RESENHA! Como Treinar seu Dragão 3

Inspirados nos livros de Cressida Cowell, franquia Como Treinar o Seu Dragão entrega final recompensador.

Quando o primeiro Como Treinar o seu Dragão foi lançado, o personagem principal Soluço (Jay Baruchel) era apenas um adolescente que vivia em um mundo onde lutar contra dragões era um meio de vida. Uma amizade com um dragão machucado acaba mudando a forma como ele vê essa sociedade e desperta uma evolução nos humanos, que aprendem a conviver com as criaturas que eles tanto temiam.

Nessa terceira e última parte, acompanhamos Soluço – agora chefe e governante de Berk – desenvolvendo seu maior sonho: encontrar um lar onde os dragões e os humanos possam viver em paz sem o medo de serem perseguidos. O problema é que seu sonho utópico se tornou caótico à medida que novos dragões são resgatados e Berk se torna superpopulosa. Quando poderosos inimigos antigos se unem a Grimmel (F. Murray Abraham) e começam a se aproximar, Soluço decide que seu povo e todos os dragões devem se mudar para o mítico Mundo Oculto, um paraíso de dragões que foi a grande obsessão do seu pai e pode ou não existir.

Durante essa incansável busca, Soluço e Banguela se deparam com uma dragão fêmea semelhante apelidada de Fúria da Luz. Essa nova relação cria complicações na missão de Soluço em encontrar um lar seguro para todos, já que Banguela se torna cada vez mais distraído por sua primeira paixão. Esse novo vínculo acaba forçando Soluço a reconsiderar suas realidades, amizades, sua própria confiança e seu compromisso com o povo de Berk.

O diretor e roteirista Dean DeBlois – também responsável pelos dois primeiros filmes – consegue equilibrar os desdobramentos dessa história com o peso emocional das escolhas que Soluço e Banguela precisam fazer. Mesmo sendo um filme originalmente focado no público infantil, Como Treinar o Seu Dragão 3 entrega um enredo simples, mas surpreendentemente maduro. O público, que testemunhou a perda do pai do protagonista e diversas lições de lealdade e coragem, é acompanhado pela narrativa, que cresce junto com ele. DeBlois faz dela um caminho doce e difícil, nos fazendo lembrar que absolutamente tudo tem seu tempo para começar e para chegar ao fim.

Além de uma história atraente, Como Treinar o Seu Dragão 3 traz um visual espetacular e incrivelmente detalhado que expande consideravelmente o alcance geográfico desse universo. Desde os personagens até os ambientes, a produção se preocupou em balancear luz e sombra com a ajuda do fantástico diretor de fotografia e consultor visual Roger Deakins.

A produção da DreamWorks Animation – a primeira da série a ser lançada pela Universal Pictures – também carrega outro fator importante: o impressionante trabalho do compositor John Powell. Sem exageros e sempre usando o tom certo, Powell criou uma trilha sonora que soube ser imponente nas cenas grandiosas e delicadas nos momentos em que Fúria da Noite e Banguela entram em um desajeitado ritual de acasalamento.

Em algum momento, a concorrência ia se aproximar da qualidade narrativa da Pixar e dos valores emocionais que suas produções carregam. Assim como Homem-Aranha no Aranhaverso, Como Treinar o Seu Dragão 3 é a prova de que ela finalmente chegou.