Batemos um papo com David Brevik, CEO da Gazillion, que é a desenvolvedora do MMORPG oficial da Casa das Ideias
Nascido e criado na região de São Francisco, o norte-americano David Brevik é, como você e eu, um nerd totalmente assumido. Fanático por jogos eletrônicos desde que se entende por gente, sendo criado à base de arcades como Space Invaders em um fliperama da vizinhança, descobriu que era aquilo que tinha vontade de fazer assim que se deparou com o seu primeiro computador Apple. Durante alguns anos programou jogos para consoles na Iguana Entertainment até que, com dois amigos, enfiou as caras e fundou a empresa independente Condor. O ano era 1993.
A Condor, exatos três anos depois, se tornaria a Blizzard North – divisão da Blizzard Entertainment responsável pela criação do mais do que bem-sucedido Diablo, projeto que mudou a forma de se fazer RPGs para meios eletrônicos. No papel de presidente da Blizzard North, teve ainda a chance de trabalhar com títulos como StarCraft, WarCraft III e World of Warcraft.
Quando saiu, foi para plantar as sementes de outro estúdio, o Flagship, responsável por Hellgate: London. Logo depois, na Turbine, foi diretor criativo do Dungeons and Dragons Online, versão web do lendário RPG de mesa. E agora, cá está ele, entregando cartões de visita nos quais consta o cargo de CEO da Gazillion.
Em sua primeira visita ao Brasil, como parte da programação da Comic Con Experience, era visível a satisfação ao conferir de perto os jogadores testando o game Marvel Heroes 2015, sua mais recente criação. “Esta é uma das razões pelas quais gosto de vir a eventos como estes. Gosto de ver as pessoas jogando o jogo de fato, ouvir o que elas têm a dizer. É uma forma fácil de fazer aprimoramentos”, confessou o executivo, em papo com o JUDÃO. “Na verdade, somos muito ativos neste sentido. Conversamos muito com a comunidade de jogadores online em nosso fóruns. Costumo jogar o jogo umas três ou quatro noites por semana, para conversar em tempo real com as pessoas, ouvir o que elas têm a dizer”.
Assim como foi um prazer trabalhar no desenvolvimento da versão online de D&D pra um sujeito que até hoje é mestre de um grupo do RPG formado com amigos, ele admite que está realizando um sonho ao se envolver em um projeto com a Marvel, cujos personagens curte desde que era moleque. “Nós somos nossos próprios críticos, porque somos todos fãs, exatamente como vocês. Nos certificamos de que todos os desenvolvedores, aqueles que terão que pensar como um personagem da Marvel deve agir, sejam também fãs da Marvel”.
Continuação direta de Marvel Heroes, MMORPG de ação oficial da Casa das Ideias e desenvolvido pela Gazillion Entertainment, Marvel Heroes 2015 é uma versão atualizada que segue a mesma dinâmica de seu antecessor. Disponível para download gratuito tanto para Windows quanto para Mac, o jogo só tem cobrança adicional se o jogador quiser adicionar personagens diferentes ao seu grupo inicial de heróis jogáveis – mas eles podem ser liberados mesmo assim, conforme o jogador vai completando determinadas missões.
“Pudemos escolher quem queríamos de toda a biblioteca de personagens da Marvel, temos acesso a todos”, conta. “Tivemos que escolher, fazer um equilíbrio interessante, pensando no que o nosso público mais quer...mas tem o outro lado. De nada adiantaria colocar só os fortões poderosos para se socarem. Nos certificamos de que teríamos personagens representativos dos Vingadores, dos X-Men, do universo cósmico... Assim como mantivemos um equilíbrio também entre personagens masculinos e femininos”.
A história básica, escrita por ninguém menos do que Brian Michael Bendis (“Eu e ele nos falamos toda semana”, confessa Brevik), gira em torno do Doutor Destino – que ameaça a existência ao tentar controlar todo o poder do Cubo Cósmico. É, aquele mesmo que quem assistiu ao filme d’Os Vingadores sabe do que é capaz.
Mas, obviamente, outras missões paralelas vão se desenrolando conforme Von Doom traz outros vilões para o seu lado, todas em cenários que o leitor das HQs conhece bem. E estas tramas claramente estão alinhadas com o plano geral da empresa.
“Estamos integrados à estratégia como um todo. Quando vai sair um novo filme, eles nos mantém inteiramente informados sobre a história, sobre os personagens, nos avisam com antecedência do que vai acontecer nos quadrinhos”, revela ele. “Em resumo, nos fornecem todos os recursos para que o jogo esteja intimamente ligado com o Universo Marvel”.
Basta dar uma olhada nas imagens para perceber, por exemplo, que o Hulk pode trajar a armadura que claramente pode ser vista nos atuais números da saga Infinito, que vem sendo publicada nas bancas brasileiras. E veja só a quantidade de opções diferentes de roupinhas para o Homem-Aranha, incluindo a versão Superior e da Fundação Futuro. “Eles nos mandam uniformes para que possamos integrar ao jogo – as armaduras do Homem de Ferro ou mesmo o modelo de animação do Rocket Raccoon que foi usado no filme”, diz.
O sucesso dos Guardiões da Galáxia nos cinemas, por exemplo, fez com que a Gazillion atendesse ao clamor popular. Groot e o guaxinim raivoso de metranca se tornarem obrigatórios no line-up do game – ao lado de medalhões como Capitão América, Thor, Homem-Aranha e Wolverine, deixando de lado as divisões entre estúdios de cinema que frustram quem curte os personagens nas telonas. “Até o Howard, o Pato, a gente deve usar em algum momento futuro”, diverte-se ao revelar.
Embora a jogabilidade não seja nada revolucionária, lembrando o que pôde ser visto (e jogado) em Diablo, os gráficos melhoraram bastante com relação à edição anterior. O grande acerto está mesmo nas batalhas, que são cheias de ação, divertidas e com comandos simples e fáceis: basta usar o clique do mouse e ponto. O legal é que, além do visual, o comportamento e interação dos personagens também está bastante fiel ao que se pode ver nos gibis.
Em pleno combate com personagens mutantes, por exemplo, o russo metálico Colossus joga o baixinho canadense Logan do jeito que nos acostumamos a ver desde que essa geração de mutantes pintou no meio da década de 1970, na manobra conhecida como “arremesso especial”. Um verdadeiro clássico. “Sempre que precisamos tirar dúvidas ou pedir sugestões a alguém lá na Marvel, eles estão sempre abertos. Nos indicam roteiristas, mandam originais. É muito bom trabalhar com eles”.
Depois de lançar, em dezembro, a versão do jogo com menus, legendas e dublagem em português, era de se esperar que a Marvel e a Gazillion considerassem o Brasil um território potencial – e, por isso mesmo, Brevik veio parar na CCXP. Tanto é que ele chegou a revelar: Marvel Heroes 2015 deve ter alguns eventos especiais para o nosso país e, se bobear, até um personagem especial para o nosso país. “É o máximo que posso dizer no momento”, afirma, aos risos.