Pesada é a cabeça que veste a máscara de ferro | JUDAO.com.br

Porque, afinal, Destino não usa coroa. Porque elas são símbolos de fraqueza. E Destino é FORTE.

Castelo real da Latvéria.
11 de Novembro de 2014.
Dez horas da manhã.
Knock-knock!

Von Doom — Quem bate?
Criado — Sou eu, mestre. Yuri.
— Yuri, hã? É você que tem a audácia de interromper a minha reflexão matinal sobre a decadência dos governos do Ocidente?
— Er...sim, mestre.
— Assim que terminarmos nossa conversa, me lembre de que você será enviado diretamente para a masmorra.
— Mas mestre...
— Silêncio, homem. Sempre tenho que mandar alguém para a masmorra antes da minha caminhada matinal. É um hábito que me ajuda a pensar. É uma inspiração enquanto desenvolvo uma nova forma de destruir aquele maldito Richards...
— Richards...sei.
— Perdão?
— Bom, tudo bem, mestre. A masmorra, então.
— Antes disso, me diga. Por que interrompes Von Doom?
— Bem, mestre, veja. Ontem de noite, vi uma coisa na internet...
— Internet? E quem foi o sacripanta que permitiu que vocês acessassem a internet? Achei que eu e os provedores de acesso da China tínhamos um acordo.
— O acordo está de pé, senhor. Estava usando um computador clandestino...
— Yuri. Este é seu nome, não?
— Sim, mestre.
— Não piore as coisas para você, Yuri. Você já tem a masmorra. O que mais você quer? A donzela de ferro? Ou um dos artefatos de tortura asgardianos que ganhei de Loki?
— Não, mestre.
— Deixemos isso pra lá, então. O que você viu na internet?
— O tal filme sobre o Quarteto Fantástico...
— MALDITO QUARTETO FANTÁSTICO! RICHARDS, SEU DESGRAÇADO!
— Calma, mestre. Eles não estão aqui agora.
— Ah, sim. Perdão. Isso acontece com frequência.
— Imagino. Então, aquele filme sobre o Quarteto Fantástico...
— Aquela nova tentativa?
— É, aquela mesma, da Fox.
— Pffff, pífio. Sempre eles. O que é que tem?
— Eles estão mesmo fazendo. E o ator que vai fazer o seu papel, bom, ele deu uma entrevista. Na qual conta, er, detalhes.

Toby Kebbel em Planeta dos Macacos: O Confronto

Toby Kebbel em Planeta dos Macacos: O Confronto

Von Doom — Pois agora vá até o final, homem. Se tinhas medo da reação de Von Doom, não deveria sequer ter batido em minha porta. Agora prossiga.
Criado — Ele disse que o senhor não vai se chamar Victor Von Doom. Que será Victor Domashev.
— Em nome de todos os deuses, do que você está falando?
— É, o senhor será um programador de computador. E um blogueiro.
— O que, em nome dos demônios dos sete círculos do inferno, é um blogueiro?
— É alguém que tem um espaço na internet para escrever as suas próprias opiniões.
— Opinião é algo bastante superestimado, eu diria.
— Concordo, mestre.
— Ou seja, Von Doom não será retratado como soberano da Latvéria, a joia do Leste Europeu? Como o único gênio entre seus pares que descobriu como domar ciência e magia? Como a maior ameaça aos heróis fantasiados desta realidade?
— Creio que não, senhor.
— Patético. Von Doom deveria jogar uma bomba naquele lugar conhecido como Hollywood.
— E por que não o faz, mestre, se me permite a ousadia de perguntar?
— Porque Von Doom tem um parceiro comercial bastante influente naquela região. Um sujeito intrigante chamado Avi Arad. Estamos conversando sobre coisas relacionadas ao aracnídeo de Nova York. Mas, enfim. Continue.
— Era só isso, mestre.
— Menos mal. Von Doom estava prestes a disparar um de seus raios energéticos em você.
— Mas por qual razão, mestre?
— Porque Von Doom tem este desejo inerente de matar o mensageiro, Yuri.
— Er...entendo, mestre.
— Vejam só, como se não bastasse terem convocado aquele almofadinha, McMahon era o nome dele, para dar vida a um Von Doom com ares de um playboy entediado que resolve se tornar vilão. Naqueles primeiros filmes. Lembra?
— Claro, mestre.

Julian McMahon

Von Doom — Pois não deveria lembrar. Von Doom baixou um decreto ordenando que todos os cidadãos da Latvéria se esquecessem que aquilo existiu.
Criado — É verdade, mestre, perdão, me confundi.
— Ainda posso chicoteá-lo, você sabe.
— Sei, mestre.
— Este novo intérprete, no entanto, Von Doom até o aprovava. O tal Toby. Toby Kebbell. Foi um bom antagonista no último Planeta dos Macacos, soube o momento certo de tomar o poder. Me lembrou de mim mesmo. E ele ainda matou Lincoln naquele Conspiração Americana. Qualquer ameaça à Casa Branca tem imediatamente o meu respeito.
— Mas tudo depende de um bom roteirista, não é, mestre? Um roteiro ruim pode estragar até o melhor dos atores.
— Yuri, por acaso você é formado em cinema?
— Não, mestre.
— Então queira calar-se.
— Sim, mestre.
— Suas notícias me fazem ter saudades de Roger Corman. Aquele verme. Mas ele tinha uma boa garrafa de vinho. E eu permiti aquela versão, com toalha na cabeça e tudo.
— Deste filme eu deveria me lembrar, mestre?
— Não. Era ruim demais. Comprei todas as cópias e tirei de circulação. Fiz uma fogueira para tostar meus marshmallows.

O Doom de Roger Corman

O Doom de Roger Corman

— Er, mestre, estou dispensado, portanto?
— Sim, criado, suma da minha vista. Preciso pensar. Tenho que contra-atacar. Talvez sugerir um filme sobre a velha senhora Parker...
— Obrigado, mestre.
— Yuri.
— Sim, mestre?
— Antes de ir embora, você se lembra do que lhe pedi?
— Como...?
— No começo de nossa conversa?
— O quê...ah, sim. Eu me lembro. A masmorra.
— Que bom. Ou iria lhe custar um futuro ainda pior.
— Ai.
— As algemas estão ali no canto. Escolha a que melhor serve em seus punhos. Meus destinobôs vão conduzi-lo à masmorra. É um lugar agradável, até.
— Obrigado, senhor. Eu acho.
— Não fique triste, meu bom homem. Você não viu ainda os aposentos que reservei para os executivos da Fox.
— Justo.
— Yuri, uma última pergunta.
— Sim, mestre?
— Em qual site você leu a tal notícia, sobre este retrato caricato do todo-poderoso monarca da Latvéria?
— Em um site brasileiro. Chamado Judão.
— Ah, eu conheço. Do Borbs. Um cara legal. Diga a ele que mandei lembranças.
— Mas mestre...
— Agora suma daqui. Tenho uma arma de destruição em massa, uma máquina do tempo e dois feitiços de invocação demoníaca para terminar antes do almoço.
— Sim, mestre.
— Blogueiro. Pffff. Se ainda fosse de moda medieval...