Gibis que, de alguma forma, inspiraram o que você viu no cinema – ou que se relacionam com o que foi contado no filme. Um guia pra você que não sabe por onde começar a ler as HQs do grupo :)
Liga da Justiça chegou aos cinemas, talvez você tenha ouvido falar sobre isso e, se bobear, até foi lá assistir àquela bagunça de tanta coisa acontecendo, da volta do Superman do mundo dos mortos até as apresentações em ritmo aceleradíssimo do Aquaman, do Ciborgue e do Flash. É tanta coisa costurada que deixa a gente até meio tonto.
Mas agora que os créditos subiram e você viu até mesmo as duas cenas durante e depois (pois é, quem diria?), quer saber que histórias inspiraram aquilo tudo, que foram apenas brevemente mencionadas? Ou então, quem sabe, que PODERIAM ter servido de fonte de inspiração, mas acabaram sendo solenemente ignoradas por algum motivo que pode ser desde a visão de alguém na hora de filmar à de outro na hora de cortar?
Tá aqui aquele momento que você tava esperando. Vem com a gente! ;D
A reinterpretação da integração da Liga da Justiça pros Novos 52, em 2011, cortesia de Geoff Johns e Jim Lee, é, se você parar pra prestar atenção, é de longe a maior inspiração para a trama do filme. Mas, embora o Steppenwolf apareça em algum momento, o grande vilão aqui é Darkseid, que começa a enviar seus Parademônios, com toda aquela história de Caixas Maternas e tudo mais, como batedores para a invasão da Terra.
Em um mundo no qual os super-heróis são um fenômeno recente e ainda digno de desconfiança, a galera da Liga mal se conhece. Assim que um monstrengo aparece em Gotham City, o Batman cruza o caminho do Lanterna Verde pela primeira vez — eles tretam, claro, mas logo resolvem descobrir qual é a destes aliens consultando um OUTRO extraterrestre que anda por aí, um tal Superman. A troca de sopapos, em especial entre ele e o Morcegão, é inevitável.
Surgem então o Flash (que aqui também funciona como alívio cômico), o Aquaman, a Mulher-Maravilha (atuando como embaixadora de Themyscira) e o Ciborgue que, depois de MUITOS anos com a origem praticamente intocada – o que é, no caso dos gibis de super-heróis, praticamente um milagre – tem uma revisão de seus primeiros dias que está bem próxima do que se viu nas telonas.
Uma estrela do futebol americano universitário, Victor Stone não tem a melhor relação do mundo com seu pai. Em uma visita aos Laboratórios S.T.A.R., depois de uma discussão entre eles, uma das Caixas Materna explode e destrói a maior parte do corpo do jovem. Silas Stone então faz uso de uma série de tecnologias arquivadas e, em alguns casos, não testadas, para salvar a vida de Victor o mais rápido possível. A energia da Caixa Materna acaba incorporada à sua nova forma, transformando-o na chave pra deter a invasão de Darkseid.
Aqui no Brasil, esta fase foi publicada pela Panini no gibi da Liga da Justiça em 2012. Importante lembrar ainda que este plot inteiro foi transformado em filme, e com a participação do Shazam, no longa animado Liga da Justiça: Guerra.
Minissérie em seis edições publicada em 2009, com roteiro de Geoff Johns (um nome que cê vai ver se repetir algumas vezes por aqui, aliás) e arte de Ethan Van Sciver. Tamos falando do “renascimento” de Barry Allen depois de sua essência ter desaparecido durante décadas ao final da clássica Crise nas Infinitas Terras e retornado em Crise Final. Trata-se de uma versão do passado do personagem que era inédita até aqui e que inspirou não apenas o Velocista Escarlate dos cinemas mas também diretamente a sua versão da série de TV.
Esqueçam aqui o Savitar, a Força de Aceleração querendo levar Barry de volta, tudo isso. Quer dizer, a história toda é legal, até, Johns sabe bem como estruturar a mitologia do personagem, mas o que importa DE VERDADE é que aqui é que surgiu a coisa toda da mãe do herói sendo morta quando ele ainda era criança e seu pai, Henry Allen, acusado do crime injustamente. Trabalhando como investigador da polícia científica, Barry passou a vida tentando provar que o pai não foi o responsável pela morte de Nora Allen, mesmo depois que Henry morre na prisão. E então ele descobre, assim como quem já viu a primeira temporada da série bem suspeitava, que isso foi culpa de Eobard Thawne, o Flash Reverso.
Batizado por aqui de Flash: Renascimento, este arco de histórias foi publicado entre as edições 90 e 95 da revista da Liga da Justiça, publicada pela Panini em 2010.
