Norueguesa com nome que significa "amar Thor" vai assumir os roteiros de Valkyrie: Jane Foster | JUDAO.com.br

Não só a Marvel acerta ao trazer uma mulher para escrever o título como ainda escolheu uma norueguesa que cresceu cercada de mitos nórdicos

Bom, que a Jane Foster foi a melhor Thor do Universo Marvel até hoje, é total e completamente indiscutível — e quem não concorda está, obviamente, equivocado. Portanto, quando a editora tomou a decisão de trazer o loirão de volta ao papel de Deus do Trovão (já que, como parte de seu processo de emcimadomurização, a editora não teria coragem de mantê-la como portadora do Mjolnir), nada mais justo do que oferecer um belo dum destaque para a personagem. E eis que então ela assumiu o papel da Valquíria, título que algumas heroínas já envergaram em algum momento da cronologia da Casa das Ideias.

Criada pela dupla Roy Thomas e John Buscema em 1970, a personagem apareceu pela primeira vez na edição 83 da revista dos Vingadores. No mundo Marvel, a Valquíria tinha basicamente a mesma função de sua contraparte mitológica, recolher aqueles que morreram como heróis no campo de batalha e os levam para o descanso definitivo em Valhalla, o majestoso salão paradisíaco onde viverão a vida eterna em regojizo.

No entanto, a versão das HQs ficou meio deprimida quando parou de buscar guerreiros na Terra e teve que se restringir ao território asgardiano depois que Odin fez um acordo com outros panteões de deuses que giram em torno de Midgard. Na saga War of The Realms, o que rolou é que o exército amaldiçoado do elfo negro Malekith exterminou totalmente as Valquírias e, portanto, o Valhalla não existe mais. E aí coube a Jane, que finalmente conseguiu vencer o câncer, assumir o manto e ser a primeira de uma nova geração, tendo que decidir por conta própria exatamente o que significa esta função ancestral a partir de agora. Novos tempos pedem novas regras.

O gibi começou a ser escrito por Jason Aaron, responsável pela longa e bem-sucedida fase do Thor na qual a antiga dama em perigo se tornou a Deusa do trovão, em parceria com Al Ewing — que é o autor da maravilhosa fase d’O Imortal Hulk. Tamos falando, portanto, de uma HQ escrita por dois dos melhores roteiristas da editora na atualidade, o que por si só já seria uma notícia para se comemorar.

Mas... sei lá, a gente fica aqui pensando se talveeeez também fosse legal ter uma mulher escrevendo um título estrelado por uma super-heroína, né? Bom, parece que PELO MENOS ISSO a Marvel ouviu e, a partir da edição de número 8, que será publicada a em Fevereiro de 2020, Ewing sai de cena e Aaron ganha uma coescritora. E cujo histórico traz um bônus bem especial.

A escolhida é ninguém menos do que Torunn Grønbekk, escritora de gibis e designer nascida e criada na Noruega. Como moradora da Escandinávia, portanto, ela tem (ainda que indiretamente) uma relação bastante próxima com toda a mitologia da galera asgardiana. “Pelo lado pessoal, eu fico infinitamente empolgada por trabalhar com esta parte em particular do Universo Marvel, já que os mitos e sagas do velho mundo foram parte do meu cotidiano enquanto eu crescia”, explica a autora, em comunicado oficial. E ela ainda explica que seu nome, Torunn, significa “amar Thor”. Leitores de gibis devem se lembrar que este é TAMBÉM o nome da filha de Thor com a Lady Sif em um dos muitos futuros paralelos da Marvel, surgindo originalmente na animação Os Novos Vingadores: Heróis do Amanhã.

Quando os fãs surtaram ao saber da novidade, Torunn fez questão de colocar ainda mais lenha na fogueira ao revelar algumas de suas antigas fotos de família, nas quais todo mundo posa usando roupas típicas da galera nórdica — ali em baixo, por exemplo, ela é a pequena e graciosa criaturinha de espada na mão. <3

“Torunn é norueguesa, batizada em homenagem ao Thor e nos encontramos pela primeira vez em um bar tiki [Nota do Editor: estabelecimentos inspirados no que seriam as tradições da Polinésia entre os anos 1940 e 1960]“, conta o próprio Jason Aaron no Twitter. “Parece até que eu a inventei. Mas ela é muito real e é uma escritora incrível. Se você está gostando da Valquíria até agora, agradeça ao Al Ewing, que está fazendo todo o trabalho e mandando ver. Mas agora a Torunn está se juntando ao time e estamos construindo uma grande e esquisita história asgardiana juntos”.

Torunn retribui o elogio do colega. “Eu li e amei cada parte do tremendo trabalho de Jason nos gibis de Asgard ao longo dos últimos anos”, afirma ela. “Não poderia estar mais feliz agora por ter a chance de escrever a Jane — minha versão favorita do Thor — e poder levá-la a partes ainda desconhecidas dos Nove Reinos”. Ela ainda afirma que, durante anos, Jane Foster tem sido uma das personagens mais complexas, convincentes e bem escritas dos quadrinhos. “Não é difícil ver por que ela é uma das mais queridas também, ou por que ela deveria ser a pessoa que assumiu a identidade da Valquíria. O cargo a leva de volta às fronteiras entre os vivos e os mortos, navegando pelos mistérios dos mundos com uma disposição e coragem que apenas Jane pode misturar”.

A autora conta ainda ter gostado dos rumos deste gibi em particular até o momento, que manteve “a Jane que eu conheço e amo”, e promete continuar explorando este conjunto único de novas habilidades e desafios nas próximas edições. “Veremos como o trabalho como Valquíria afeta Jane e como Jane, em troca, pode adicionar suas experiências únicas a ser uma Valquíria e como ela se destaca em seu novo papel ao reencontrar alguns velhos amigos”.

Um dos trabalhos mais conhecidos de Torunn Grønbekk para o mercado americano é a série noir Ageless, publicada ano passado pela editora Caliber Comics. Na trama, St.John é um homem com quase um século de vida, num eterno compasso de espera. Mas quando ele e seu ex-comandante descobrem um velho amigo brutalmente assassinado, os dois se unem para encontrar o responsável. Quando a dupla começa a desvendar o mistério em torno da morte logo se torna aparente que o assassinato era apenas uma pequena parte de um jogo muito maior. Além deste título, ela também publica de tempos em tempos novos episódios do webcomic Passed, uma coleção de histórias curtas com diferentes artistas no traço e um único assunto em comum: a morte.