Afinal, a nova experiência de dona Angelina Jolie na direção merece a sua atenção ou vai ser melhor economizar o seu rico dinheirinho? Você lê, compara e decide, oras! :D
Angelina Jolie definitivamente não optou pelos caminhos mais fáceis na vida. Ela poderia ter sido apenas e tão somente a gostosona de lábios carnudos cobiçada pelos marmanjos em Tomb Raider e ter ficado confortável no papel de sex symbol de Hollywood. Mas não. Foi se meter com iniciativas humanitárias, adotou um batalhão de crianças, blindou seu casamento com outro superstar contra as publicações de fofocas – e resolveu que ia ser diretora. Basta continuar fazendo um blockbuster aqui e outro ali para garantir a grana necessária para bancar projetos dos seus sonhos sobre superação como este Invencível, a segunda iniciativa dela como cineasta.
Baseado no livro de Laura Hillenbrand (a mesma autora da obra que originou o filme Seabiscuit), o filme conta a história real do atleta olímpico e herói de guerra Louis Zamperini (na trama, interpretado por Jack O’Connell). Ao lado de seus companheiros, ele sobreviveu por 47 dias (!) em uma jangada depois da queda de seu avião durante a Segunda Guerra Mundial, até ser capturado pela marinha japonesa e ser feito prisioneiro de guerra. Grande aposta da Universal para a próxima temporada de premiações, o filme pareceu ter sido ignorado pelo Globo de Ouro, pelo Oscar e afins. Mas é claro que a combinação de biografia + Angelina Jolie + roteiro dos irmãos Coen atrairia as atenções da crítica. Só que os críticos ficaram, pelo visto, divididos.
Há quem tenha achado tocante, emocionante, grandioso e envolvente. E há quem pense no filme como sendo brega, exagerado, cruel, tedioso. Levantamos as opiniões das principais publicações especializadas para que você também possa formar a sua:
Jolie tem um exército de artesãos a seu serviço, especialmente a câmera cheia de poesia de Roger Deakins (Onde Os Fracos Não Têm Vez). Mas é a sua visão que dá a Invencível um espírito elevado. Na missão de homenagear Louis, ela consegue êxito absoluto.
Mais uma vez, a diretora demonstra apuro, retratando com muita eficácia os desafios físicos e psicológicos de uma situação-limite.
Jolie fez um filme sólido e grandioso, à altura da história de Zamperini, mas é [Jack] O’Connell a parte de Invencível que valeu realmente a pena esperar.
Mais uma vez peca por excessos, criando um melodrama arrastado, repleto de clichês e com uma trilha sonora irritante e onipresente. Você não precisa colocar música no filme todo, viu Angie?
Em última análise, os pontos fortes de Invencível superam seus defeitos.
Se o filme é brilhante no enredo, não é tanto no conteúdo, no qual a Jolie se atém em excesso aos pequenos detalhes que demonstram a resistência e a coragem do protagonista, mas perde de vista o conjunto geral e a atitude que sem dúvida tiveram todos os presos americanos, e não apenas Zamperini.
Uma grande história real é diminuída a uma história meramente ‘boa’ em Invencível. Depois de uma meia-hora inicial explosiva, o segundo filme de Angelina Jolie como diretora perde lentamente sua força.
Falta sensibilidade, sobra uma sensação de reverência vazia. (...) A atriz escolheu o caminho mais difícil, mas ainda precisa encontrar o seu rumo como diretora.
Uma história tocante, admirável e ocasionalmente emocionante. O que fica faltando é a única coisa com a qual sempre se poderia contar tendo Jolie no papel de atriz: aquela fagulha de perigo.
Um melodrama com profundidade de conto de fadas infantil (...) A diretora acabou cedendo à mania de Hollywood de produzir heróis a qualquer custo.
Um pouco embalsamado em sua própria nobreza, é uma extraordinária história contada em termos corriqueiros – e o compromisso apaixonado de todos os envolvidos raramente consegue obter o impacto necessário.
Empurrado por um roteiro que parece perdido em suas pretensões e forçando a ideia do sofrimento como redenção, Angelina parece se esforçar para nos convencer de que aqui está um herói autêntico. Difícil é não se irritar antes de construir suas próprias conclusões.
O desempenho de Jack O’Connell e o trabalho fantástico feito por Jolie e sua equipe fazem desta uma história muito mais eficaz do que se poderia esperar.
Os roteiristas – entre eles os oscarizados irmãos Coen – e Jolie souberam destacar os episódios definidores da epopeia de Zamperini sem transformar a fita em dramalhão.
Apesar de positiva e bem-intencionada – além de ter sido concebida em uma escala épica – há algo vagamente indigesto e preocupado demais com a segurança em primeiro lugar nesta produção.
Extravagante e, esporadicamente, poderosa, a cinebiografia feita por Jolie pode ter gravidade suficiente para atrair as atenções da Academia, mas se esforça demais para trazer a verdade a uma verdade que já é inacreditável.
Com o que vemos na tela pendendo demais para a dor e muito pouco para a redenção, este é um filme que respeitamos mais do que amamos – e isso é algo que chamo de uma oportunidade desperdiçada.
Com performances incríveis de O’Connell, bem como de [Takamasa] Ishihara, há certamente o suficiente nele para justificar uma recomendação.
Como acontece com diversos atores que se tornaram diretores, ela [Jolie] é boa em extrair o melhor dos artistas, mesmo quando genialidade brota de suas bocas juntamente com o sangue.
Desde A Paixão de Cristo que uma câmera não se foca tanto tempo mostrando um homem resistindo a pancada atrás de pancada atrás de pancada.
Filme admirável, Invencível se empalidece se comparado com a história verdadeira.
O filme de Jolie tem brilho e simplicidade. Flertando com uma história não-linear desde o início, na esperança de encontrar um significado mais profundo para a história de Zamperini, a diretora eventualmente desmantela floreios, entregando a história da mesma forma que uma refeição mediana.
Um conto sobre a persistência, Invencível exige persistência para continuar sentado na cadeira.