Mais uma série de HQs escrita pelo Johns? Ah, sim! Mas colocamos seu retorno dentro dos Novos 52, com arte do brasileiro Ivan Reis, aqui nesta lista por um motivo bem simples: estamos falando do primeiro passo de uma iniciativa consistente da DC Comics, nos últimos anos, para reforçar o herói e tirá-lo daquela zona de eterna zoação que o Cartoon Network ajudou a estabelecer desde o começo da década de 90.
Na real, o tema é tratado diretamente dentro da própria história, desde o começo. Arthur Curry tem que lidar com os conceitos que o público tem estabelecidos sobre ele, com as piadinhas a respeito de seus únicos poderes serem falar com os peixes (e a frase “você não conversa com os peixes?”, dita pelo Batman no filme da Liga, vem diretamente daqui) e com uma constante ridicularização. Mas o cara não deixa barato e mostra que sua força, por exemplo, chega a ser equiparável à do Superman e da Mulher-Maravilha (não por acaso, antes do Azulão aparecer, é ele que ajuda Diana na troca de porradas diretamente com o Steppenwolf).
Além disso, também é aqui que descobrimos que a origem do Aquaman que tinha sido recontada por Peter David entre 1993/1994 foi abandonada, voltando à história da Era de Prata. Nada de ser originalmente batizado de Orin e também um sujeito chamado Atlan, um feiticeiro milenar, como papai dele por aqui: Arthur é mesmo meio-humano, meio-atlante, filho da Rainha Atlanna e do terrestre Tom Curry, que trabalhava como vigia de um farol. Mas nesta nova série, ele abdica de seu trono para se dedicar 100% ao trabalho como super-herói, para proteger os oceanos do lado de cá.
Chamado de Aquaman: As Profundezas, este arco saiu por aqui em 2015, pela Panini, em formato encadernado, reunindo as seis primeiras edições.
Para te ajudar a contextualizar este Aquaman mais, digamos, Conan dos Sete Mares, cabeludo, tatuado, jeito de bad boy, vale lembrar que o loirinho também já teve esta fase nos gibis. Voltemos um pouco no tempo.
Tudo começou em 1990, quando Peter David escreveu The Atlantis Chronicles, a antiga história dos atlantes até o nascimento de Arthur. Ou melhor, Orin, o nome original do Aquaman, que nesta fase era o filho bastardo da monarca dos atlantes com um feiticeiro, largado para ser criado por um humano. Assim que Peter assumiu os roteiros do gibi, não só o Aquaman descobre toda a verdade sobre sua história mas também sobre as origens de seu povo.
Mais solitário, raivoso, bem menos sorridente e bom moço, ele passa a usar um uniforme diferente, meio gladiador, que lembra bastante a roupa original que vimos Jason Momoa usando naquele primeiro pôster divulgado por Zack Snyder.
E sim, está de barba e cabelão, sempre com uma expressão de putaço da vida, além de ter perdido a mão esquerda, devorada por um cardume de piranhas, em uma luta contra o vilão Charybdis. Primeiro ele amarrou um arpão ali, mas acabou ganhando um armamento feito pelos Laboratórios S.T.A.R., um arpão mecânico com uma corda retrátil.
Este visual foi considerado tão icônico pelos fãs quanto a roupinha laranja e verde de outrora – tanto é que na série animada da Liga da Justiça, ele também chegou a mudar a roupa, crescendo a barba e o cabelo e até mesmo perdendo a mão (que, na verdade, ele mesmo cortou, para poder se libertar de uma armadilha e então salvar o filho), devidamente substituída pelo arpão.
A história em que o Aquaman perde a mão saiu por aqui em Superboy 22 (1996), da Editora Abril — enquanto a primeira história com o novo uniforme aparece em Superboy 3 (1997), também da Abril, que teve a numeração zerada depois da saga Zero Hora.
Lá em cima, a gente te contou que a origem do Ciborgue foi ligeiramente reformulada nos Novos 52, né? Pois bem. Digamos que este roteiro todo é muito mais lapidado na recente versão “Renascimento” do herói, que agora tem direito a título solo e tudo, com roteiro de John Semper Jr., o cara que aproveitou muito bem a renovada popularidade que a sua presença no filme da Liga da Justiça lhe daria.
Temos um Ciborgue com um papel bem maior no Universo DC, ganhando importância fundamental por ser integrante da Liga da Justiça. Este recomeço, no entanto, se foca bastante numa espécie de conto moderno do Frankenstein, na relação de Victor com o pai, que o manteve todo este tempo sob a segurança dos Laboratórios S.T.A.R., com medo do que pudesse acontecer lá fora. Agora é hora de cortar o cordão umbilical e tentar entender como lidar com suas novas habilidades enquanto um novo adversário, batizado MUITO CRIATIVAMENTE de Malware, pinta pra assombrar a cidade.
