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As dores e as delícias de jogar Star Wars Battlefront… :D

Teria tantos clichês para começar um texto sobre Star Wars Battlefront que poderíamos acabar quebrando a internet tentando explorar tantos começos. Mas esse texto não começa com “em uma galáxia muito, muito distante” ou com qualquer outro chavão que poderia se esperar.

Ele começa com a impressão de um sujeito que, na crise da meia idade, resolveu que compraria um PlayStation 4. E que, por ter crescido fazendo o som de “uón” quando brincava com um cabo de vassoura, se empolgou acreditando que poderia ser um Jedi com o controle na mão.

O jogo da EA me ganhou meses atrás quando a desenvolvedora mostrou um trailer com a Batalha de Hoth, aquela peleja em um planeta gelado no início de O Império Contra-Ataca. Aquela cena no cinema dá uma vontade tremenda de vestir um capacete e sair atirando contra a Aliança. Ou, para quem torceu para Vader, pisotear uns rebeldes com os pesados AT-ATs.

O Beta ficou tão pouco tempo disponível que não consegui jogar. Fiz a pré-compra e aguardei — a contagem regressiva para a instalação me enchia de esperança até que iniciei me preparei para a Batalha. Seria épico.

Star Wars Battlefront

Começando pelas Missões solo, o que podemos dizer é que este não é um jogo pra isso. É pra ser jogado online, com a galera. Os modos singleplayer são muito simples e pouco empolgantes, sendo ideais para um pouco de treino. Mas, se você for um sujeito afobado, você vai acabar pulando essa parte e indo direto para a carnificina online.

Entrar em uma batalha multiplayer de Battlefront pela primeira vez se provou humilhante. Mais ou menos como teria se sentido Obi-Wan Kenobi se ao confrontar Darth Vader com seu sabre de luz vermelho estivesse segurando uma espadinha de plástico azul. Fazendo um lacônico “uón” com a boca enquanto sumia, em um só golpe, dentro de um manto escuro.

Star Wars Battlefront

Há um grande potencial de diversão, mas não é para novatos. Você vai sempre encontrar uma galera muito evoluída, que subiu de ranking por ter muito tempo livre, com dias que pelas minhas estimativas devem somar, pelo menos, 42 horas.

Mas até esse lado de Battlefront parece ser bom. Ao menos serve para mostrar para essa nova geração de jogadores o que era a frustração de estar jogando Marvel vs. Street Fighter no fliperama e ouvir HERE COMES A NEW CHALLENGER de um cara muito superior a você. Ou não.

O game de tiro em primeira pessoa adotou esquemas já conhecidos nos games: a compra de itens e armas e o ganho de experiência. Completando missões você sobe no ranking e isso destrava novas armas que poderão ser compradas com moedas convertidas a partir de seu desempenho nas tarefas. Muito legal, não é? Muito, mas no começo você vai se ver atirando com uma pistolinha contra soldados com propulsores que vão atirar dos céus e snipers que são extremamente bons nas miras — a vida realmente não é justa, nem aqui, nem em uma galáxia muito, muito distante, e piora quando a gente descobre que outra tática antiga que parecia infalível em FPS, que é o de entrar com a arma ruim e esperar um parceiro mais bem equipado morrer para saquear as suas armas não é possível.

Passado o susto inicial, com muita perseverança, devemos lembrar, as coisas começam a ficar interessantes. Em alguns dias de jogo, com um ranking mais avançado, a brincadeira vai ficando mais legal e é possível até começar a equiparar a taxa de kills/deaths, que diz quantos você matou na partida e quantas vezes você matou, um bom indicativo de sucesso, mesmo que você leia a palavra DERROTA na tela, vez ou outra (afinal, este é um jogo cooperativo com modos com objetivos que vão bem além de matar geral).

Star Wars Battlefront

Os modos multiplayer são variados e bem conhecidos do público de FPS, a tirar é claro a ambientação e algumas ligeiras diferenças. Há modos em que se deve capturar carga e droids, há um chamado Supremacia que adoramos, em que é preciso manter o controle de um território (adoramos por ter sido o que nos ajudou a subir bastante no ranking) e há modos diferentes como o Ataque dos Walkers.

O Ataque dos Walkers é a alma de Battlefront. É o chamariz que fez o game ser aguardado quando o trailer da batalha de Hoth foi mostrado, e o que aproxima os apaixonados por Star Wars do sonho de participar de batalhas da trilogia sagrada. O Império está avançando pelos cenários e você pode ter uma de duas missões: impedir as máquinas de guerra imperiais ao lado dos Rebeldes ou proteger o maquinário lutando para as forças do Imperador.

Quem joga há bastante tempo deve lembrar de um game de controle de naves chamados X-Wing. Quem gostava deve adorar a possibilidade de pilotar naves como A-Wings, X-Wings, Tie Fighters e até a Millenium Falcon no modo Esquadrão de Combate, todo no alto.

Star Wars Battlefront

E pra quem chega ao game procurando personagens clássicos, os modos Heróis vs. Vilões e Caça ao Herói são sensacionais. O primeiro coloca os personagens em confronto e o segundo é o que a molecada da minha época chamaria de “eu contra a rapa”, em que um jogador é um vilão ou herói lendário e precisa combater uma avalanche de inimigos. Morreu? A chance passa para o próximo e ganha quem matar mais oponentes no controle do personagem procurado.

Cada modo tem uma capacidade máxima, com os principais aceitando até 40 jogadores, que é quando as partidas ficam realmente legais. Dê cobertura, seja ajudado, ou se for as suas primeiras vezes, sirva como bucha em missões quase suicidas. O HUD serve para indicar onde está a sua equipe e também onde estão os inimigos, assinalando os pontos de perigo em vermelho, vá com tudo para cima!

Como tempero de cada batalha está um visual de cair o queixo, um áudio cuidadoso com efeitos sonoros tirados dos filmes e dublagens em português que auxiliam o jogo e dão outras coordenadas aos combates. É possível, por exemplo, saber quando um inimigo especial está aparecendo no cenário ou quando um objetivo está sendo completado.

E, é claro, a possibilidade de encontrar power-ups como controlar temporariamente um vilão ou herói durante a partida ou subir em uma nave e realizar ataques do alto também são excelentes para quem cansou de morrer em combates terrestres.

Apontar para quem é Battlefront é fácil: é um jogo para quem curte FPS e para quem vibra com Star Wars. Para quem não sabe jogar muito bem, a nossa dica é arrisque, xingue. Se irrite, mas continue. Você pode não ser o melhor, mas como é bom derrubar um trooper com um tiro só na cabeça ou acabar com aquela escória rebelde pilotando um AT-ST...