A Morte Te Dá Parabéns 2 é uma aula de como fazer uma sequência ainda mais divertida | JUDAO.com.br

E eu é que dou parabéns pra Christopher Landon, Jason Blum e sua turma!

Certamente A Morte Te Dá Parabéns foi uma das maiores surpresas do horror em 2017. Em um momento no qual a fama da Blumhouse a precedia, tanto no bom quanto no mau sentido – pós lançamento de Fragmentado e Corra!, mas ainda assim com aquele gosto ruim na boca por causa de tantas produções de baixo calibre – eu dei o total de ZERO atenções a esse filme em seu lançamento dois anos atrás.

Até que, de repente, o burburinho e as críticas positivas usando termos como “honesto” e “divertido” começaram a pipocar, muitos amigos gostando, e minha curiosidade foi despertada.

Pois bem, ao conferir a fita dirigida por Christopher Landon e escrita pelo roteirista de quadrinhos Scott Lobdell – quem liga o nome à pessoa logo vai lembrar das HQs dos X-Men dos 90’s – e produzida pelo Midas em pessoa, Jason Blum, cheguei a essa mesma conclusão sobre a honestidade e a diversão, principalmente no que tange à paródia aos slasher movies e suas reviravoltas rocambolescas e às dezenas de inspirações e referências da dupla de realizadores, indo de Pânico (por conta do Baby Face Killer – para mim já no panteão do horror desses anos 2010) a Feitiço do Tempo, a mais óbvia, e até citada em seu final.

Porém, contudo, todavia, no entanto, ao terminar A Morte Te Dá Parabéns eu fiquei com aquela sensação de que ele não se aprofunda nem tanto no terror / violência / lado slasher da coisa (motivo mais que óbvio pensando no público alvo jovem) e nem tanto no humor. Digamos que ele fica meio em cima do muro. Mas, na sequência que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, Landon abraça a comédia de uma vez por todas.

Por isso eu cravo aqui sem medo de ser leviano que gostei mais de A Morte Te Dá Parabéns 2 do que do primeiro longa. E confesso: há muito, mas muuuuito tempo eu não dava tanta risada e me divertia tanto com um filme. Puxando aqui pela memória das comédias de horror, talvez a outra vez tenha sido quando vi O Que Fazemos nas Sombras pela primeira vez.

Landon abraça de vez o ridículo e o escracho, enquanto deixa a paródia do terror de lado para focar dessa vez na ficção científica – mesmo mantendo a figura do Baby Face Killer – tendo dessa vez como referências escancaradas De Volta Para o Futuro 2 e 12:01, um filme obscuro com o selo Supercine de qualidade lançado no mesmo ano de Feitiço do Tempo e ofuscado pelo filme estrelado por Bill Murray, com a igual proposta de um sujeito vivendo o mesmo dia em loop, mas aqui por conta do uso de uma máquina de energia que altera o contínuo espaço-tempo.

Aliás, ambos citados no longa: o filme de Marty McFly por Carter, indignado que sua namoradinha em outra dimensão nunca assistiu ao clássico, e o horário em que a máquina dispara o pulso de energia que causou uma rachadura no tempo e abriu a brecha para um multiverso que diz exatamente meia-noite e um.

Falando em Carter, todo o elenco e time do primeiro filme estão de volta e vale destacar, e muito, a INCRÍVEL atuação de Jessica Rothe como Tree, que já era maravilhosa no primeiro filme, mas aqui sobe um degrau, principalmente quando se vê presa a reviver mais uma vez os acontecimentos do fatídico dia 18 de setembro, do qual achou já ter se livrado para sempre. Mas esse acidente científico a colocou de volta na repetição contínua do dia de seu aniversário.

Jogar a personagem em uma outra dimensão em que os acontecimentos e personagens não são aqueles com os quais já nos familiarizamos é uma sacada genial. Aliás, parece que o conceito de multiverso e da necessidade de você dar um “leap of faith” para conseguir sair de uma situação empacada e acreditar em si mesmo parece estar em pauta em Hollywood: quem viu Homem-Aranha no Aranhaverso sabe MUITO BEM do que eu estou falando...

Como possíveis pontos baixos: a atuação terrível de Israel Broussard, chamado na boca pequena de “clone do Rodrigo Faro”, e que fica mais evidente devido a sua maior participação em tela; uma maior assepsia, pois temos bem menos terror/suspense/mortes/sangue que o primeiro filme; e um dramalhão com relação a escolhas, muito do cafona e arrastado, como a lição de moral da vez, substituindo o conceito do primeiro que era basicamente “torne-se uma pessoa melhor”.

Mas nada que as situações cômicas capitaneadas por Tree – MARAVILHOSA a cada frame -, a excelente direção de Landon, a ideia de não apenas repetir o primeiro filme e só aumentar a contagem de cadáveres (como é da cartilha dos slasher movies) e o timing cômico das esquetes (as cenas de suicídio ao som de Hard Times do Paramore são IM-PA-GÁ-VEIS) não consigam superar.

A Morte Te Dá Parabéns 2 tem tudo para repetir o sucesso do primeiro e até agradar ainda mais o público geral e principalmente os adolescentes que frequentam os cinemas a rodo, tendo em vista que o primeiro já foi capaz de levar mais de um milhão de espectadores para as salas aqui do Brasil, o que é gente à beça para o gênero.

Traduzindo: mais uma bola dentro de Jason Blum, incluindo comercialmente falando.

E ah, tem cena pós-crédito – uma esculhambação total – então dá uma segurada na bunda na cadeira do cinema quando o filme terminar. ;)