. Neste novo mundo dominado por mutantes, Peter Parker é casado com Gwen Stacy, é pai e muito popular como o herói mutante Homem-Aranha (farsa que, eventualmente, trouxe problemas ao herói). Ele e Mary Jane, que agora é uma famosa supermodelo, nunca chegaram a se casar. Apesar de quase perfeito, tal mundo não era real e os heróis Marvel se uniram para destruí-lo.
Se estas últimas mudanças foram passageiras, o que viria a seguir seria ~definitivo~ (até o estalar de dedos de Mefisto). Começava uma nova saga envolvendo o herói aracnídeo, chamada O Outro. Nessa história, Morlun reaparecia para mais uma vez acabar com o Homem-Aranha, e é justamente isso que ele consegue.
É, Morlun MATA o Homem-Aranha.
Claro que o vilão não consegue o seu objetivo final, que era absorver a essência de Peter Parker, que acaba revivendo. Uma das características de alguns tipos de aranha é justamente reviver após uma “primeira morte”, mas para conseguir isso o Homem-Aranha foi obrigado a confrontar o seu lado aracnídeo e aceitá-lo junto com novos poderes. Revivido, agora Peter Parker pode sentir quando há alguém em sua teia, ver perfeitamente em ambientes escuros e tem uma espécie de “estaca retrátil” em cada braço, que não pode ser controlada.
Graças a seu crescente relacionamento com Tony Stark e o fato de todos os uniformes do Homem-Aranha terem sido destruídos durante a suposta morte do herói, Stark criou um novo e moderno uniforme para o Escalador de Paredes, incluindo novas cores, material à prova de balas e novos braços mecânicos, bem ao estilo das aranhas. Em troca, Stark pediu que o Homem-Aranha ajudasse em uma nova empreitada do playboy: a aprovação da lei de registro dos super-heróis.
As coisas ficam ruins no Universo Marvel quando acontece a chamada “tragédia de Stamford”. Durante uma ação dos Novos Guerreiros nesta cidade, o vilão Nitro é detonado, matando praticamente todo o grupo e cerca de 600 pessoas, incluindo crianças que saíam da escola.
A partir daí boa parte do povo dos EUA começa a apoiar a tal lei de registro, que vira tema nacional. A lei é aprovada, colocando na ilegalidade quem não revelar a própria identidade. Para convencer os outros heróis a se registrarem, Tony Stark convence Peter Parker a ir além, revelando a identidade secreta na TV, ao vivo, na frente de toda a população dos EUA.
O Capitão América e outros super-heróis foram contra, criando o grupo chamado Vingadores Secretose indo para ilegalidade. Apesar de toda a briga, Tony Stark levou a melhor e o ato de registro acabou valendo. Pior para o Homem-Aranha, que percebeu o seu grande erro e voltou atrás, se aliando aos Vingadores Secretos, e não se registrou. Ou seja: agora a identidade do herói era pública, mas não estava registrada, o que fazia do Cabeça-de-Teia um fugitivo de identidade conhecida.
Obviamente, Peter Parker, Mary Jane e May passam a ser alvos não só da S.H.I.E.L.D., mas também de praticamente todos os vilões de Nova York. Os três então se tornam fugitivos, mas isto não é suficiente para livrar a Tia May de um tiro, encomendado pelo Rei do Crime, o que a deixa mais uma vez entre a vida e morte. Com raiva de todo o mundo, o Homem-Aranha volta mais uma vez a usar o uniforme negro, simbolizando uma fase mais soturna do personagem. É a saga Back in Black.
A partir daí, Parker começa uma corrida para encontrar uma forma de salvar a tia. Até Tony Stark é ameaçado pelo herói. No entanto, na saga Um Dia a Mais, o Escalador de Paredes fica frente a frente com um dos piores demônios da Marvel: Mefisto. O vilão faz, então, a proposta: ele irá salvar a Tia May, mas em troca vai querer algo muito importante para Pete e MJ, que é o amor entre eles. Em uma saga meia-boca e resultado controverso, a Marvel acaba com o casamento entre os dois de forma até bem emotiva, citando mais uma vez o discurso de Mary Jane ao conhecer Peter Parker: “veja bem Tigrão, você tirou a sorte grande”. Sim, MJ, ele tirou a sorte grande por ter vivido tantos anos com você... Pena que não se lembrará disso. Nunca mais.
Assim, finalmente a Marvel acabava com o casamento do Homem-Aranha, após ter tentado a mesma coisa nos anos 90 com a Saga do Clone. Outras tentativas aconteceram antes, como quando sumiram com a personagem em um acidente aéreo, mas a Casa das Ideias sempre cedia à pressão dos leitores e a disputa interna para retornar com a personagem. Para que isso não acontecesse novamente, a editora estruturou toda uma nova fase para o Cabeça-de-Teia, mas isso é assunto para o próximo artigo... :D
Artigo originalmente publicado em 14 de Maio de 2007.
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