Nos bastidores da bandidagem da Marvel com o Consertador | JUDAO.com.br

Vilão que também dá as caras em Homem-Aranha: De Volta ao Lar é o criador e fornecedor oficial de equipamentos para os supercriminosos da Casa das Ideias

Enquanto o Abutre decola com suas imensas asas mecânicas de um lado e o Shocker dispara socos superpoderosos com as manoplas sônicas de outro, talvez não sobre muito espaço pra você prestar atenção no cientista maluco que ajuda a equipe de MALVADÕES a desenvolver este monte de traquitanas tecnológicas — no caso, o sujeito vivido pelo Michael Chernus, o Cal Chapman de Orange is The New Black, em Homem-Aranha: De Volta ao Lar.

Trata-se da versão cinematográfica de um personagem bastante importante nas HQs, o cérebro maléfico responsável por armar toda uma comunidade de vilões em sua incessante luta contra os heróis por uns trocados a mais. Tamos falando de Phineas Mason, que atende pela ALCUNHA de Consertador.

Phineas é tipo uma Enfermeira Noturna do mundinho do crime: conhece todo mundo e ajuda a galera no underground, sem a opinião pública, dando as caras em um monte de gibis diferentes, aceitando todo tipo de encomenda sob a fachada de uma insuspeita lojinha de conserto de relógios antigos.

É um coadjuvante recorrente da Marvel surgido em The Amazing Spider-Man #2 (Abril de 1963), um engenheiro e inventor brilhante que, por volta dos 30 e poucos anos de idade, tinha uma outra loja, esta de consertos em geral, chamada Phineas’ Fix-It. Sua vida mudou definitivamente quando um daqueles Robôs-Destino criados por Victor Von Doom invadiu o estabelecimento, fora de controle, possivelmente depois de um quebra com o Quarteto.

Com pena do pobre ser mecânico, Phineas o adotou e reprogramou, transformando-o em seu assistente durante anos, com uma membrana artificial que se passava por pele e o ajudava a se misturar na sociedade, sob o nome de Vincent Doonan. Foi então que o Consertador sacou o seu real potencial.

Inicialmente instalando escutas em rádios para chantagear políticos e demais figuras de destaque, ele começou a criar uma rede de bandidinhos ao seu redor, pra ajudá-lo a cometer pequenas extorsões. Mas quando os super-heróis começaram a surgir, digamos que eles se tornaram uma espécie de obsessão para o cientista, que enxergava que estes justiceiros usavam suas habilidades de forma absolutamente imprudente. Foi aí que ele resolveu se tornar um vilão por contra própria, criando a persona do Consertador (em inglês, Terrible Tinkerer) – e fazendo com que Vincent, decepcionado com o “pai”, se afastasse dele para sempre.

Seu primeiro trampo conhecido foi para Quentin Beck, o Mysterio, criando seu icônico uniforme. Como parte de um plano “elaborado”, típico dos gibis dos anos 60, ele contratou atores para que se fantasiassem como uma força de invasão alienígena. Quando a mutreta foi descoberta, Phineas quase foi capturado mas escapou de sua base, em chamas. Para trás, ele deixou uma máscara de si mesmo, dando a entender que ele era um alien de verdade disfarçado como um velhinho insuspeito. Até o Homem-Aranha acreditou, vejam vocês. ;)

No fim, o Consertador sacou que esta coisa de ir pra linha de frente da bandidagem não era com ele e preferiu se focar no trampo de bastidores. Alguns de seus trabalhos incluem a cauda do Escorpião, a lâmina do Ceifador, o skate do Rocket Racer, o exoesqueleto do Urso, a armadura MK II do Besouro, o uniforme “climático” do Tufão e até um upgrade nas pernocas que esticam do Metaloide. Numa história do selo Marvel Knights, foi ele o responsável pelo “leilão” do simbionte do Venom, inclusive.

Mas o Consertador é essencialmente um pequeno comerciante, sabe? E não pode correr riscos de não receber da clientela – que, vamos lá, é basicamente formada por um bando de criminosos que podem não necessariamente cumprir a palavra, né. Por exemplo, quando o Açor Assassino (vilão mais B, impossível) foi pedir ao cara pra dar uma melhorada em seus braceletes, resolveu dar o calote e não pagar. E aí que Phineas Mason acionou um dispositivo de emergência que fez o diacho das armas atirarem ao contrário, ferindo e imobilizando o seu cliente. Não mexe com quem tá quieto.

