Joss Whedon vai escrever, produzir e dirigir um filme da Batgirl!

A notícia mais importante sobre “filme de super-heróis” desde que o Homem-Aranha foi anunciado no MCU.

A Batgirl é uma das personagens mais interessantes da DC há 50 anos, desde que apareceu pela primeira vez nos gibis. Uma mulher que resolve fazer a diferença, lutando por justiça num submundo dominado por homens – seja do lado dos bonzinhos ou dos malvados. Não à toa, ela, ao lado da Supergirl e da Mulher-Maravilha, faz parte da não-oficial “Trindade Feminina”.

A Buffy é uma das personagens mais interessantes da TV há 20 anos, desde que apareceu pela primeira vez na TV. Uma mulher que resolve fazer a diferença, com uma responsabilidade ancestral de se sacrificar para proteger a Terra com diversos perigos, mas que se rebela contra uma estrutura patriarcal composta apenas por homens (os Sentinelas) e se torna a maior entre todas as Caça-Vampiros. Não à toa, ela é um marco da presença feminina na televisão.

E aí, do mais profundo nada, surge a informação de que Joss Whedon, o criador da Buffy, vai produzir, escrever e dirigir o filme solo da Batgirl, que será parte do DCEU dos cinemas. Não poderia estar em melhores mãos — a personagem, o filme e o próprio DC Extended Universe.

Não que tivesse como, mas Joss Whedon nunca escondeu que Buffy fosse sobre empoderamento feminino, sobre subverter fórmulas e lugares comuns da ficção (como o da donzela em perigo) pra criar histórias mais interessantes e relevantes. E, aliás, é bom dizer que a Caçadora não é o único exemplo disso na sua carreira — em Os Vingadores, só como um exemplo, Whedon pegou a Viúva Negra, uma personagem bastante má aproveitada de Homem de Ferro 2, expandindo sua presença e força.

E ainda tem Agents of SHIELD, né.

Essa não é a primeira ligação entre Joss e os personagens da DC. Em 2001, o americano foi contratado para escrever o roteiro de Batman: Year One, filme baseado na HQ de mesmo nome e que seria dirigido por Darren Aronofsky – e o texto foi rejeitado. Eventualmente, o projeto foi todo cancelado e, anos depois, estreou Batman Begins.

Teaser-poster da versão Joss Whedon de Mulher-Maravilha, feito por Adam Hughes, liberado quando o anúncio da contratação do diretor foi feito, em 2005

Alguns anos depois, em 2005, nova chance. Whedon foi contratado para escrever e dirigir o primeiro filme live action da Mulher-Maravilha, com Joel Silver produzindo. A ideia era que tivéssemos a personagem lutando durante a Segunda Guerra Mundial, seguindo as HQs clássicas da personagem e a primeira temporada da série de TV dos anos 1970.

“Era meio como a Angelina Jolie”, disse, aos risos, Whedon em entrevista para a Rookie Magazine, anos depois. “Ela meio que viajava o mundo. Era muito poderosa e bem ingênua sobre as pessoas, e o fato dela ser uma deusa foi como eu eventualmente encontrei meu caminho para a sua humanidade e vulnerabilidade”.

Basicamente, o filme traria a jornada de Diana Prince em busca do que é humanidade, do que é entender as outras pessoas, de encontrar as fraquezas humanas – por meio, inclusive, do tradicional “parceiro amoroso” Steve Trevor. “Isso era meio que o conceito central da coisa. Ele a ensinando humanidade e e ela dizendo, ok, legal, mas eu posso fazer melhor”.

Tem mais: “a ideia geral é de uma mulher que é basicamente mais poderosa que qualquer outro homem – e que sempre será assim, vindo de uma sociedade de mulheres mais poderosas do que os homens – é um tema interessante e eu acredito que é bem contemporâneo”.

Algumas artes conceituais, na época, foram produzidas, mostrando como essa visão encaixaria no visual da heroína. Basicamente tínhamos algo bem respeitoso ao visual original, mas com mais tecido (incluindo uma versão com calças e outra que lembra bastante a personagem Echo, de Dollhouse).

Imagens conceituais do uniforme da Mulher-Maravilha no filme que nunca aconteceu

O projeto, como você talvez tenha percebido, nunca foi para frente. Zack Snyder chegou algum tempo depois, lançando O Homem de Aço, e aí começou o primeiro universo coeso da DC na tela grande – no qual efetivamente se encaixará o filme da Mulher-Maravilha, que estreia agora em 2017. Uma versão, que, pelo trailer, gerou alguns MIXED FEELINGS em Joss Whedon. “Eu quero que seja bom. O trailer foi maravilhoso. Eu provavelmente ficaria desapontado, mais do que qualquer um, porque eu ia ficar naquela de, ‘wow, minha versão...’ ou algo assim, mas eu ainda vou valorizar”, disse Joss há alguns meses para o Complex, após o primeiro trailer do filme ser divulgado.

Por tudo isso, e até pelo que ele fez com Os Vingadores, dá pra imaginar uma visão da Batgirl que consiga ser, ao mesmo tempo, honrosa ao material original e que, de alguma forma, inove na caracterização do personagem. Menos alguém na sombra do Morcego, mais alguém que enfrenta as próprias lutas, poderosa.

Não é só isso: Whedon, que teve uma boa carreira como script doctor em Hollywood antes até do sucesso de Buffy, sabe fazer diálogos inteligentes, dinâmicos e divertidos. Algo que claramente a Warner não conseguiu, ainda, colocar no DCEU.

Joss Whedon erra, claro – Vingadores: Era de Ultron está aí pra provar isso, ainda que muito possa ser discutido sobre os motivos que o fizeram “errar”. Mas se ele tiver liberdade o suficiente — e acreditamos que é só com essa liberdade que ele aceitaria esse trabalho –, algo muito interessante pode sair daí.

É, esquece Batman e Superman. Se a mudança de rumos do DCEU não tinha ficado clara ainda, talvez “Joss Whedon escrevendo, produzindo e dirigindo filme da Batgirl” resolve. Ou então o fato de terem chamado o cara que foi dispensado antes do universo do Zack Snyder.

Só vem. :)