Parece que não há motivos pra temer Fear The Walking Dead | JUDAO.com.br

Ainda na Comic-Con, conversamos com o elenco e os produtores da série que, pelo que vimos e ouvimos, tem tudo pra acompanhar os passos de The Walking Dead

Dizem que a cura pra ressaca é continuar bebendo, né? Se você tá com a boca seca e dor de cabeça, ainda, depois da San Diego Comic-Con, fique tranquilo porque... Ainda não acabou, não. :)

contei mais ou menos como a sexta-feira (11) foi agitada e terminou lindamente com o concerto de Star Wars (sim, vou falar disso eternamente porque ainda não estou recuperada), mas ficou faltando contar como aquele dia começou, com um puta de um café da manhã / conversas na cobertura de um hotel, com os produtores e elenco da nova série da AMC, Fear The Walking Dead, que estreia no Brasil dia 23 de Agosto, junto com o resto do Mundo.

Se você tá chegando agora, fica o aviso de que a série não tem nada a ver com The Walking Dead. “Isso não é uma prequência e nem um spin-off”, informa Gale Anne Hurd, produtora executiva da série. Ok, os produtores são os mesmos, vai ter zumbi e é tudo no mesmo universo, mas ficou claro que Fear The Walking Dead vai abordar muito mais o lado humano e familiar dos personagens do que conflitos externos, seja com zumbis ou outros seres-humanos, tipo o Governador. Co-criador e um dos produtores executivos, Dave Erickson, disse que uma das preocupações dele e de Robert Kirkman foi justamente de fazer as coisas com calma, procurando elementos que ainda não tivessem sido bem explorados na “série-mãe”, pra que houvesse a separação dos shows. Fear The Walking Dead será um drama centrado em uma família desestruturada e “contará sua história, seus problemas, seus conflitos… e aí ACONTECE de ter zumbis vindo depois”

Diferente de The Walking Dead, em que o personagem principal é um policial, preparado para lidar com adversidades e acostumado com confrontos, que encontra um grupo de pessoas que já sabe mais ou menos se virar naquela bagunça, em Fear The Walking Dead os personagens são pessoas comuns (professores, uma enfermeira, adolescentes problemáticos...), que demoram a entender o que está se passando. Segundo ele, uma das coisas que Kirkman quer mostrar (e o motivo de decidirem situar a série durante aquelas semanas em que o Rick esteve em coma) é quanto tempo demora pra você mudar num mundo como aquele que eles vão ter que encarar; o quão rápido o ser humano chega ao ponto de conseguir ser violento com algo que ele enxerga como uma pessoa, já que estamos bem no início do apocalipse e os zumbis ainda não estão PUTREFATOS, eles ainda parecem gente, no máximo doentes. “Quando aparece o primeiro caso na TV, não vai ser tratado como zumbi. Vai ser tipo ‘LAPD teve que atirar em um mendigo’ e isso vai gerar muitos questionamentos”.

Lembra, né? Quando Rick acordou de um coma, no meio do outbreak, já teve que partir pra porrada e achar seu lugar no mundo, com a gente já entrando na confusão com ele (especialmente com aquela porta escrita “Don’t Dead, Open Inside”). Agora a gente vai ver a coisa acontecendo como um processo, lento. Vamos conhecer os personagens primeiro e seguir com eles descobrindo o que diabos está rolando com as pessoas, principalmente na primeira temporada.

Pra fazer uma conexão rápida, lembra que na segunda temporada o Hershel simplesmente prendia os walkers no celeiro e se recusava a acreditar que aquilo não era simplesmente uma doença? É mais ou menos por isso que os personagens de Fear The Walking Dead vão passar. Durante a conversa, praticamente todo o elenco comentou sobre a dificuldade que seus personagens vão ter para processar que aquilo não é uma gripe estranha, uma reação a uma infecção bizarra, e aceitar o fato de que você tem que matar pessoas de sua família, amigos e vizinhos.

A série vai se passar num bairro suburbano, com familias simples de trabalhadores que estão em Los Angeles em busca de um novo começo na vida. Ou seja, um bairro residencial, onde todo mundo se conhece, é amigo… Como disseram Ruben Blades e Mercedes Manson, que interpretarão Daniel e Ofelia Salazar (pai e filha), imagina que hoje você está tomando um café normalmente com seu vizinho, conversando sobre a vida, e amanhã ele está ali, tentando comer sua face? “A moralidade é questionada… É tudo sobre sobrevivência e com quem você pode contar quando a merda bate no ventilador. Não tem polícia, não tem infra-estrutura”, explica Manson.

