O dia até que começou morno (e não tô falando do tempo, porque esse tá QUENTE BAGARAI!). Com a fofura de Trolls e a política de Snowden num Hall H bastante vazio, uma pausa para o almoço, uma ou outra volta e alguns Pokémons, tudo ia bem calmo no centro de convenções.

Nossa cadeira na primeira fileira do Ballroom 20 talvez não tivesse preparada para o que aconteceria dali alguns minutos, regressivamente contados no telão. Esperava o primeiro episódio completo de Luke Cage, que acabou não vindo. Mas o que ganhamos também foi bem sensacional.

Com as luzes apagadas, no telão surgiu um video-montagem das três séries da Marvel exibidas no Netflix: Demolidor, Jessica Jones e (as primeiras cenas de) Luke Cage. O trem do hype, definitivamente, tinha chegado àquela estação.

Jeph Loeb, produtor executivo e chefão da Marvel Television, todo feliz e sorridente, entrou no palco. Enquanto ele tava lá, empolgando a galera, fazendo a gente gritar o nome das séries alto o suficiente pros executivos da Netflix nos escutarem lá de Beverly Hills, eis que Jon Bernthal, o Justiceiro em barba e pessoa, sobe ao palco meio nervoso, e cheio de marra diz: “e aquele video ali que você acabou de mostrar? Tem como rodar de novo?”, se referindo à montagem, que termina justamente com uma cena de seu personagem. Loeb enrolou e foi interrompido novamente sendo meio que FORÇADO a rodar o vídeo mais uma vez.

Apesar das esperanças, ele tava ali só pra dar um oi, dizer que ficou muito feliz em interpretar o Frank Castle e que o faz com bastante seriedade e responsabilidade, pricipalmente porque sabe o quanto o personagem significa pros fãs, informando que a série solo do Justiceiro já vai começar.

E nada da segunda temporada de Jessica Jones.

Cheo Coker, showrunner de Luke Cage assumiu o palco, seguido do elenco: Frank Whaley (Rafael Scarfe), Theo Rossi (Shades) – que vem sem óculos escuros mas logo ganha um de Jeph Loeb –, Simone Missick (Misty Knight), Mahershala Ali (Cornell Stokes/Cottonmouth), Alfre Woodard (Black Mariah) e, claro, Mike Colter (também conhecido como Lulu <3).

Rosario Dawson também estará na série, trazendo sua já conhecida Claire Temple, mas não pode estar presente porque tá ocupada gravando uma outra série da Marvel. Qual? Segunda temporada de Jessica Jones é que não é.

O primeiro vídeo do painel veio logo na sequência. Nele, Luke Cage aparece entrando numa academia de boxe; um monte de gente o ataca e ele, claro, ignora todos os tiros que toma e destroi todo mundo. Ao ver que a galera não desiste e continua tentando neutralizá-lo, questiona “vocês ainda não me conhecem, né?”. Ele anda até uma sala e é recebido com uma chuva de tiros e sua única reação é “tô ficando cansado de sempre ter que comprar roupas novas”. Lulu então se aproxima de um dos atiradores (que nessa hora já correu pra se esconder atrás de uma mesa), o pega pelo pescoço e começa a ameaçá-lo: diz que quer ir atrás das armas que mataram seus amigos, que pode pegar o camarada e jogá-lo de uma ponte – e aqui ele faz questão de dizer que a queda não é mortal, o problema é o impacto do corpo contra a água, e o afogamento lento, e que nessa hora o seu primeiro pensamento seria “por que eu não dei ao Luke o que ele queria?”. O cara sabidamente resolve apontar Luke na direção correta e o vídeo termina com Cage pegando um casaco e perguntando se “tem esse em XL?”

O Harlem é um personagem. Nós temos toda a importância cultural e histórica, tudo que faz o Harlem ser importante através dos tempos está lá

Coker afirmou que que escolheu comandar Luke Cage por já ler os quadrinhos há bastante tempo e que esse é o melhor momento pra se contar essa história. “Como você sabe, não há muitos super-heróis negros, e Luke Cage se destacou. Ele não é só forte, ele é engraçado, ele é legal. E mesmo agora, mesmo que o personagem tenha surgido em 72, quando eu penso o que tá rolando nesse momento, o mundo tá pronto para um homem negro à prova de balas”.

Alfre Woodard diz que ficou muito empolgada com o roteiro e queria de todo jeito ser “convidada para a festa” e ainda destacou a importância do Harlem para série, funcionando quase que como um personagem extra. Frank Whaley disse que o roteiro o transportou para um outro plano; mostrou a ele a alma da série.

Perguntado sobre a musicalidade de Marvel’s Luke Cage, Cheo Coker resumiu como a “Wu-Tang-Clanização do universo Marvel”, com cada um dos 13 episódios sendo nomeado com o título de uma música do Gang Starr, e que quer que o telespectador tenha a mesma experiência de ouvir um disco quando estiver assistindo tudo de uma vez.

