Deixe de lado tudo o que você tem na cabeça sobre o MCU ou os filmes do mutantes da Fox. Legion está em outro nível de TV.
A gente costuma, sempre que fala sobre adaptações de HQs pra qualquer tipo de tela, dizer pra esquecer os quadrinhos. São mídias diferentes, públicos diferentes, até mesmo objetivos diferentes. Continue com isso na cabeça mas, quando for assistir a Legion, esqueça também tudo o que você tem na cabeça sobre o chamado MCU e, óbvio, os filmes dos Mutantes da Fox.
Parceria entre a Marvel Television e a Fox, Legion existe num universo paralelo. Sim, os mutantes existem e são perseguidos como desde o início dos tempos nos quadrinhos, mas o que o piloto mostra é que o foco não está exatamente na formação de uma equipe e sim dentro da cabeça de David Haller, o Legião, e todo o seu poder — e o fato de não conseguir saber o que é real ou não.
Mesmo que a tal equipe acabe sendo formada — ou que pessoas parecidas acabem se juntando com um mesmo objetivo — o que o primeiro episódio de Legion fez foi mostrar que toda a loucura e a absoluta falta de noção do que é real ou não será carregada pelos próximos episódios.
Legion não é só uma série baseada em história em quadrinhos que acompanharemos e discutiremos como normalmente fazemos. Não bastassem os vários pontos de vista de dentro da cabeça de David Haller, Legion é também o resultado de uma nova maneira de se fazer séries, iniciada pela HBO e que o FX, que exibe a série lá fora, vem aperfeiçoando nos últimos anos com The Last Man on Earth, Fargo e Atlanta.
Yup, Legion parece que será a primeira série baseada em quadrinhos a ter algum destaque num Emmy da vida. Se não por toda a CINEMATOGRAFIA e o que ela representa (a cena do beijo é absurdamente linda e a representação dos poderes consegue mostrar não só a dimensão deles como as possibilidades que tem), se não por mostrar tão claramente que não é só porque algo é de “super-herói” que não pode ter qualquer tipo de profundidade, se não pelo fato de não existir nada, ABSOLUTAMENTE NADA de genérico em tudo do que se vê e ouve, será por conta de Aubrey Plaza.
São poucos os seus minutos de tela no primeiro episódio, mas ela domina absolutamente cada segundo em que aparece, mesmo sem precisar falar e só estando ali sem aparentemente nenhum motivo. APARENTEMENTE porque, além de nada de genérico, não há nada de graça nesse primeiro episódio.
Dan Stevens também consegue mostrar, ao mesmo tempo, confiança e fragilidade, carisma e timidez, que só reforça o poder (desculpe o trocadilho aqui) que Legion poderá usar daqui pra frente. O problema acaba ficando com Rachel Keller, que “interpreta” Syd Barrett. Ela parece completamente perdida no meio daquilo tudo.
Legion é confuso, é esquisito, é estranho. Tem até uma sequência de dança / musical que acontece do mais absoluto nada e, embora não pareça fazer sentido algum, funciona perfeitamente para a trama. Não faço a menor ideia de onde é que nós vamos nos próximos episódios, e não acho que me importe.
Quero só curtir o passeio. Ou viagem. :)