Tô falando do Damian, que é a grande razão da existência de O Filho do Batman — esse sim, legal pra caramba. ;)
Bruce Wayne, o Batman. Ok, apesar das polêmicas sobre a sexualidade do cara (que, veja só, já foram escritas no livro A Sedução do Inocente, mas isso é uma outra história já contada aqui no JUDÃO), o cara tem um filho. E o fedelho atende pelo nome de Damian Wayne. Só que o garoto não é um adolescente normal. QUER DIZER, ele é justamente um adolescente normal: chato, intempestivo, acha que tá sempre certo e vai onde quer. E, cara, é exatamente isso que faz o filme O Filho do Batman, recentemente lançado em DVD no Brasil, ser legal. :D
Começando pelo começo: um filho pro Batman não é necessariamente uma ideia que surgiu do nada lá na cabeça do pessoal da Warner Bros. Animation. Na real, a semente disso nas HQs foi plantado ainda em 1987 na polêmica O Filho do Demônio. Naquela história, o Batman tem um caso com a Talia al Ghul, que fica grávida, e luta ao lado do ~sogrão Ra’s al Ghul até com uma arma de fogo em punho. No final, a aliança se defaz e Talia abandona o filho, algo que é desconhecido para o pai.
Por muitos anos, a DC considerou essa como uma HQ fora da cronologia justamente por conta dessa polêmica toda. Porém, quando Grant Morrison assumiu os roteiros do Morcegoman em 2006, reintroduziu Damian como um adolescente. O recado era claro: recriar a estrutura das histórias do Homem-Morcego e jogar uma carga que o personagem nunca teve, que é justamente a responsabilidade de ser PAI.
Ok, ele adotou Dick Grayson, o primeiro Robin, como filho. Também criou Jason Todd, o segundo e revoltadinho. Fora a adoção do Tim Drake, o terceiro Robin, quando ele perdeu os pais (cara, esse Bruce tem problemas paternos MESMO). Mas com Damian era diferente: o garoto fora criado pelo avô e pela Liga dos Assassinos. Há o mal dentro dele. E também o bem. Damian acaba eventualmente assumindo o manto de Robin e, pela primeira vez, não tínhamos Bruce levando um garoto de roupa colorida por aí para se arriscar, mas sim tentando canalizar toda aquela energia brutal do próprio filho, que é uma RESPONSABILIDADE dele. Botá-lo pra fazer o bem, caso contrário ele faria o mal.
Por tudo isso, foi acertada a ideia de adaptar esse arco para um longa-metragem. Até porque, na boa, a essa altura já foram feitos diversos filmes animados com o Batman, fora as séries. Tudo que muda essa dinâmica do Cavaleiro das Trevas, que renova o herói de alguma forma, é bem-vindo. Claro que o filme faz algumas mudanças no enredo original, que não funcionam tão bem, confesso. Entre elas, mudaram a importância do Ra’s, colocaram o vilão Exterminador (Deathstroke no original dos gibis, não é aquele do Schwarzenegger) como o “cara a ser batido” e ainda apagaram completamente a presença de Tim Drake, que, nas HQs, era o Robin até então.
Aliás, o filme muda o comportamento do Damian em relação ao posto de Robin, ou ainda o comportamento da Talia ao revelar de quem era o filho dela. Quem leu a HQ sabe que isso é explorado de uma forma melhor pelo roteiro de Grant Morrison.
Pois é. O Filho do Batman não é perfeito ou ótimo, mas é bom, apesar das mudanças. O foco central, o relacionamento entre pai maluco e filho revoltado, tá lá. E ele é um saco. Mas todo mundo aprende a gostar. :D
(A Warner — como sempre faz com as animações da DC — lançou o filme apenas em DVD no Brasil. Ok, nem sempre se faz questão da alta definição nesse tipo de filme, mas lançamentos simultâneos em DVD e Blu-ray por aqui já deveria ser regra...)