Em artigo publicado no New York Times, a Rose de Star Wars comentou pela primeira vez os ataques racistas, machistas e xenófobos que recebeu e deixou seu recado
Em junho deste ano, Kelly Marie Tran, a Rose Tico de Star Wars: Os Últimos Jedi, precisou desativar sua conta no Instagram. Isso porque começou a enfrentar xingamentos AND ameaças de “fãs” da Saga que não gostaram nada de ver uma mulher asiática em um papel de destaque. Não é de hoje que esse pessoalzinho tem enchido o saco, mas MEUS AMIGOS, tá cada vez pior. A Anna Diop, que será a Starfire na série Titans, por exemplo, precisou também apagar alguns posts e desabilitar comentários pra tentar controlar o racismo desenfreado que sofre desde que foi anunciada no elenco. Ruby Rose, além de deixar o Insta, também precisou sair do Twitter desde que foi escolhida para ser a Batwoman do Arrowverse — isso porque tem gente questionando a decisão por ela não parecer “lésbica o suficiente” (???????) para o papel.
Todas essas atrizes resolveram se recolher por cansaço, porque vivem uma vida inteira precisando aguentar pessoas assim. Só que nessa semana, Kelly Marie resolveu dar uma bela de uma resposta a eles.
Ou melhor... Loan.
Em um artigo para o New York Times, ela jogou a real sobre como é precisar viver sendo uma mulher asiática em um mundo xenofóbico e misógino PRA CARALHO como o nosso. Disse que o que mais dói nessa história é o momento em que ela passou a acreditar nas palavras de ódio que recebeu. “Eles pareciam confirmar que eu pertenço aos espaços marginalizados, que sou válida apenas como uma personagem pequena nas suas vidas e histórias.”
Essa história a fez lembrar de várias situações de preconceito e constrangimento, como quando, aos 9 anos, parou de falar em língua vietnamita por ser alvo de piadas. Ou quando, aos 17, foi a um restaurante com a família branca de seu namorado, fez o seu pedido e ouviu a garçonete comentar: “Uau! Que legal da parte de vocês acolher uma estudante de intercâmbio (...) Pensei que tivesse superado isso”, conta.
Quero viver em um mundo em que jovens não-brancos não passem suas adolescências desejando serem diferentes. Quero uma sociedade em que mulheres não estejam sujeitas a escrutínio por sua aparência, ações ou pura existência. Quero que pessoas de todas as raças, religiões, classes, orientações sexuais, gêneros e habilidades sejam vistas como aquilo que sempre foram: seres humanos
Tudo isso machucou Kelly assim como ainda machuca milhares pessoas todo santo dia. Esses ideais são EXTREMAMENTE grudados nas nossas estruturas sociais e ela sabe bem. “A mesma sociedade que nos ensinou a ver algumas pessoas como heróis, salvadores, herdeiros da doutrina do manifesto ideal, me ensinou que eu apenas existia no pano de fundo de suas narrativas (...) Fazendo suas unhas, diagnosticando suas doenças, apoiando suas paixões e, de maneira mais nociva ainda, esperando pelo seu socorro”, explicou. Todas essas CERTEZAS que ela sempre ouviu a fizeram duvidar muito da própria capacidade e identidade. E ela se questionou: “e se eu fosse mais magra? E se tivesse um cabelo maior? E se eu não fosse asiática?”.
Mas logo a vergonha em ser autêntica deu lugar a outro tipo de vergonha, mas do mundo DE MERDA em que estamos e do qual ela tá de SACO CHEIO. “Muitos me disseram essas coisas: a mídia, Hollywood, empresas que lucram com as minhas inseguranças e me manipulam para comprar suas roupas, maquiagens e sapatos, para que eu possa preencher um vazio criado e perpetuado por eles mesmos. (...) Quero viver em um mundo em que jovens não-brancos não passem suas adolescências desejando serem diferentes. Quero uma sociedade em que mulheres não estejam sujeitas a escrutínio por sua aparência, ações ou pura existência. Quero que pessoas de todas as raças, religiões, classes, orientações sexuais, gêneros e habilidades sejam vistas como aquilo que sempre foram: seres humanos.”
Ela concluiu dizendo que vai sempre honrar as chances que tem de representar pessoas e abrir caminhos. “Eu sei o quão importante isso é. E não vou desistir. Você pode me conhecer como Kelly. Eu sou a primeira mulher não-branca a ter um papel principal em um filme Star Wars. Sou a primeira asiática a aparecer na capa da Vanity Fair. Meu nome real é Loan. E eu estou só começando.”
E, como não podia deixar de ser, Mark Hammil saiu apoiando a colega de Saga: “Já falei antes e digo de novo: como não amá-la? Amo você, Loan. Nós não te merecemos e você tá SIM só começando!”.
Essa mulher tá PEGANDO FOGO, senhoras e senhores! E isso deixa a gente feliz da vida. Ela tá a fim de educar pessoas e fazer parte de um futuro que quer muito participar. E a gente que muito que aconteça! Mal podemos esperar pra te ver cada vez mais, Kelly. Ou melhor: Loan. ;)