Um filme que pode sim ser aproveitado se você nunca assistiu ao filme original. Mas pra quem já viu… é um presente inesquecível.
Eu já escrevi aqui no JUDAO.com.br sobre minha relação com Mary Poppins. Em resumo, eu fui uma criança que descobriu, junto com os irmãos Banks, que o lúdico precisava fazer parte da minha vida pra que ela fosse feliz e eu tava tão, mas TÃO animada pra assistir a O Retorno de Mary Poppins que acordei cedo, peguei ônibus e fui até o cinema onde rolaria a exibição para a imprensa UMA SEMANA ANTES.
Mas o dia certo veio e... Bem, eu cheguei a gravar uma resenha em vídeo que era, essencialmente, eu gritando. Mas eu sou uma jornalista séria, né? ;)
O Retorno de Mary Poppins acontece uns 20 anos depois do primeiro longa, lá pros anos 30, durante a Grande Depressão e a crise financeira que ela acarretou. Os irmãos Michael e Jane Banks, agora crescidos, precisam lidar com uma dívida gigante que Michael fez no já conhecido Banco Fiduciário Fidelity. Sua esposa faleceu, ele perdeu o controle de suas finanças e tem três filhos (lindos!) pra criar. As crianças, Georgie, John e Anabelle, no entanto, são super independentes. Mas mesmo assim, uma certa pessoa sente que a família Banks precisa de sua presença novamente… e então ela volta. Mary Poppins aparece descendo do céu para a mesma casa que frequentou em 1910.
Quando o filme começou a ser produzido, o diretor Rob Marshall foi conversar com a Poppins original, Julie Andrews, pra ter sua aprovação. Comentou que escolhera Emily Blunt e, de acordo com o EW, Julie ergueu as mãos ao céu e disse “Ah, sim!” para o que, segundo ela, era a escolha perfeita. Andrews inclusive foi convidada pra fazer uma participação, mas negou, em respeito à colega. Ela provavelmente imaginou que roubaria a cena… mas mal sabíamos que Blunt seria TÃO INCRÍVEL NESSE PAPEL. Ela capturou a essência confiante, elegante e muito perspicaz da protagonista e deu seu toque pessoal, sem perder a essência.
É sim a nossa Mary, mas também é uma nova, um pouco mais solta, mais indulgente. É lindo, lindo, lindo.
Lin-Manuel Miranda é Jack, um acendedor de lampiões que faz as vezes de Bert, o limpador de chaminés amigo de Mary interpretado por Dick Van Dyke na versão anterior. E, bem, o que dizer sobre ele se não “BRAVO, BRAVO, BRAVÍSSIMO!”? Ele já é um veterano dos musicais, responsável pela trilha do filme, criador do sucesso monumental Hamilton e das canções magníficas de Moana. Ele dança, canta, interpreta e de quebra tem a expressão super amigável e carismática que o papel pede.
Jane (Emily Mortimer) e Michael (Ben Whishaw) preservam sua cumplicidade. O irmão, agora também pai, é um homem perdido e emotivo, o que é bem refrescante de se ver. Jane é uma mulher que, assim como sua mãe, luta pelas minorias. Os dois têm alguns trejeitos das crianças originais, mas sem ser caricato.
O filme inteiro é puramente MÁGICO. Usa as temperaturas de cores pra, junto com a fotografia, nos contar mais sobre os sentimentos da família. Mistura animações com live-action como faz o primeiro (e sem ser em 3D, tá?), as músicas fazem você querer levantar da cadeira pra imitar os passos na tela, as cores explodem nos olhos… e existem MILHARES de cenas e elementos que referenciam a versão de 1964. A casa do capitão, a participação de Dick Van Dyke em um certo momento, objetos do quarto das crianças, a faixa da mãe deles que era sufragista, a pipa, os pinguins, falas, ações idênticas, jargões… até dancinhas. E falando nisso: não há nenhum medo em fazer momentos compridos de coreografias que fazem você se sentir na Broadway.
Meryl Streep está lá também, como já sabíamos. Ela faz uma personagem excêntrica (que tem um QUÊ de Vivienne Westwood ruiva) e cumpre a belíssima missão de ser como o Tio Albert foi lááá no primeiro filme: o parente esquisito e encantador. Não é o ponto mais alto, mas ainda assim é divertido demais. Tudo é muito bem dirigido pra que não seja cansativo demais ou meio piegas.
As canções são completamente novas! E o Supercalifragilisticexpialidocious dessa versão, pra mim, é o Trip a Little Light Fantastic. É marcante, com um jogo muito divertido de palavras e sons e faz você sair cantarolando da sala do cinema.
O clima, o encantamento, a magia... esses são impossíveis de descrever. Existe ali muito amor pela memória de Mary e muita vontade de dar novas memórias para crianças que poderão ver isso no cinema. No final das contas, ele é um longa que pode ser aproveitado se você nunca assistiu ao filme original. Mas pra quem já viu… é um presente sem tamanho.
O Retorno de Mary Poppins preserva a essência inovando ao mesmo tempo, diverte, arranca gargalhadas, emociona… É como a própria babá se descreve: praticamente perfeito em tudo. A Bia adulta está satisfeita com um filme extremamente bem produzido. A Bia criança já está tentando decorar as letras das músicas e quer ver de novo, de novo, e de novo!
Obrigada por trazerem Mary Poppins de volta. Eu estava morrendo de saudades. <3