As muitas crias do Helloween | JUDAO.com.br

Em pleno clima de Halloween, troque o A pelo E e relembre as heranças sonoras que a jóia do metal alemão deixou como legado para o mundo

Tudo começou em 1984. Mais especificamente, na cidade de Hamburgo, na Alemanha. Foi lá que os integrantes de bandas locais como Iron Fist, Gentry e Powerfool se uniram e adotaram o nome de Helloween, uma óbvia piada com o Dia das Bruxas – afinal, a abóbora também se tornaria seu mascote oficial – e a palavra “hell” (inferno), cuja simbologia é bastante típica das bandas clássicas de heavy metal.

A formação original, que trazia Kai Hansen nos vocais e na guitarra, Michael Weikath na guitarra, Markus Grosskopf no baixo e Ingo Schwichtenberg na bateria, foi responsável pelo lançamento de Walls of Jericho, cerca de um ano depois de sua formação. O disco de estreia já tinha, ainda que brutas, as marcas que ficariam gravadas na história do gênero – mas foi com a dobradinha de álbuns batizados de Keeper of the Seven Keys, nos quais Hansen deixou os vocais e ficou apenas com a guitarra, dando chance para a jovem revelação Michael Kiske, de apenas 18 anos, é que o Helloween passou a fazer história.

Dá pra dizer, sem medo de errar, que o quinteto foi responsável pelo surgimento do subgênero metálico batizado de power metal – ou metal melódico, como gostam de dizer alguns. Pegue o heavy metal clássico, acrescente uma dose extra de melodia e velocidade, guitarras duplas cantantes, bumbos duplos na bateria, um flerte com a música clássica, vocais agudos lááááááááá em cima e uma obsessão com temas históricos e de fantasia medieval. Está pronta a fórmula que influenciaria centenas de bandas anos depois, dos conterrâneos do Edguy aos brasileiros do Angra, passando por Kamelot, Stratovarius, Hammerfall e mais uma porrada delas.

Helloween_Cover

Mas, como toda boa banda histórica, o Helloween não passou imune às mudanças de formação. Foi um tal de entra e sai de membros que dá para identificar tranquilamente uma verdadeira árvore genealógica de grupos que acabaram surgindo DIRETAMENTE do DNA do Helloween. Assim sendo, siga com a gente uma trilha de bandas que, se você não conhece, com certeza deveria. Pelo menos, se você é fã do Happy Happy Helloween.

8 Shockmachine

Na década de 1990, o Helloween enfrentou alguns problemas legais com sua gravadora, a Noise Records, e acabou ficando um tempo parado. O membro fundador Markus Grosskopf, baixista, conhecido por ser um sujeito criativamente inquieto, juntou alguns amigos e fundou o projeto paralelo Mr. Prooster, apenas pelo prazer de tocar um pouco. A banda seria reativada em 1998, contando inclusive com a participação de Uli Kusch, o segundo baterista do Helloween. Mas mudaram o nome para Shockmachine. Lançaram apenas um disco, em 1999, mas o resultado foi promissor o bastante para que Markus considerasse retornar aos trabalhos em breve...

7 Beautiful Sin

Em 1990, depois que o baterista do Gamma Ray saiu, Kai Hansen recrutou o músico de estúdio Uli Kusch para substitui-lo. Mas sua passagem duraria apenas dois anos – já que ele sairia para assumir as baquetas do Helloween, no lugar do falecido Ingo Schwichtenberg, co-fundador do grupo alemão. Em 2001, no entanto, ele e o amigo Roland Grapow, guitarrista, foram demitidos por e-mail por Michael Weikath (guarde esta informação, porque ela se repetirá algumas vezes). Depois de fundar o Masterplan com Grapow, Uli passaria a se dedicar integralmente ao Beautiful Sin, que é completamente influenciado pela sonoridade do Helloween.

