Condenada é o novo livro de Chuck Palahniuk, o mesmo autor de Clube da Luta.
O que esperar da narrativa de uma garota de 13 anos, gordinha, filha de pais milionários, que acaba de acordar em uma cela no inferno após morrer de overdose de maconha? OVERDOSE DE MACONHA?!
Pois essa é a premissa de Condenada (Damned), o novo livro do Chuck Palahniuk, mesmo autor do já conhecidíssimo Clube da Luta.
A morte, a vida, o céu e o inferno sempre são alvos de muita especulação e, desde sempre, fonte de inspiração de muitos autores, desde Dante Alighieri até o próprio Palahniuk. O que torna Condenada uma obra tão interessante de ser lida é o fato da das impressões pelos olhos de Madison Spencer – a gordinha de 13 anos que acompanhada de uma patricinha gostosona, um punk de cabelo azul, um jogador de futebol americano e um nerd, sai para conhecer as paisagens desgraçadas do submundo.
Podemos apostar que nem nos seus pesadelos dormindo numa sexta-feira 13, de ponta cabeça, debaixo de uma escada, com um gato preto aos seus pés, o chinelo virado ao lado da cama e depois de quebrar um espelho, você conseguiria conceber as perturbadoras e flamejantes localizações satânicas que são descritas por Madison. Como um mar de esperma desperdiçado ou o deserto de caspa e até mesmo um pântano de vômito escaldante... E esses nem são os piores lugares para dar uma passada na sua visitinha ao Cramunhão!
Triste será descobrir que você provavelmente já está condenado a passar o resto dos seus dias post-mortem trabalhando no telemarketing ou na produção da pornografia virtual russa! Vai me dizer que não sabia que essas indústrias funcionam embaixo dos seus pés?! Bem embaixo eu quis dizer. A não ser que você tenha controlado o número de buzinadas no trânsito, os palavrões e os puns nos elevadores, aí sim você ainda está a salvo.
Cada um dos capítulos inicia com um pequeno monólogo da protagonista destinado ao próprio Diabo, seja para se explicar, desculpar ou até mesmo pedir um carguinho de confiança ao lado do Chifrudo.
Condenada é o primeira parte da saga póstuma de Madison, que completa formará uma trilogia. É interessante acompanhar Chuck Palahniuk em uma obra de tom um pouco mais satírico, sem deixar de lado a acidez e o sarcasmo. A leitura também pode ser observada como uma crítica à sociedade pós-moderna, já que recorre aos estereótipos que são tão conhecidos por nós. Como o da adolescente com problemas de auto-estima, a patricinha que vive de aparências, o punk problemático ou o jovem atleta valentão. Ou, principalmente, quando Madison conta sobre os costumes dos seus pais, que usam a adoção de jovens de países pobres como auto-promoção.
O livro, de 304 páginas, foi lançado agora em julho aqui no Brasil pela editora LeYa e custa R$ 39,90.