Elenco, produtores e a imprensa conversam sobre Fear The Walking Dead durante a Comic-Con 2015

Elenco, produtores e a imprensa conversam sobre Fear The Walking Dead durante a Comic-Con 2015

The Walking Dead já é uma história sobre relações interpessoais (“We are the Walking Dead” disse, certa vez, Rick Grimes) mas, ainda assim, muita gente reclama sobre falta de ação, lentidão e qualquer coisa que não envolva zumbis morrendo. Pra Gale Anne Hurd, porém, isso não é um problema que Fear The Walking Dead vai enfrentar. Pra ela, quem diz isso diz da boca pra fora, porque se o show fosse só sobre matar zumbis, aí sim a audiência já teria cansado; se isso fosse mesmo tudo com que as pessoas se importam, quando um personagem morresse só iriam soltar aquele “oh, essa morte foi criativa?” Gale ainda disse que quem reclama quer mesmo é ser cool, o “diferentão”, e que, como diz a galera, “se tá ruim, não assiste e para de reclamar, porra!” <3

Como eu sei que quando eu e você estivermos assistindo à série vamos (mesmo que involuntariamente) ter aquele momento de “larga de ser burro! Pega a faca que tá ali na cozinha e enfia na cabeça dele”, vou frisar mais uma vez: os personagens não têm conhecimento ALGUM do que é um zumbi. A Alycia Debnam-Carey, que vai ser a Alicia Clark, filha inteligente da conselheira escolar Madison (Kim Dickens) e irmã do rebelde-drogado Nick (Frank Dillane), por exemplo, disse que teve que parar de assistir The Walking Dead porque ela estava pensando demais em formas de sobreviver e matar zumbis e que não podia, já que a personagem dela é novata nesse assunto.

Ninguém ali tá muito esperto pro que tá acontecendo. Se coloca no lugar do professor de inglês Travis Manawa (interpretado por Cliff Curtis): ele acabou de se mudar pra uma casa com sua namorada (Madison) e os dois filhos dela (Alicia e Nick), sendo que um é drogado; seu filho biológico, Chris (Lorenzo James Henrie), se recusa a fazer parte dessa nova família, pois considera que o pai renegou a ele e a sua mãe, Liza (Elizabeth Rodriguez)… “é com isso que eu perco meu sono. Eu não estou preocupado com um camarada que pegou uma gripe ou sei lá o que pela internet. Eu simplesmente não tenho tempo pra isso, até que se transforme em algum dos meus problemas“, disse Curtis sobre as prioridades de seu personagem.

Em FTWD, os zumbis serão mais... FRESCOS.

Em FTWD, os zumbis serão mais... FRESCOS.

O produtor executivo Greg Nicotero também tentou nos dar uma situada na coisa: “Eu lembro que rolou algo de uma pessoa que fugiu da quarentena [durante a crise de ebola] e isso foi notícia por todos os lugares, durante 1 ou 2 semanas e aí foi esquecido. Então, imagina [no mundo de Fear The Walking Dead] se algo desse tipo acontecesse e eles estivessem realmente espalhando seja lá o que esse vírus for por aí. Seria manchete em todos os canais por um tempo. E aí começaria a desaparecer e perder lugar pra uma notícia sobre a Kim Kardashian. E enquanto isso, o mundo estaria acabando sem a gente perceber. […] Acontece todos os dias” – ouch! Recebi o tapa, amigo. :(

Depois de todas as conversas, fiquei bem convencida de que Fear The Walking Dead tem uma proposta interessante e que tá mirando pra um belo de um gol. Os atores pareceram tão perdidos e tão empolgados pra ver no que vai dar quanto eu e a curiosidade só aumentou – foi engraçado ver a tensão que todos estavam por não saberem se ou quando vão morrer. A Alycia e a Kim até deixaram um aviso: não querem tiro de misericórdia, não! Se for pra morrer, que seja pra voltar como zumbi.

Fear The Walking Dead estréia mundialmente dia 23 de Agosto, às 22h, com a promessa de achar um espaço pra chamar de seu no coração dos fãs de Walking Dead.