Eis que temos mais um grande nome do ROQUENROW embarcando numa suposta turnê de aposentadoria. Mas vejam bem: SUPOSTA, tá?
Prestes a completar seus 69 anos, um tiozinho inglês chamado John Michael Osbourne saiu dizendo por aí que vai se aposentador. Trabalhou a vida inteira, juntou um dinheirinho, agora quer curtir a vida, tomar umas biritas, levar os cachorros pra passear no parque.
Seria um anúncio absolutamente comum e corriqueiro se este tiozinho aê não fosse um dos músicos mais consagrados do planeta e não atendesse pelo apelido de Ozzy.
A turnê oficial de “aposentadoria” de Ozzy Osbourne começa em Maio de 2018 e deve se estender até 2020. O ponto de partida será no México, passando por Chile, Argentina e em quatro apresentações no Brasil, em São Paulo (13/05), Curitiba (16/05), Belo Horizonte (18/05) e Rio de Janeiro (20/05). Depois da América do Sul, Ozzy parte então pro Velho Continente – Rússia, Finlândia, Suécia, Inglaterra, República Tcheca, França, Itália...
Ao seu lado, estarão o amigo de sempre Zakk Wylde nas guitarras (que recentemente retornou para tocar ao lado do mestre, depois de uma substituição temporária pelo igualmente talentoso Gus G) e ainda Blasko no baixo, Tommy Clufetos na bateria e Adam Wakeman nos teclados.
O mais irônico desta história é que em Setembro, dois meses atrás, algum tempo depois da turnê final do Black Sabbath, ele foi questionado pela Rolling Stone sobre sua própria pendurada de botas, agora na carreira solo. “As pessoas da minha idade vivem dizendo ‘ah, tenho 65 anos, estou aposentado’. E aí eles morrem. Meu pai pegou uma grana do seu trabalho da vida toda, fez o jardim e aí morreu. Não vou me aposentar. As pessoas ainda querem me ver, então do que vou me aposentar?”. Parece que alguma coisa mudou na cabeça do Príncipe das Trevas nos últimos sessenta dias, né?
“As pessoas ficam me perguntando quando eu vou me aposentar”, afirmou o cantor, em comunicado oficial liberado na segunda-feira (6), ao anunciar a turnê. “Esta será a minha turnê mundial FINAL. Mas não posso dizer que não farei mais uns shows aqui e outros ali”. ALÁ. O bom e velho papo de “última turnê global”. ;)
É o tipo de comentário que me lembra dos caras do Scorpions. “Tamos velhos, sacumé, queremos dar uma desacelerada”, disseram. “Queremos sair no topo, não queremos ser uma caricatura”... E, bom, os caras continuam aí. Eles e também o Judas Priest, que em 2010 embarcou na Epitaph Tour, a última série mundial de shows de sua carreira. Ganha um doce com cara de caveira quem adivinhar qual é a banda que andou tocando por aqui recentemente...
“Durante aquela turnê, a gente começou a perceber que estava se divertindo muito”, disse o guitarrista dos Scorpions, Matthias Jabs. “Decidimos então que queríamos apenas desacelerar, pisar no freio, não fazer tantos shows assim. Nunca dissemos que íamos encerrar as atividades. Dissemos apenas que queríamos sair da roda do hamster – turnê, faz disco, turnê, faz disco...”. Foi a mesma justificativa do guitarrista Glenn Tipton, do Judas. “Gostamos de cada segundo da última turnê, ficamos empolgados com o disco novo”. Prometo que nem vou mencionar aquela turnê final do Kiss. ;)
Essa não é a primeira vez que Ozzy flerta com a tal da aposentadoria. No dia 15 de novembro de 1992, o cantor encerrou a chamada No More Tours, cujo título era mais do que uma brincadeira com o disco que estava sendo divulgado na época, No More Tears. O cantor tinha afirmado que ia parar mesmo, tava cansado, não queria mais continuar. “Isso é totalmente verdade. É o fim da estrada pra mim”, afirmou ele, na época, pra Rolling Stone. “Tenho uma casa que eu quase nunca vejo, tenho um carro que nunca dirijo, tenho uma família para a qual nunca retorno”.
Mas, antes de deixar os palcos em definitivo, lá foi ele para o segundo dos dois shows especiais que trariam não apenas seu trabalho sozinho, mas também uma pequena reunião de três músicas com os parças de Black Sabbath com os quais não tocava há muito tempo, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward (num episódio que fez o Dio, na época vocalista do Black Sabbath, ficar bem do puto da vida). E eis que então a aposentadoria do sujeito durou poucos dias – porque lá estava ele se dizendo “cansado” da aposentadoria. “Ah, não demorou muito e lá tava eu escrevendo canções outra vez”.
A partir daí, aos 45 anos, parou de beber, retornou aos estúdios (para o ótimo Ozzmosis, de 1995, que renderia a turnê sintomaticamente batizada de Retirement Sucks Tour) e embarcou na jornada louca conhecida como The Osbournes, o reality show que “vendeu” Ozzy para toda uma nova geração de fãs.
Por falar na família, aliás, não chega a surpreender que, recentemente, ninguém menos do que Sharon Osbourne tenha anunciado o seu afastamento do mundo do entretenimento – atualmente, ela vinha atuando como uma das juradas do reality musical X-Factor. “Quero sair com dignidade”, afirmou a também empresária de Ozzy, em entrevista ao The Sun. “Já me dei mais cinco anos extra, é hora de dizer adeus a esta indústria. Tô trabalhando aqui desde os 15 e acho que é o suficiente. É difícil entrar e perceber que você é a pessoa mais velha da sala. Quando se chega em certa idade, isso pode ser constrangedor”. E quando diz que quer passar mais tempo com os filhos, com os netos e com o maridão, ela dá a dica: “Não quero o Ozzy cantando Crazy Train com 75 anos. É melhor sair de cena antes dos 70 e sair no topo”.
E então, quatro meses depois desta entrevista, vem o anúncio da turnê final do cônjuge dela. É. Acho que agora tudo faz muito mais sentido. Porque o próprio Ozzy já disse muitas vezes que sabe bem quem é que manda naquela casa. ;)