Lançado lá fora no ano passado, o primeiro volume deste Renascimento chegou às bancas brasileiras este mês.
Olha só, vamos ser sinceros aqui: queira você chamá-lo de Steppenwolf, quer prefira Lobo da Estepe, o fato é que este vilão é uma BOSTA no filme. Ponto. Nos gibis, vamos lá, ele nunca teve lá uma trajetória assim tão brilhante também. Tamos falando de um coadjuvante merdento, tio do Darkseid e integrante de sua tropa de guerreiros de elite.
Tanto é que, depois de Flashpoint/Ponto de Ignição, a passagem mais memorável do sujeito foi na Terra-2, lar da Sociedade da Justiça da América, quando ele lidera uma invasão dos parademônios ao planeta, matando o Superman, o Batman e a Mulher-Maravilha daquela realidade no processo.
Assim sendo, vale indicar a leitura desta edição dos Novos Deuses de 1972, apenas porque sempre vale a pena reler a obra de Jack Kirby, claro (além de servir como excelente introdução pra que se entenda quem são os tais “novos deuses” aos quais o vilão se refere no filme, que chegam pra substituir os antigos deuses como aqueles da mitologia grega que geraram as amazonas, por exemplo).
É ness gibi que acontece a primeira aparição do Steppenwolf – justamente em um flashback fundamental, aquele que explica como começou a sangrenta guerra entre Apokolips e Nova Gênese (quando Steppenwolf matou a esposa de Izaya, o Pai Celestial).
Logo depois, descobrimos também como se deu a paz entre os dois mundos – com Orion, filho de Darkseid, sendo criado em Nova Gênese por Izaya; e Scott Free, aka Senhor Milagre, sendo criado em Apokolips, mas não por Darkseid, e sim no orfanato da torturadora chamada Vovó Bondade.
Esta história pode ser lida na edição 2 do encadernado Novos Deuses, publicado no Brasil pela Opera Graphica.
Parte desta história cê já sabe: o Superman lutou com o Apocalypse (digamos que uma versão um pouco melhor acabada do que aquele boneco de massa que apareceu no final de Batman vs Superman), morreu, o mundo todo se comoveu, aquela coisa. Só que aí descobriam que o corpo de Kal-El SUMIU. Eita.
E aí surgiram, digamos, quatro substitutos ao cargo, ainda que em alguns casos eles não quissessem ser chamados assim. Um jovem clone do kryptoniano (que depois se tornou o Superboy), um homem de armadura que se dizia profundamente influenciado por seu legado (conhecido mais tarde apenas como Aço), um camarada de visor futurista que se revelou mais tarde ser uma antiga arma de Krypton chamada Erradicador... e, claro, o Superciborgue, que era, no fim das contas, um antigo astronauta chamado Hank Henshaw cuja consciência foi parar na matriz/nave que trouxe o Superman pra Terra e que acabou criando um corpo similar ao seu pra tentar assumir seu lugar.
“Será que algum deles é mesmo o Superman de volta à vida de alguma forma?”, pensou o mundo. Não era. Mas nesta edição aqui, contudo, a gente descobre que o Erradicador roubou o cadáver do Azulão e o colocou em uma matriz de regeneração na Fortaleza da Solidão, “roubando” suas energias para se tornar mais forte. O ponto é que a tal matriz acaba escapando, na forma de um gigantesco robô que, quando se abre, revela o Clark Kent velho de guerra com um uniforme preto e mullets.
Gigantescos e vistosos mullets.
A explicação? Entrando em um estado de hibernação, seu corpo continuou absorvendo a luz do sol amarelo da terra – e o sistema que o Erradicador criou deu um “restart” no organismo do kryptoniano. Ele só tinha “permanecido” morto porque acabou aceitando a própria mortalidade, enxergando a si mesmo como humano. Mas um encontro com o papai Jonathan Kent, em uma experiência de “quase morto”, fez com que sua alma entendesse que ele era diferente e que seria preciso muito mais do que aquela luta para acabar com ele.
Rocambolesco? Sem dúvida. Mas talvez melhor do que “joga ele na água, mete uma Caixa Materna junto e reinicia o sistema”. ;)
Dá pra você ler esta história no número 2 da série O Retorno do Super-Homem, da Editora Abril, publicada em 1994.
Talvez o melhor retrato da parceria entre os dois personagens mas, principalmente, de tudo que existe de diferente e de semelhante entre eles, a série de 1990, escrita por Dave Gibbons (desenhista de Watchmen) e com o maravilhoso traço de Steve Rude, limpo, dinâmico e totalmente inspirado na antiga animação dos irmãos Fleischer.
Ótima oportunidade pra sacar como funciona a dinâmica entre os dois (não apenas em suas identidades heroicas, mas também como Clark Kent e Bruce Wayne) e como isso pode, enfim, ser explorado no Universo DC dos cinemas, agora com um pouquinho menos de sombras e um tantinho e mais de luz...
