Melhor animação da história retorna aos cinemas no próximo dia 26. E vale a pena todo e qualquer esforço pra assistir.
Pra alguns, um filme é um simples objeto de coleção. Pra outros, é algo pra se ver até decorar as falas e irritar todo mundo quando “prevê” o que o personagem vai falar. Pra mim, assistir a um filme é uma experiência — ou, pra ser bem mais exato, várias experiências.
Já assisti a filmes com todos os tipos de vontades, com todos os tipos de ideia na cabeça, com todos os tipos de interesse, com todos os níveis de sono, e com tudo que se pode fazer pra mudar uma experiência. Já me obriguei a reassistir a um filme pois não vi a primeira vez da maneira mais correta, e já revi filmes pelo simples fato de poder rever.
Tirando Eurotrip e Curtindo a Vida Adoidado, eu não costumo ver um filme mais de uma vez. Assisto a primeira e só vou retornar a ele quando eu me esquecer — quando eu lembrar que eu achei o filme legal, engraçado, ruim, e não as razões pelas quais achei tudo isso. Assim, não estrago a primeira experiência. Ela fica lá, a segunda é diferente… Ou não.
Eu assisti a O Rei Leão quando estreou, em 1994. Lembro de ter ido com a minha mãe e minha irmã. Eu tinha 10 anos, ela 4. Me lembro que gostei e muito, achava legal, ouvia o CD com a trilha sonora que eu aluguei (RITMOON!) até furar e/ou eu devolver, joguei o jogo de PC e tinha em VHS.
Nunca o vi em VHS, não cheguei a comprar DVD, não vi o segundo nem o terceiro filme (e não tenho a mínima vontade de ver) e sempre que tava na TV, eu via um ou dois trechos, nunca tive a vontade de assistir ao filme novamente. Não sei te dizer o motivo.
Eis então que chegou pra mim o convite para a exibição de O Rei Leão 3D. Eu já pré-comprei o Blu-Ray e queria ver novamente o filme no cinema. Eu queria ter uma outra experiência, 17 anos mais velho, 17 anos mais cheio de coisa na cabeça, 17 anos de vida a mais, 17 anos de experiências ótimas, ruins, boas, péssimas.
…além de ser meu trabalho ir e contar pra todo mundo sobre a conversão em 3D, dublagens e tudo mais. Mas eu falo sobre isso no final, porque, sinceramente, foda-se o 3D, foda-se a dublagem, foda-se o tudo mais.
Rei Leão é a melhor animação já produzida — e dificilmente será superada — e é um dos melhores filmes existentes por aí. Vê-los com os olhos de adulto, de quem quer ser pai… Porra. Foi uma das melhores experiências que já tive no cinema.
Melhores a ponto de eu não ligar pro fato de estar chorando desde que o Mufasa aparece na pedra do Rei, pouco antes de apresentar o pequeno Simba. A emoção de poder assistir a esse filme de novo, do jeito que eu assisti quando criança, depois de velho, é indescritível. Aventura, ação, terror, romance, comédia… Que outros filmes conseguem ter tantos gêneros juntos, encaixados, pra contar uma história?
Fora que é aquele tipo de animação que entretem as crianças — havia várias na sessão e, surpreendentemente, todas ficaram quietas, prestando atenção devida ao filme — mas é pro pessoal mais velho. Pro pessoal que entende uma relação com pai, entende a merda que é você ter de virar adulto quando não quer (e pior ainda quando tem gente jogando contra).
O Rei Leão 3D chega aos cinemas no dia 26 de Agosto e, infelizmente, ficará por pouco tempo em cartaz, e em pouquíssimas salas — de acordo com a Disney, cerca de 100 (todas dubladas), o que eu imagino que seja basicamente as 3D. Se na sua cidade não tiver sala de cinema 3D, dê uma pesquisada pelo local mais próximo.
É o filme original, dos cinemas, com a mesma dublagem — Garcia Júnior emprestando a voz pro Simba, Paulo Flores pro Mufasa. É exatamente o que você viu e ouviu quando era criança, no cinema. Deixa esse maldito mimimi de que você não gosta de filme dublado. Vai pro cinema.
Sem mimimi também pelo 3D. É um filme 2D, animação tradicionalíssima, dá pra notar até imperfeições no traço… Mas convertido. O resultado é apenas e tão somente profundidade. Desnecessário, talvez. Mas não é isso que vai mudar a experiência.
O Rei Leão, 3D, 2D, no cinema, em Full HD na sala de casa, é uma lição de vida. É um filme que deveria ser parte do caráter de todas as pessoas nessa porra de mundo merda em que a gente é obrigado a viver.
E fica aí um beijo pra quem ainda acha que a Pixar é que sabe das coisas.