Em carta aberta, organização pede que o fim do filme nesse remake seja diferente. E, olha… Faz BASTANTE sentido. :)
Remakes são como a Dilma. Você tem todo o direito de reclamar, mas não adianta querer mudar o rumo das coisas no grito (e também não adianta chamar a polícia e pedir pra não fazer). O que você quer existe, sim, e tá lá. Pode comparar, pode achar o outro melhor. Mas tem muita gente que gosta e elas sendo a maioria... ¯\_(ツ)_/¯
Não deu muito certo com Alice no País das Maravilhas, mas depois de Cinderella — elogiado pra caralho pelos gringos — e o já confirmado Bela e a Fera (com a Emma Watson!), parece que o Mickey encontrou um novo FILÃO de atuação e vai investir pesado nele. E aí, na semana passada, surgiu a notícia de que Tim Burton vai dirigir o remake de Dumbo.
A história é putaquepariumente triste. A mãe do Dumbo é considerada louca e trancafiada por defender o filho que, por conta das orelhas gigantes, é zoado por todo mundo (Dumbo, inclusive, vem de DUMB). Ele fica sozinho, vira amigo de um rato, se torna palhaço por não conseguir fazer um número de pirâmide no circo... Até que descobre que pode voar, fazendo com que ele literalmente esfregue o pau na cara de quem o zoava até então.
No fim, por conta da popularidade, a Mãe do Dumbo é libertada e passa a viver com o pequeno num vagão exclusivo no trem do circo... E vivem felizes para sempre. Se é que podemos dizer que elefantes fazendo malabarismos vivem felizes. Ou sequer vivem, independente do “conforto” que têm ou não no trem.
Assisti uma vez, num avião, ao documentário An Apology to Elephants, exibido na HBO em 2013, dirigido por Amy Schatz. Pela sinopse, o filme mostraria a história dos humanos com elefantes e todos os problemas que surgem quando eles são levados pra viver em cativeiro, em circos e zoológicos. Mas o que eu vi naquele doc foi uma das piores coisas da minha vida. De embrulhar o estômago, de verdade. Me fazer chorar no meio de centenas de pessoas.
Eu já tinha sentido algo parecido quando, em 2012, vi pela primeira vez o “show dos Golfinhos” no SeaWorld, em San Diego. Um show que era basicamente o mesmo com as Orcas (que são golfinhos, sabia?), até que uma delas atacou e matou uma tratadora, fazendo com que não houvesse mais nenhum contato físico. Em ambos, o pessoal sobe nos bichos, os usa de ski... É, novamente, de embrulhar o estômago.
Esse sentimento, confesso, só surgiu depois que a Pepper Potts e a Amelie Poulain entraram na minha vida. Não as personagens, claro, mas sim minhas duas bulldogs. Um sentimento de que esse bichos PRECISAM de mim, pra absolutamente TUDO. Pra comer, pra beber água... Pra viver, basicamente. A Pepper ainda morre de medo de trovão e ao menor sinal de chuva, vem correndo ficar embaixo da minha mesa, de onde escrevo isso aqui e faço a maior parte do meu trabalho no JUDÃO.
Claro que não sou apenas eu que penso assim. Depois do anúncio do remake, o PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) liberou uma carta aberta, endereçada a Tim Burton, pedindo para que o final do filme seja diferente. “Esperamos que na sua adaptação de Dumbo, o jovem elefante e sua mãe possam ter um final feliz vivendo suas vidas num santuário, ao invés de continuarem presos e abusados pela indústria do entretenimento”, diz a carta, assinada por Lisa Lange, vice presidente sênior do PETA.
Essa é, oficialmente, a primeira vez que concordo com o PETA — não só pela ideia, mas até pelo método encontrado pra pedir a mudança do final do filme, o bom e velho diálogo. Nem mesmo a Pink, Lisa Edelstein, Olivia Munn e outras mostrando que preferem ficar peladas a usar peles me fizeram ficar do lado da organização.
Porque, sim, faz INFINITAMENTE mais sentido hoje se Dumbo e a Sra. Jumbo fossem viver num santuário. Porque hoje, sim, as pessoas SABEM o que acontece. E seria, no mínimo, difícil de acreditar num final feliz se ele fosse igual ao do filme original — que, vamos nos lembrar, continua igualzinho, produto do início dos anos 40, quando bichos no circo eram UMA COISA. Aliás, os CIRCOS ainda eram uma coisa.
Só como exemplo: o circo Ringling Bros., que na época do lançamento de An Apology to Elephants disse que o doc era parcial (óbvio que era, e tinha mais que ser!) e defendia uma política “anti-circo”, anunciou há alguns dias que, em 2018, vai acabar com os números envolvendo elefantes.
Ao mesmo tempo, o SeaWorld vem tendo uma diminuição de visitas (e lucro) desde 2013, quando um outro documentário, Blackfish, mostrou o jeito que a empresa trata as Orcas. Funcionários já foram demitidos, um executivo pediu pra sair...
Eu nem sei exatamente se essa nova versão vai incomodar alguém, só por ser um remake live action de um filme antigo. Mas tenho certeza de que a mudança do final geraria algum tipo de indignação.
Olha só... Estamos em 2015. Existem MILHÕES de maneiras de se entreter. De graça, pagando pouco, pagando muito. Na vida real, com um APARATO ELETRÔNICO... Eu sei, é bonitinho ver um bicho fazendo umas coisas aleatórias. Mas, como disse o próprio PETA na tal da carta aberta, “elefantes não atuam porque querem. Eles atuam porque têm medo de apanhar se não o fizerem”. Nem elefantes, nem baleias... De repente, não é mais tão bonitinho assim, né?
Tomara que Tim Burton — e, principalmente, a Disney — levem isso em consideração. :)