A trama é bem simples: Lex Luthor e Coringa tão cansados de sucessivas derrotas nas mãos de seus algozes. Aí, eles decidem trocar de alvos. O Palhaço do Crime vai botar o terror em Metrópolis, enquanto Luthor usará toda a sua inteligência para espalhar a desordem nas ruas de Gotham City. Claro que o Homem de Aço e o Homem-Morcego vão precisar encontrar um meio termo se quiserem dar jeito na bagunça. E eles encontram. E é, de fato, muito legal. <3
Destaque ainda pro jeito que eles se cumprimentam, sempre dizendo “Boa noite, Batman” e “Bom dia, Superman”, não importando qual seja a hora em que se encontram.
Acaba de ser relançada no Brasil pela Panini Comics, em edição encadernada lindona de capa dura e tudo mais, com o título em português Os Melhores do Mundo.
As corridas entre o Superman e o Flash pra saber quem é o fantasiado mais rápido do Universo DC são um verdadeiro clássico da editora. Elas começaram em 1967, na revista Superman #199, com uma corrida pela caridade que acaba envolvendo um bando de mafiosos querendo apostar no vencedor e dá empate.
Depois, no mesmo ano, em Flash #175, eles terão que se dobrar aos desejos de dois apostadores alienígenas, correndo até o fim da Via Láctea e voltando – e a cidade natal do perdedor será destruída. Bom, dá pra imaginar que eles encontram uma saída pra isso e temos um novo empate.
Vamos então nos focar naquela que foi, de fato, a corrida mais icônica entre os dois, ainda que seja a mais bagunçada. Tamos falando de uma raça de robôs chamados Anachronids, que existem perto da velocidade da luz. Eles tão causando uma bagunça na linha do tempo e pessoas são mandadas pra frente e pra trás, no passado e no futuro, randomicamente. Aí, Superman e Flash descobrem que se correrem na velocidade da luz, em paralelo, eles podem ajudar a anular todo este caos. Eles chegam a uma dimensão alternativa na qual o sol fica alternando entre vermelho e amarelo, o que fode com os poderes do Supinho.
No fim, eles mal conseguem correr, mas acabam SE ARRASTANDO pelo deserto até chegarem a um controle universal que “desliga” os Anachronids. “Você é o homem mais rápido... deste mundo”, admite Kal-El.
O que isso significa, ainda não sei. Mas, de qualquer maneira, ficou 1 x 0 pro time de Central City. =D
A história em duas partes saiu no Brasil em 1973, nas edições 25 e 26 da revista Superman Em Cores, da Ebal.
A Liga que Lex Luthor propõe ao Exterminador na cena extra poderia tranquilamente ser a Legião do Mal (Legion of Doom) que vimos tantas e tantas vezes no desenho dos Superamigos. Porém... cê sabia que já existiu, nos gibis, a chamada Liga da Injustiça?
No ano 2000, a DC resolveu celebrar o próprio passado e lançou uma série de one-shots, todos batizados de Silver Age + alguma coisa, todos deliberadamente escritos e desenhados para soarem como algo publicado durante a chamada Era de Prata.
Interligando estas histórias, estava o surgimento de uma versão “antiga” da Liga da Injustiça, em teoria “precedendo” aquela que apareceu em 1989, na mais pura zoeira da Liga da Justiça Internacional, com um monte de vilões B.
No fim, a ideia foi tão legal que o especial sofreu um retcon e acabou entrando cronologicamente pra história da DC, de maneira oficial, como se esta liga de vilões tivesse inspirado a outra.
Confuso? Sim. Mas pra quem lê gibis da Marvel e da DC, é como se fosse uma quinta-feira qualquer.
Esta Liga da Injustiça aí foi mencionada mais tarde pelo Batman como a razão para que ele tivesse criado o famigerado plano de contingência contra cada um de seus companheiros de time, aquele que resultou em Torre de Babel.
Tudo começou quando o conquistador interplanetário Agamemno resolveu voltar seu olhar pra Terra, em busca de um novo território pra fincar sua bandeira. Com a ajuda do ditador espacial Kanjar Ro, inimigo de Adam Strange, ele recruta Lex Luthor – que logo traz pro seu lado Arraia Negra, Doutor Luz, Mulher-Gato, Pinguim, Sinestro, Cronos, Felix Fausto e Senhor Elemento (a identidade alternativa do Doutor Alquimia, inimigo do Flash).
Eles chegam, trocam de mentes com seus arqui-inimigos, outros heróis da Era de Prata chegam pra lutar com os heróis que agora aparentemente estão malvados... aquela coisa. Uma confusão deliciosa, eu diria. <3
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