Lollapalooza: entre novidades e repetições, o que vale a pena | JUDAO.com.br

Quem está de volta e quem chega pela primeira vez no Lollapalooza Brasil, que teve a programação 2016 oficialmente divulgada esta semana

“Olha só: o cara que quer ver o Metallica ou o Iron Maiden ama repetição. Não faço show para o crítico, faço para as pessoas gostarem”. Quem disse isso foi Roberto Medina, o criador do Rock in Rio, durante a coletiva de imprensa de encerramento do evento deste ano, em uma resposta às atrações que o evento vem repetindo frequentemente (James Hetfield meio que já é dono de um apartamento na Barra).

Comercialmente, dá para entender. A gente até falou sobre isso no piloto do nosso PoOOoOooODCAST (já ouviu?). O Rock in Rio é evento blockbuster, grandalhão, aposta nos medalhões pra atrair o grande público e seus mirrados reais – para, só então, poder colocar no meio do line-up umas apostas como o Gojira e o Royal Blood, por exemplo. Que, se não funcionarem, tudo bem. Pelo menos tem o Metallica ali DE NOVO.

Mas e quando as mesmas críticas começam a aparecer endereçadas a um festival de música cujo objetivo sempre foi rigorosamente outro? Esta semana, saiu a escalação oficial do Lollapalooza Brasil 2016, que rola nos dias 12 e 13 de Março do ano que vem, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Desde que foi criado, em 1991, pelo insano vocalista do Jane’s Addiction, Perry Farrell, o Lolla tinha a intenção de ser menos pop e mais alternativo, mais “indie”, dando espaço privilegiado justamente para as tais das apostas, aquelas que para o Medina são apenas “efeito colateral”.

Alabama Shakes e Of Monsters and Men, por exemplo, já deram as caras por aqui no festival em 2013, mesmo ano em que Florence and The Machine foi destaque no Rock in Rio. Bad Religion já fez turnê por aqui no ano passado. O Tame Impala passou pelo Brasil consecutivamente em 2012 e 2013. E o Skrillex, que se apresentou no Lolla este ano, volta no final do ano para o EDC e pinta na programação em 2016 com o Jack Ü, seu projeto em parceria com o igualmente estrelado Diplo.

“Pô, tem que tomar cuidado ou esta programação vai acabar virando aquela mesma reunião de bandinhas indie de sempre”, afirmou para o JUDÃO um fã indignado. “E a ideia não era esta, né? Não é jogar só nos garantidos, é experimentar, é ousar com aquela banda que ainda está estourando, que pouca gente conhece”.

Entre as novidades da programação, no entanto, cabem algumas indicações bacanas para se ficar de olho – como o Mumford & Sons, quarteto inglês absolutamente inédito por estas bandas. Apesar de terem lançado este ano o seu terceiro disco, Wilder Mind, com uma mudança sonora que não está longe de ser unanimidade (ficando bem mais rock e deixando os elementos folk de lado, como o banjo), deve ser bastante interessante vê-los ao vivo.

Outra apresentação que deve ser inesquecível é a da verdadeira piração sul-africana conhecida como Die Antwoord, uma divertida e certeira mistura de rap com música eletrônica feita na medida para chocar. Igualmente alucinado deve ser o show dos caras do Eagles of Death Metal, que lançaram este ano o ótimo Zipper Down. Ao lado de Jesse Hughes, e devidamente pilhado por ele, a promessa é que vejamos um Josh Homme bem menos “maduro” e muito mais “porra louca” do que aquele que passou este ano pelo palco do RiR com o Queens of The Stone Age.

Do lado dos nacionais, tá legal, vai ter o Matanza (que eu adoro, embora ache bastante pesado para combinar com qualquer coisa que vai rolar por ali, mas tá beleza) e o trio baiano Maglore, responsável por um dos grandes lançamentos brasileiros do ano, III, com um flerte delicioso do rock com a MPB, só pra citar dois nomes. Mas confesso que estou BASTANTE curioso para sentir o clima do rap com a Karol Conká. Cheia de atitude e personalidade, ela está na mesma programação que dois nomes gringos do gênero, Eminem e Snoop Dogg, ambos conhecidos pelo jeitinho pouco sutil de tratar as mulheres em suas letras. Adoraria ver a moça dando uma cutucada das boas! :D

Marina and the Diamonds

Marina and the Diamonds

Ah, sim: e finalmente os fãs devotados vão poder ver a “aguardada” Marina and the Diamonds, que era pra ter tocado este ano e acabou desmarcando em cima da hora, fazendo a galera xingar muito no Twitter. Vamos ver se, com a Florence nas redondezas, ela consegue garantir o troféu de diva/musa indie do festival ou vai acabar esquecida.

Um último comentário, que é o meu lado de fã falando mais abertamente: no Lolla do Chile e da Argentina, foi confirmada também a apresentação da banda sueca Ghost, que não vai vir ao Brasil. Uma pena. Depois de uma escalação equivocada para o dia do Metallica no Rock in Rio 2013, resultado em vaias definitivamente não merecidas, eles fizeram elogiadas apresentações em casas fechadas por aqui. Queria mesmo ver se eles funcionariam num festival menor e, em teoria, mais aberto à sonoridades e performances diferentes.

De qualquer maneira, está oficialmente aberta a temporada de festivais. Que, até lá, o dólar te permita escolher aquele mais te agrada. :D