6 Iron Savior

Vamos falar novamente sobre Kai Hansen mais pra frente. Mas é legal ressaltar que, ao lado do amigo de adolescência Piet Sielck e do então baterista do Blind Guardian, Thomen Stauch, ele formaria o Iron Savior, banda que tem um quê de metal tradicional a la Iron Maiden com pitadas de Helloween. Desde o primeiro disco, vem sendo contada, ao longo de múltiplos lançamentos, a história da nave consciente que carrega o nome da banda e sua relação com a cidadela perdida de Atlântida. Nos dias de hoje, apenas Piet Sielck permanece mantendo a chama do Iron Savior acessa. Hansen e Stauch saíram.

5 Bassinvaders

Um divertido e interessante projeto paralelo do atual baixista do Helloween, Markus Grosskopf. Uma banda formada apenas por baixistas – devidamente acompanhada por vocalistas e bateristas para ajudar a dar o tom, claro. Mas sem guitarras de nenhum tipo. Estavam proibidas. O baixo é o destaque. Ao lado de Markus, estavam grandes nomes do metal alemão como Tom Angelripper (Sodom), Peavy Wagner (Rage) e Marcel Schirmer (Destruction). E o disco ainda contou com solos de músicos do calibre de Billy Sheehan (Mr. Big), Rudy Sarzo (Dio, ex-Whitesnake, ex-Quiet Riot) e Marco Mendoza (Thin Lizzy, ex-Whitesnake). Todos baixistas, claro. :)

4 Andi Deris

Atual vocalista do Helloween, Deris estabeleceu uma carreira sólida à frente do grupo, que já dura décadas. Ele é um de seus principais compositores, por exemplo. Mas, antes disso, ainda com 20 e poucos anos de idade, montou a banda de hard rock Pink Cream 69 – ao lado de Dennis Ward que, ironia suprema, hoje toca no Unisonic com Kiske e Hansen. Deris ainda investe em sua própria carreira solo, gerando ótimos resultados. Seu terceiro disco, Million-Dollar Haircuts on Ten-Cent Heads (essencialmente, uma crítica ao atual sistema financeiro), saiu no final do ano passado. O que é mais legal? Não soa em nada como Helloween. :)

3 Masterplan

Depois da saída de Kai Hansen, o Helloween teve, durante doze anos, o guitarrista Roland Grapow como substituto. Mas, adivinhem só, ele também saiu. E, adivinhem só, também foi pelos clássicos problemas criativos – ele e o baterista Uli Kusch foram demitidos por Michael Weikath (figura frequente neste tipo de situação, como o leitor facilmente vai poder perceber). Em 2003, Grapow montaria, ao lado de Kusch, outra poderosa unidade metálica, o Masterplan. Nos vocais, ninguém menos do que o magistral Jørn Lande (Kiske foi convidado, mas declinou, ainda estava de birra com o heavy metal).

2 Unisonic

Daria para escrever uma Bíblia com a quantidade de bandas/projetos dos quais Michael Kiske participou depois de sua saída – igualmente conturbada, igualmente por conta de Michael Weikath – da banda do cabeça de abóbora. O sujeito fez dezenas de participações especiais, mesmo antes de ser convidado para participar do Avantasia, quando repensou sua relação com o metal e seu público. Escolhemos o Unisonic porque, além de ser a atual banda de Kiske, é um projeto que parece bastante sólido e no qual ele toca, vejam vocês, ao lado do amigo Kai Haisen. Lindo. O segundo disco, lançado este ano, é excepcionalmente bom.

1 Gamma Ray

A banda formada por Kai Hansen, depois que o sujeito saiu, em 1989, é uma espécie de Megadeth do Helloween. Tudo bem, Hansen saiu por contra própria, por causa das brigas com Michael Weikath (ah, vá) e outras paradas – e não chutado, como foi Mustaine do Metallica. Mas a semelhança está no fato de que Hansen montaria uma banda que se tornaria, para os fãs de metal, tão grande quanto o próprio Helloween. Da mesma forma que o Megadeth é, para os fãs de metal, tão grande quanto o Metallica. Para o público mainstream, no entanto, são outros quinhentos.