Longe de acabar, a história de Asia Argento e Jimmy Bennett só reforça a ideia de que não se deve culpar vítimas | JUDAO.com.br

O que sabemos até agora sobre a história entre Asia Argento e Jimmy Bennett são fatos nebulosos que parecem apontar para um caso grande e muito complicado. Mas algumas coisas não mudam — uma delas é o movimento #MeToo.

Ser incompreendida fez de mim uma guerreira”. Essa frase foi dita por Asia Argento em Abril, durante a conferência Women In The World. Lá, ela contou sobre como estava tentando superar a retaliação PESADA que sofre desde que resolveu denunciar publicamente os abusos de Harvey Weinstein e virar uma dos principais vozes do #MeToo.

Muito se questionou sobre sua conduta e até mesmo um texto BEM do safado intitulado “Primeiro elas cedem, depois reclamam e fingem se arrepender” foi publicado. Tudo isso seguindo aquele velho caminho da culpabilização da vítima, etc. Aí, essa semana, as coisas se complicaram BASTANTE.

No dia 19 de Agosto, o New York Times publicou uma matéria com acusações de assédio sexual CONTRA Asia feitas pelo ator Jimmy Bennett. Os dois se conheceram quando Bennett foi filho da atriz no filme Maldito Coração, em 2004. O caso, segundo o que foi narrado, rolou em 2013, num quarto de hotel, quando o ator tinha 17 anos recém-completados. Para provar tudo, ele teria algumas fotos do dia – incluindo uma dos dois aparentemente sem roupas.

Ele contou que as consequências psicológicas não o deixaram continuar trabalhando normalmente, o que impactou severamente sua situação financeira. Além disso, os pais de Jimmy também teriam sumido com uma parte da grana dele e o expulsado de casa, o que só fez tudo piorar. Pra tentar então segurar as pontas, ele resolveu fazer um acordão com Asia: ele nunca a processaria e ela daria um dinheiro pra ele. U$380.000, pra ser mais exata, ao longo de um ano e meio. O NYT teve acesso inclusive às mensagens da advogada da atriz, Ms. Goldberg, que detalham BEM esse contrato: “Bennett pode, teoricamente, contar para as pessoas sobre o que aconteceu, mas não pode processar você ou postar a foto de vocês dois.”, escreveu. E seguiu: “Ele também não pode te importunar por mais dinheiro, desde que você cumpra com suas obrigações legais.”

Bem, claro que a mídia EXPLODIU com essa história e a APONTAÇÃO DE DEDOS começou a rolar. E na terça-feira seguinte, 21, Asia enviou uma declaração ao jornalista Yashar Ali desmentindo a história toda. Disse que estava muito magoada com aquelas acusações e confirmou a existência do acordo, mas afirmou que ele só rolou porque Bennett teria pedido uma quantia de dinheiro exorbitante para ela e seu namorado da época, o chef Anthony Bourdain, que faleceu esse ano. Ela conta que Bourdain ficou receoso sobre mentiras que o ator poderia inventar sobre eles e topou ajuda-lo financeiramente. Argento concluiu dizendo que esse é mais um capítulo de uma longa perseguição que vive, e que tomará as medidas cabíveis para se proteger.

Mira Sorvino, outra mulher que também veio à público denunciar Weinstein, disse em seu Twitter que se sentia machucada com essa história toda. “O tempo vai esclarecer tudo, e talvez ela seja inocentada, mas se for verdade não há nada que possa fazer isso ser algo aceitável”, escreveu. Terminou reafirmando sua posição CONTRA a culpabilização das vítimas e disse que sempre trabalhará pra mudar a cultura de abuso em que vivemos.

Só que aí… o caldo entornou de vez.

Jimmy Bennett e Asia Argento em cena de Maldito Coração

O TMZ teve acesso às tais fotos dos dois juntos. Além disso, também publicaram mensagens de texto que Asia trocou com um amigo. Ali ela admite: rolou sexo sim. Ela afirma, porém, que o público sabe apenas sobre o ponto de vista de Jimmy. “Eu não sabia que ele era menor de idade até receber a sua carta de extorsão”, escreveu. E ainda detalhou: “O menino estava excitado e pulou em mim.” Seu amigo, então, questiona: “Mas e as foto de vocês na cama?”. E ela responde: “Dá pra ver meus peitos. Só. Não significa merda nenhuma.”

Existem também registros de um bilhete que Bennett enviou para ela. Nele está escrito: “Asia, amo você com todo o meu coração. Estou muito alegre em ter te encontrado de novo e muito feliz por você estar em minha vida. Jimmy.” Argento diz também que a situação foi altamente desconfortável: “não me senti estuprada, mas fiquei congelada. Ele ficou por cima. Depois, me disse que eu era sua fantasia sexual desde os seus 12 anos”. Ainda segundo seus relatos, ela recebeu nudes não-solicitadas dele por TODOS esses anos e que ele só parou na época em que começou a pedir dinheiro.

A dor de uma vítima jamais pode ser ignorada ou minimizada

Jimmy, no mesmo dia em que tudo isso foi exposto, voltou a falar ao New York Times. “Tentei procurar por justiça de uma maneira que fazia sentido pra mim na época, eu não estava pronto para lidar com as consequências de expor minha história publicamente”. Ele disse ainda ter ficado com medo de conversar sobre isso, mas que o trauma ressurgiu quando viu Asia se posicionar como vítima de Weinstein.

No final das contas, fica bastante complicado tomar um lado, se é que existe algum lado pra ser tomado. Apenas duas coisas nessa história são certas: a dor de uma vítima jamais pode ser ignorada ou minimizada. Portanto, NÃO VALE diminuir os depoimentos e traumas da Asia, nem tudo o que o movimento #MeToo construiu, ASSIM COMO não vale descartar tudo o que Jimmy conta, por qualquer motivo.

Uma coisa não elimina a outra.

Violência sexual é um assunto delicado, sério e que PRECISA ser discutido tendo sempre em mente que as pessoas envolvidas nisso estão em um momento muito doloroso.