Pra quem acha que ele era apenas o Dr. Egon Spengler e pra quem sabe que ele era muito mais que isso!
Fevereiro nem foi embora e já nos deixa um vazio imenso. No último dia 24 morreu Harold Ramis, um dos mais prolíferos artistas do cinema de comédia e que será eternamente lembrado como o Dr. Egon Spengler, o Caça-Fantasma mais nerd dentre os quatro.
Artista pelo simples fato de Ramis ter participado ativamente em frente às câmeras e também nos bastidores. Ator, diretor, produtor, roteirista, Ramis jogou em todas as posições e foi competente em todas elas. Sua carreira é pontuada por sucessos em quase quatro décadas e sua parceria com Bill Murray rendeu clássicos inesquecíveis.
Esse era o título de uma revista mais ou menos nos moldes do que tivemos no Brasil com a Casseta Popular e o Planeta Diário, os periódicos que deram origem a turma do Casseta e Planeta. A revista criada por estudantes satirizava fatos da época, trazia piadas, histórias cômicas e acabou servindo de celeiro pra grandes nomes da comédia mundial, como Bill Murray, John Belushi e o próprio Harold Ramis.
A revista cresceu, criou fama e catapultou as carreiras da trupe que a editava. Ganhou espaço no rádio, na televisão, por meio do Saturday Night Live, e acabou indo pro cinema. Quais produções merecem o reconhecimento de ser de fato um título com o selo National Lampoon de qualidade é até hoje motivo de muita controvérsia, mas alguns filmes são indiscutivelmente desse “cânone” e Ramis teve seu dedo nos mais importantes.
O primeiro grande sucesso foi Clube dos Cafajestes, de 1978. A grande estrela do filme foi John Belushi com o impagável John “Bluto” Blutarsky, mas Ramis foi um dos roteiristas do longa. Cinco anos mais tarde ele dirigiu seu segundo filme (calma, ainda vamos falar do primeiro!), que se tornou o maior sucesso dos filmes da National Lampoon: Férias Frustradas! Com roteiro de John Hughes e estrelado por Chevy Chase, Ramis pilotou um marco do cinema de comédia e garantiu um lugar entre os grandes do gênero.
[one-half]Em 1979 Bill Murray estrelou um divertido filme de acampamento chamado Almôndegas. Ramis estava novamente no roteiro e a direção ficou a cargo de Ivan Reitman, outro grande parceiro. No ano seguinte Ramis dirigiu seu primeiro longa, Clube dos Pilantras, com Murray vivendo um de seus personagens mais marcantes, o aloprado Carl Spackler com sua obsessão por exterminar os gophers (um bicho parecido com uma marmota) que arruínam o campo de golfe.[/one-half]
Em 81 Murray estrela Recrutas da Pesada, mais uma direção de Ivan Reitman, mais um roteiro com a colaboração de Ramis, mas dessa dessa vez também tinha o segundo como co-estrela o filme. Três anos depois veio então a maior produção encabeçada pelo time Murray-Ramis-Reitman: Os Caça-Fantasmas!
Com a adição do colega Dan Aykroyd, do SNL, o filme acabou se tornando um dos maiores ícones da cultura pop, ganhando séries animadas, videogames, brinquedos e toda sorte de merchandising. A continuação rolou cinco anos mais tarde, mas não teve tanto êxito quanto o original. Ainda assim a eterna tentativa de um terceiro continuou até os dias de hoje.
A última grande parceria entre Harold Ramis e Bill Murray já tem mais de 20 anos. Feitiço do Tempo teve roteiro e direção de Ramis, que também faz uma ponta atuando. Na história, Bill Murray é um repórter do tempo que sempre acorda no mesmo dia, o Dia da Marmota (não é um gopher, mas é parecido!). Os desdobramentos que isso pode causar são explorados a exaustão e o filme acaba sendo, talvez, a mais imaginativa criação de Ramis. Clássico da Sessão da Tarde, chegou a ganhar referência até pelo pessoal do Porta dos Fundos. Até hoje o filme gera aquele tipo de discussão besta do que pode e não pode acontecer, do que deve e do que deveria, eternizando a produção e marcando o final da rica parceria desses dois companheiros.
[one-half]Murray quis fazer outras coisas e acabou se tornando esse mito que todos conhecemos. Ramis continuou sua carreira da mesma maneira. Fez algumas participações como ator, escreveu alguns roteiros, produziu e dirigiu mais filmes.Eu, Minha Mulher e Minhas Cópias é um grande exemplo de seus anos pós-Bill Murray. Voltando a dirigir Andie MacDowell ao lado de Michael Keaton, em atuações ímpares. Essa é talvez uma das produções mais underrateds de Ramis. Claro que o filme não é brilhante, mas garante umas boas gargalhadas e vale como um excelente passatempo.[/one-half][one-half last=”true”]
Máfia no Divã já se saiu bem melhor. Com Billy Crystal e Robert De Niro protagonizando o longa e Lisa Kudrow, no auge de Friends, como coadjuvante, o resultado dificilmente seria outro. Tanto que três anos mais tarde, depois do competente Endiabrado, estrelado por Bredan Fraser e Elizabeth Hurley, Ramis tentou repetir a fórmula. Pena que A Máfia Volta ao Divã não teve a mesma recepção que seu antecessor.
Em 2005 Ramis dirigiu A Sangue Frio, com John Cusack e Billy Bob Thorton. Uma comédia de humor negro de orçamento modesto e pouca visibilidade. Em 2009 veio mais uma dobradinha de roteiro e direção, como de costume, com uma verba bem mais alta e estrelando Jack Black e Michael Cera. Infelizmente Ano Um foi um filme fraco, não atendeu as expectativas e será sempre lembrado como o último filme do cineasta.
Nos últimos anos, Harold Ramis dirigiu ainda alguns episódios da versão americana de The Office, emprestou sua aparência e sua voz poderosa ao bonequinho digital de Egon no último game dos Caça-Fantasmas e produziu um documentário sobre uma companhia de balé.
Harold Ramis adoeceu em 2010 de um tipo raro de vasculite autoimune, e, entre melhoras e pioras, acabou nos deixando no começo da semana. Apesar da morte, a Sony ainda não desistiu de ressuscitar a franquia Os Caça-Fantasmas.
A verdade é que Ramis sempre foi muito mais que Egon, foi um verdadeiro rei da comédia. Dentre seus filmes há pérolas do humor americano e personagens que serão lembrados por gerações. E ainda assim ele nunca parece ter se incomodado com sua associação ao personagem mais famoso de sua carreira, o cientista bitolado pelo visto não era querido apenas por fãs do mundo todo, mas também pelo homem que o encarnou.
Egon vai fazer muita falta, mas Ramis será pra sempre insubstituível. E claro que você deve ter visto uma série de homenagens a ele, incluindo o memorial de twinkies e outras guloseimas em frente ao prédio que abrigava o QG dos Caça-Fantasmas nos filmes.
Vamos encerrar então com esse pequeno tributo dos fãs e um videozinho pra relembrar a relação de Ramis e os twinkies!