Pela primeira vez, Warner Bros. escolhe uma mulher como CEO | JUDAO.com.br

Demorou, tipo assim, só um POUQUINHO, né

Há alguns meses, a Warner Bros. vem passando por reviravoltas significativas com algumas lombadas pelo caminho, como a concretização da fusão com a AT&T e a retirada de seu antigo CEO após relatos ~intrigantes sobre Kevin Tsujihara ter usado sua posição privilegiada para conseguir audições para uma mulher com quem estava envolvido.

Apesar de Tsujihara ter negado que tenha agido de forma direta nos trabalhos conseguidos pela atriz, a situação embaraçosa – e nada ética – acabou forçando um convite para sair.

Depois de meses cheios de boataria sobre quem seria o novo dono da posição, o estúdio finalmente anunciou que Ann Sarnoff será a primeira mulher no cargo de CEO em toda a sua história de quase 100 anos.

“Ann mostrou a capacidade de inovar e aumentar as receitas e abraçou a evolução que está ocorrendo em nossa indústria”, disse John Stankey, CEO da WarnerMedia, em um comunicado à imprensa. “Estou confiante de que ela será um ótimo ajuste cultural para a WarnerMedia”, completou.

Apesar do anúncio ter sido recebido com bastante surpresa pela mídia e até por partes da indústria, as áreas de especialização de Sarnoff são perfeitas para as ambições da WarnerMedia. Por exemplo, durante anos, enquanto era presidente da BBC America, a nova CEO desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da BBC Worldwide, trabalhando para aumentar a distribuição de canais como aquele no qual atuava diretamente e que ganhou um aumento significativo de assinantes nos últimos anos.

Nascida em Massachusetts e graduada em marketing, a executiva trabalhou durante uma década na Viacom, com foco principalmente na Nickelodeon e na VH1. Depois de passagens pela Dow Jones Ventures e pelo Wall Street Journal, foi parar na BBC, primeiro como chefe de operações da BBC Worldwide North America e depois como principal responsável pelo BBC Worldwide’s Global Production Network.

Sarnoff concebeu e lançou o serviço de streaming BritBox a partir do zero, negociando parcerias e supervisionando métodos alternativos de monetização, além de estar envolvida para fazer uma marca como Doctor Who se tornar algo de abrangência global, com ganhos superiores à US$ 100 milhões no mercado varejo. Se Sarnoff conseguiu transformar um produto tradicionalmente britânico em um sucesso mundial, imagine o que ela poderá fazer com marcas estabelecidas como Harry Potter e mesmo com a própria DC.

Com esse inegável histórico de sucesso, Sarnoff é uma escolha bastante segura para liderar a divisão cinematográfica, televisiva e ajustar os próximos passos cruciais no futuro do estúdio, diante de uma Disney se agigantando com a compra da Fox e o lançamento do seu Disney+. No outono norte-americano de 2019, a própria WarnerMedia deverá lançar seu iminente serviço de streaming – que ainda não tem qualquer data de lançamento divulgada e deverá custar entre US$ 16 e US$ 17 dólares por mês.

Mas, de forma nada surpreendente, Sarnoff estará em um ambiente povoado por homens e será a ÚNICA mulher no nível executivo da empresa, comandando Toby Emmerich, diretor de cinema do estúdio, e Peter Roth, chefe de TV da Warner. Claramente, a Warner Bros. está demonstrando seu compromisso em aumentar a representação das mulheres em posições executivas, já que outro homem poderia ter sido contratado para a posição. Talvez esta evolução só esteja acontecendo por causa das muitas acusações que rondam diversos homens? Talvez, mas é bom ver os ventos da mudança finalmente chegando, mesmo que demore literalmente quase UM SÉCULO para isso acontecer.