Na recém-lançada International Iron Man #7, descobrimos que o papai e a mamãe do Homem de Ferro guardavam uns esqueletos no armário que fazem bastante sentido com a atual situação da Casa das Ideias
SPOILER! Há cerca de dois anos, em Iron Man #17, nós descobrimos que Anthony não era o filho verdadeiro de Howard e Maria Stark — na verdade, ele tinha sido adotado. E quando eu digo “nós descobrimos”, eu quero dizer eu, você e o próprio Tony.
Depois do baque inicial, o sujeito por baixo da armadura do Homem de Ferro passou um bom tempo em busca da identidade de seus pais biológicos, pra entender um pouco mais a respeito de suas raízes. Poderia se tratar de um casal mundano, uma contadora e um caixa de banco, pessoas simples, normais, comuns. Mas gente, este aqui é o Universo Marvel e, bom, algum segredinho um pouco mais super-heroístico deveria se esconder por trás desta história, vai.
Coube ao escritor Brian Michael Bendis a tarefa de contar qual é. Em International Iron Man #7, lançado na semana passada, caiu a ficha sobre quem é o PROGENITOR de Tony. Sua mãe biológica, a gente já sabia há alguns meses, era Amanda Armstrong, uma antiga agente da SHIELD; seu pai também era um operativo comandado por Nick Fury e que atendia pelo nome de Jude. Eles acabaram se pegando durante uma missão na Alemanha, resultando na gravidez de Amanda.
Em uma de suas primeiras missões, Amanda quase foi morta depois que um colega de SHIELD revelou o seu disfarce para o inimigo. A situação a deixou em pânico durante algum tempo e, depois que se descobriu grávida, a agente começou a reavaliar esta vida de muitos perigos, pensando em abandonar a SHIELD, como confidenciou a Jude. Jude confessou que, pra assegurar o seu futuro e sua segurança, ele se tornou um agente duplo trabalhando para a HYDRA e ainda teria sido, mesmo que indiretamente, responsável pelo incidente que por pouco não tirou sua vida.
Ouch.
Surpresa e assustada por ter se apaixonado e mantido um relacionamento de dois anos com alguém que secretamente trabalha para aqueles que considerava os maiores inimigos da liberdade, Amanda não aceitou a proteção que Jude ofereceu. Durante uma discussão, ela então perdeu o controle e matou o sujeito.
Traumatizada, logo ela pediria aos seus superiores da SHIELD que seu futuro bebê tivesse um lar tranquilo, seguro e feliz, longe do mundo da espionagem. Nick Fury então garantiu que ela passasse pelo mesmo procedimento oferecido para todas as mães e pais envolvidos em algum tipo de gravidez indesejada: depois de um parto sem alarde em um hospital local, a criança foi levada para um orfanato em Sofia, na Bulgária.
Howard Stark, parceiro de longa data de SHIELD e do próprio Fury, entrou na jogada: ao descobrir o destino do menino, ele pede para adotá-lo, já que sua esposa Maria teve problemas recentes com uma gravidez. Howard ainda manteria o nome que Amanda desejava que o filho tivesse: Anthony. Fecham-se as cortinas.
A revelação sobre os pais biológicos de Tony é ainda mais marcante porque é tudo contado em flashback, chegando até o momento em que ele descobre quem é a sua mãe. Como não tem um narrador, indicando que a história está sendo relatada a alguém, não fica claro se apenas nós, leitores, descobrimos a história ou se o próprio Homem de Ferro também foi apresentado à verdade sobre suas raízes que ele tanto procurava.
E mais: este número 7 é o último de International Iron Man, já que a revista vai se dividir em duas a partir do próximo mês, ambas também escritas por Bendis. Teremos o Infamous Iron Man, que será ninguém menos do que Victor Von Doom, e Invincible Iron Man, com a Riri Williams assumindo a alcunha de Ironheart.
Ainda não sabemos exatamente qual vai ser o destino de Tony pós-Guerra Civil II e, portanto, como esta trama toda vai se desenrolar nos títulos da editora. Mas ela faz sentido não apenas porque agora temos outro herói do núcleo central dos Vingadores envolvido diretamente com a HYDRA (lembremos que o Capitão América sofreu uma espécie de lavagem cerebral cósmica para que ele achasse que sempre foi um agente duplo trabalhando pra organização) mas também porque a Marvel está gradativamente voltando a dar poder para a HYDRA como grande antagonista de seu PANTEÃO.
Durante alguns anos, a HYDRA tornou-se motivo de piada na Marvel, tão sacaneada com seus soldadinhos vestidos de verde (perguntem especialmente pro Deadpool) quanto a IMA com seus cientistas vestidos de apicultores amarelados. Mas ao longo da saga dos Guerreiros Secretos de Nick Fury, praticamente o último suspiro do Barão Von Strucker, algo mudou. O grupo cresceu, ficou mais ambicioso, mais cheio de segredos, com mais sede de sangue. E, talvez inspirada pelo papel que a academia de lunáticos com aspiração de dominação mundial tinha na primeira fase dos filmes — vejam o tamanho do estrago causado em Capitão América 2 — a editora passou a articular uma forte presença da HYDRA nos bastidores das HQs também, incluindo novamente em suas fileiras vilões como o Barão Zemo e o Caveira Vermelha.
Pouco antes de Guerras Secretas, por exemplo, no gibi do novo Capitão América Sam Wilson, a HYDRA criou uma imensa ameaça global, um vírus que esterilizaria toda a humanidade, à exceção dos integrantes do grupo devidamente inoculados, preparados para repovoar o planeta com suas próprias crias quando fosse necessário. Tá pouco pra você? Se os caras são capazes de pensar num plano assim tão megalomaníaco, não é difícil imaginá-los cruzando as sementes plantadas nos gibis do Capitão e do Homem de Ferro ao mesmo tempo, né?