Jogos Vorazes: os fins não deveriam justificar esses meios | JUDAO.com.br

Muita gente vai ganhar dinheiro com esse filme. Mas nós perdemos a chance de ver uma boa história ser bem contada.

O problema da primeira parte de Jogos Vorazes: A Esperança é ser uma Parte 1 de um filme. A segunda parte, “o Final”, sofre do exato mesmo MAL, sendo apenas e tão somente uma Parte 2 de um mesmo filme. Com um agravante: um ano atrás, dava pra sair empolgado e querendo que esses próximos doze meses passassem rápido pra que pudéssemos assistir à conclusão da história; agora o principal sentimento, que já surge antes mesmo de o filme acabar, é o de “porra, esperei um ano pra isso?”.

Não que o filme seja ruim. Não é. Mas isso acaba sendo irrelevante no fim das contas, já que é impossível tirar da cabeça a ideia de que tudo caberia em um filme só. Que fossem 4h, mas a experiência seria, bom, uma experiência de fato. As emoções estariam todas à FLOR DA PELE, haveria uma empatia maior com Katniss, o final teria alguma emoção.

Sabemos, claro, que é tudo culpa dessa coisa de tentar o máximo possível manter uma franquia EM VOGA, garantindo alguns bons dinheiros — os fandoms fazem com que isso aconteça. E eles têm as histórias frescas na cabeça, é muito mais fácil acompanhar dessa maneira. Se eu tivesse lido o livro há umas semanas, assistido ao filme ontem, talvez as coisas fossem diferentes.

Dá a impressão de que tudo já passou. A propaganda do Distrito 13, a lavagem cerebral do Peeta, o ódio de Katniss pelo Presidente Snow, o amor dos Rebeldes por ela... Nada disso influi na história. É um enorme fim, uma enorme conclusão, um cofrinho lotado... E nenhum filme. A campanha de marketing é muito mais interessante nesse sentido, aliás.

Repito aqui, copy/paste mesmo, o que eu disse no ano passado: “Jogos Vorazes é isso. Muito mais do que ‘shippar’ Hayffie ou Peeniss, muito além do sacrifício pela irmã, passando longe de fandom, a franquia tem uma política MUITO forte, com paralelos claríssimos sobre o que acontece no nosso universo.”

“Fico feliz que a molecada leia os livros e assista aos filmes (ainda que o primeiro seja extremamente fraco nesse sentido), e espero de verdade que eles consigam enxergar muito além do triângulo Katniss, Gale e Peeta. Que enxerguem o papel da mulher nessa história, da merda que é uma guerra, do absurdo que é pensar com o que a mídia te propõe, de nenhum indivíduo poder querer alguma coisa.”

Mas, numa coisa eu penso diferente: não estamos aqui falando sobre “os quatro filmes”, como um só. E talvez seja o caso de esperar alguns bons anos pra assistir tudo numa maratona, porque, hoje, o gosto que fica infelizmente é de decepção.