O rap, especialmente o gangsta, é parte importante de toda a série e uma cena deixa isso bem claro: Cottonmouth aparece em frente a um pôster de Notorious BIG, como se a coroa de Biggie Smalls estivesse na sua cabeça. “Chama o olho, né? A coroa? Sabe por quê? Porque todo mundo quer ser rei”. E aí ele dá uma surra em um cara, perguntando sobre seu dinheiro. O camarada tenta dizer que não sabe de nada, mas é interrompido pelo vilão, que diz que a única coisa que ele odeia mais que ladrão é mentiroso, e revela já ter encontrado a grana. “Agora eu vou te bater como homem”, diz Cottonmouth depois de receber uma cusparada na cara, espancando o cara ainda mais. Shades também está na cena, mas apenas observando tudo.

“Ele contava histórias tão bem nas suas letras, e amava filmes de gângster, então é meio que uma homenagem a ele e ainda define a cena” disse Coker sobre a foto de BIG — essa aí do lado. O cara, que conheceu Biggie Smalls, foi um dos primeiros e últimos a entrevistá-lo, e ainda escreveu a cinebiografia de Christopher Wallace, lançada em 2009.

Outra cena exibida, focada nos vilões, mostrou uma discussão forte entre Cottonmouth e Mariah, pois aparentemente o clube de Cottonmouth foi invadido e ele não tá nada feliz com isso. A coisa toda foi bastante intensa e deu pra perceber que o vilão, muito bem interpretado por Ali, vai ser bem pesado.

Mike Colter disse que até agora nós só conhecemos Luke Cage pelos olhos de Jessica Jones, mas que em seu próprio show a história é diferente. “Luke tem seus próprios problemas”. Segundo ele, Luke é um cara quieto e RESERVADO, que tentou esconder quem realmente é, mas que agora tá tudo vindo à tona.

Theo Rossi contou que ficou meio bolado de ter que interpretar sem mostrar os olhos, e que assistiu bastante à Demolidor pra pegar umas dicas. Falou que seu personagem é um oportunista que faz qualquer coisa pra chegar onde quer, e Loeb o resumiu como “o Mindinho (Game of Thrones) do mundo de Luke Cage” ;D

Depois de Simone Missick falar sobre como sua personagem, Misty Knight é forte, que toma conta de si mesma e não é só a esposa, ou sidekick de ninguém (you go, girl!), aparece na tela a cena onde a conhecemos pela primeira vez com sua roupa de trabalho. No caso, Misty está num vestido de festa, esperando alguém na rua, quando Luke se aproxima e pergunta se ela tá esperando um Uber. Ela não dá muita conversa pra ele, pergunta se ele é um policial procurando pelo Stokes e vira as costas. Luke pergunta então se ela tá esperando por uma Escalade preta, que acabou de ir embora, no que ela questiona se ele não tem mais o que fazer. Ele diz que acabou de sair do trabalho e está indo pra casa, e Misty pergunta se ele não quer ir tomar um café. “Eu não gosto de café”, diz Luke, “nem eu”, responde Misty, toda sapeca. E na próxima cena tão os dois se pegando e roupas voando. ¯\_(ツ)_/¯

Aos gritos enlouquecidos da galera depois da exibição primeiro teaser, o elenco levanta pra se despedir e posar pra fotos, com um último recado de Alfre: “suas mentes vão explodir!”. TOMARA!

Mas Loeb continua lá, meio que andando perdido pelo palco, quando no telão aparece o Finn Jones falando que está no set de… PARA! O Loeb entra em desespero e manda cortar o vídeo. Oi?! E por que o Joe Quesada voltou? Pra insistir mais uma vez que tem coisa pra falar e quando finalmente consegue permissão pra abrir a boca, avisa que a série do Demolidor foi renovada pra uma terceira temporada (enquanto Jessica Jones ainda não foi renovada para uma segunda!) e aí sim chamam o video que foi interrompido anteriormente, que era nada mais, nada menos, que imagens inéditas de Punho de Ferro.

Meu senhor que a última vez que eu vi o povo gritar tanto foi quando JJ Abrams levou a galera do Hall H inteiro pra um concerto de Star Wars, no ano passado.

E teria sido só essa galera que endoidaria, caso ALGUÉM com acesso às redes sociais do Netflix Brasil não tivesse, sem querer, publicado o vídeo no twitter. Com mais de 831.000 seguidores, ALGUÉM viu, ALGUÉM salvou e não tiveram outra opção se não liberar oficialmente.

O Punho de Ferro de 2016 é o Esquadrão Suicida de 2015. :P

Mal deu tempo do povo respirar, de Loeb dizer “agora vocês viram pra onde estamos indo com Defenders” e as luzes se apagaram novamente, “Come As You Are” do Nirvana e, just like that, temos um teaser de Os Defensores! \o/

Acordei achando que teria um dia tranquilo, “ah, só tem Luke Cage de big deal; estamos de boa”, tomei umas pedradas tensas e cá fiquei eu, cheia de vídeo exclusivo pra descrever pra vocês e com uma ansiedade tensa pra colocar meu pijama, deitar no sofá e passar o dia inteiro com o Netflix ligado a partir de 30 de Setembro, quando Luke Cage estreia.

Até porque, a Comic-Con continua por mais três dias... ;D