Pelo streaming, HBO é o novo lar da Vila Sésamo | JUDAO.com.br

Eles terão episódios da série infantil com exclusividade por nove meses – incluindo não só o canal pago, mas também os serviços de video on demand, tirando alguma audiência do Netflix e da Amazon

A Vila Sésamo tem um novo lar. A tradicional série infantil americana sempre foi exibida nos EUA no PBS (que é mais ou menos como a TV Cultura — que, aliás, exibe a série ainda hoje por aqui), mas agora também será vista na HBO. Isso incluindo não só o canal pago, mas também as plataformas de streaming da empresa, HBO Go, HBO On-Demand e no HBO Now – o que parece ser, nesse caso, a parte mais importante da jogada.

O acordo foi feito entre a HBO e a Sesame Workshop, que produz a série. A partir da próxima temporada, e pelas quatro seguintes, a empresa exibirá os novos episódios em primeira mão com uma exclusividade de nove meses, pra só depois poderem ser exibidos no PBS. E, como você sabe, nove meses para as crianças é tipo UMA VIDA INTEIRA. Além disso, outros 150 episódios antigos ficarão disponíveis pra programadora.

Vai ter Ênio, Come Come, Garibaldo, Elmo (ou, se preferir, Ernie, Cookie Monster, Big Bird, Elmo) e toda galera em tudo quanto é lugar, até não querer mais.

Outro detalhe é que, pelo novo acordo, a Sesame Workshop vai produzir quase que o dobro de conteúdo em relação ao que fazia antes, incluindo spin-offs educacionais totalmente novos. Não foram divulgados números, mas o acordo chega num momento bem importante pra empresa. Tudo porque apenas 10% da receita deles vinham das exibições no PBS, com o resto chegando a partir de licenciamento e home vídeo (um mercado que vem decaindo, por causa dos serviços de streaming). Tanto é que, com o novo contrato, os episódios vão ficar gratuitos pra rede educacional/pública. Não era esse dinheiro que importava.

Streaming que, aliás, explica muito o acordo por parte da HBO. Cada vez mais as crianças não estão dispostas a assistir à TV do jeito que nós crescemos assistindo, com aquele velho esquema no qual você precisa esperar o dia e o horário do seu programa favorito. Elas adoram ver tudo interminavelmente, no repeat e na hora que quiserem, um comportamento que está sendo influenciado justamente pelo video on demand — fora que não deixa de ser uma formação em massa de um público que nasce e cresce assistindo a um novo esquema de televisão, que dificilmente vai se adaptar ao modelo tradicional.

É uma forma (muito esperta) de dar uns murros no concorrente e de como se dá a verdadeira evolução: no longo prazo.

No comunicado oficial, as duas empresas não informaram se o contrato é global ou válido apenas pros EUA. Entramos em contato com a HBO aqui no Brasil pra ter mais detalhes, mas não tivemos resposta até a publicação dessa matéria. Se, e quando, isso acontecer, atualizaremos.

Há a questão do conteúdo exclusivo, também. Netflix e Amazon começaram os seus serviços com muitas produções antigas de terceiros, mas agora estão investindo em conteúdos próprios ou em acordos de exclusividade com grandes produtoras — sabendo que isso não é só um diferencial frente aos concorrentes, mas também a garantia de que eles não vão ficar sem séries infantis quando os contratos de aquisição começaram a vencer.

A HBO parece ter feito a lição de casa.

Outro detalhe que tem influenciado bastante é a aposta em remakes e franquias do passado. Marcas estabelecidas não são relevantes pras crianças, mas são pros pais – e são justamente eles que vão influenciar na escolha do que o filho vê, principalmente naquele momento de “TV em família”. É por isso que, por exemplo, o Netflix investiu no remake do Inspetor Bugiganga.

A HBO não vai ter um remake, ou um revival, mas sim a primeira e única Vila Sésamo, uma série de TV que tem 45 temporadas e que formou diversas e diversas gerações, além de ter dado os Muppets ao mundo. A força educacional e de produto é incontestável.

Uma força que vai estar primeiro em um só lugar. Ou o pequeno americano vê lá ou, sei lá, espera nove meses. Dá tempo de nascer um irmãozinho... Isso se os pais tiverem paz, né?