Apesar disso tudo, Phineas teve um filho que, criado entre equipamentos escalafobéticos usados para fazer o mal, cresceu para se tornar o oposto do paizão. Rick Mason tornou-se O Agente, o 007 da Marvel, um espião de primeira classe que atuava como freelancer para uma série de governos quando o assunto era “lidar com superhumanos” e que, ainda assim, mantinha um relacionamento saudável com o pai. Todas as informações deste parágrafo estão no passado porque Rick acabou morrendo em missão, assassinado (ou o equivalente a isso no Universo Marvel, o que significa que a situação pode durar pouco) por um vilão desconhecido/genérico e deixando o Consertador devastado.

A grande derrocada do personagem aconteceria durante a série Guerra Secreta (assim mesmo no singular), quando a S.H.I.E.L.D. usou o Açor Assassino (vejam vocês...) como isca para descobrir as operações do inventor, cujas criações estavam sendo subsidiadas diretamente pelo governo da Latvéria, em nome da condessa Lucia von Bardas, primeira-ministra. O objetivo? Secretamente, enquanto eram firmados tratados de paz entre os dois países, armar até os dentes os supercriminosos americanos com todo o poderio militar possível, para implementar o caos na América. Embora tenha sido descoberto e sua oficina desmontada, Phineas se safou da Justiça contando com a providencial ajuda dos latverianos. Mas duraria pouco...

Quando a Lei de Registro de Superhumanos foi promulgada ao longo da série Guerra Civil, o Consertador já estava oficialmente aposentado e de volta aos EUA, curtindo um sorvete doce e inocente, mas acabou sendo encontrado e preso pela distribuição de armamento no mercado negro, e então devidamente jogado na prisão da Zona Negativa criada por Reed Richards. Pouco depois, durante a Invasão Secreta dos skrulls, com Reed do oooooutro lado, Franklin Richards conseguiu convencer o genial cientista a ajudar a consertar o portal entre aquela dimensão e o nosso mundo, para que os heróis do Quarteto que estavam do lado de lá pudessem vir pra cá lutar contra os ETs transmorfos do queixo estranho.

No fim das contas, mesmo sofrendo com a morte de Rick e do filho dele, seu neto, morto durante a explosão em Stamford que serviu de ESTOPIM para a Guerra Civil, Phineas Mason continuou em atividade, mas acabou forçado a viver numa cadeira de rodas depois de ser atacado pelo Justiceiro em uma treta envolvendo o Metaloide. Uma de suas aparições mais recentes foi dando uma forcinha tecnológica para que Phil Urich, o novo Duende Macabro, pudesse melhorar seu equipamento, pra poder encarar a ofensiva do Homem-Aranha Superior. Mas a ajuda durou pouco, porque estava tudo orquestrado com Tiberius Stone, da Alchemax, novo pupilo/aprendiz do Consertador, para que a tecnologia do Duende falhasse...

No Universo Ultimate, o Consertador foi quase como que dividido em dois. Phineas Mason era, na verdade, um prodígio científico em uma das unidades de desenvolvimento para jovens gênios do governo dos EUA. Depois de ser capturado com seu time pelo Toupeira e libertado com a ajuda do Quarteto Fantástico, ele resolveu ficar pra trás e criar a sua própria civilização (!). Já o codinome Consertador passou a ser usado por outro personagem, Elijah Stern, que reuniu um grupo de supervilões para ajudá-lo a se vingar de seu antigo empregador, Donald Roxxon. Capturado, aceitou trabalhar com a S.H.I.E.L.D. durante algum tempo, mas logo voltaria à programação “normal” ao equipar o Sexteto Sinistro em seu plano definitivo para matar o Homem-Aranha. Mais tarde, acabaria morto pelo Gatuno – no caso, Aaron Davis, o tio de Miles Morales – por causa de seu envolvimento com o Duende Verde.

O potencial do Consertador como “facilitador” dos criminosos versão super da Marvel é ilimitado, podendo ser usado daqui pra frente tanto nos cinemas quanto, sei lá, em uma série como Agents of SHIELD. Porque estamos falando de um coadjuvante do tipo que simplesmente não existe no MCU até o momento, tão inteligente quanto o Homem de Ferro, acostumado a trabalhar com qualquer sucata que vê pela frente. E sem escrúpulo algum, claro. Porque quem pagar melhor, leva o canhão laser. E pouco importa o que vai fazer com ele.