Liga da Justiça não pode perder o protagonismo | JUDAO.com.br

Ao lançar Justice League of America #1, a DC entrega mais do mesmo e perde a oportunidade de ter um carro-chefe pra liderar todas as mudanças que anda fazendo

A Liga da Justiça da América é a representação do que a DC tem de melhor. Quando foi criada, em março de 1960, trazia os super-heróis que mais se destacavam nos gibis da então National Periodical. E eles faziam aquilo que mais sabiam fazer: defender a Terra.

Se hoje estamos aqui falando de quadrinhos de super-heróis com tanta importância, agradeça para a criação de Gardner Fox. E se a Marvel existe, também devemos à LJA: foi por causa do supertime da Distinta Concorrência que o editor da Magazine Management encomendou ao editor-chefe da divisão de quadrinhos uma super-equipe pra chamar de sua. O nome dele era Martin Goodman, o do editor-chefe era Stan Lee. A equipe? O Quarteto Fantástico.

Passados 55 anos, a equipe continua sendo uma das grandes propriedades da DC, tanto é que a editora aproveitou a sua nova fase, chamada DCYou, pra lançar o quinto gibi mensal da franquia em Justice League of America #1, que chegou aos comic shops dos EUA agora em Junho.

Diferente de Justice League Dark, Justice League Unite e Justice League 3000, Justice League of America repete a mesma formação já vista no gibi Justice League, aquele mesmo que começou com o reboot do Universo DC, em 2011, tirando apenas algumas adições recentes ao time, como Shazam, Lex Luthor e Capitão Frio. E essa já é uma jogada perigosa e, ouso dizer, sem criatividade.

Justice League of America (2015-) 001-000Super-heróis podem ter mais de uma revista por mês, ou apareceram em múltiplos títulos e equipes, mas você dedicar dois gibis paralelos com o praticamente mesmo time é algo extremamente raro. Ainda mais no arranjo que está sendo feito entre esses dois, com dois enredos completamente diferentes acontecendo nas publicações.

Ok, isso tudo poderia ser interessante se a DC não estivesse vivendo outro momento. Como já foi dito, a Liga da Justiça sempre foi o carro-chefe da editora, a grande protagonista. E justamente nesse momento, quando estão dando uma repaginada em seus super-heróis, tentando ter mais uma identificação com os leitores, a editora é extremamente conservadora. Não só Justice League of America, mas também Justice League (que, neste momento, está passando pela saga Darkseid War, planejada pelo Geoff Johns há um bom tempo) tá ignorando totalmente estas mudanças.

Veja: Justice League of America, sendo um gibi novo e sem as amarras do planejamento anterior, poderia assumir a liderança em todas essas mudanças, mostrar como elas impactam no Universo DC como um todo e na equipe em si. Mais do que isso: poderia ser a oportunidade para introduzir membros novos, que também refletissem o DCYou.

Sabe o novo Batman? Ele não está em Justice League of America #1. Nem as mudanças no Superman. Ou na Mulher-Maravilha. Muito menos o Lanterna Verde renegado. Canário Negro, Bizarro, Caçador de Marte, Estelar, Robin ou qualquer outra das apostas do DCYou também poderiam dar as caras, mas foram ignorados. Pode ser até que uma dessas mudanças aconteça no futuro, mas o momento era agora.

É como se o gibi estivesse destacado do resto do que a editora faz. Não faz sentido.

Se a história (escrita por Bryan Hitch e com arte por Wade Von Grawbadger, Daniel Henriques e o próprio Hitch) fosse boa, talvez desse pra esquecer tudo isso. Mas não é. Hitch, que desenha HQs sensacionais como Os Supremos e The Authority, não só ainda é muito inexperiente para segurar nas costas uma Liga da Justiça, mas também aparenta um certo desconhecimento do que fazer com cada um dos personagens, apesar de já ter desenhado a LJA entre 2000 e 2001, antes da passagem pela Casa das Ideias.

No final, Justice League of America #1 é o retrato de uma oportunidade perdida, o que fere diferentemente o protagonismo que a Liga nunca deveria perder. Isso mostra que o pessoal lá da DC está precisando de um pouco mais de ousadia. E de alegria.