PRÉVIA: Doutor Estranho

Assistimos a 15 minutos do filme. Se é bom ou não, saberemos só mais pra frente. Mas o que VIMOS… porra, que foda.

“Você é um homem que olha o mundo pelo buraco da fechadura. Passou toda a vida tentando aumentá-lo. Agora que aumento este buraco, você simplesmente não aceita?”. Na última terça (11), o JUDÃO assistiu à 15 minutos de Doutor Estranho, que estreia no próximo dia 3 de Novembro no Brasil e, se tem algo que possa definir o que foi visto, é justamente este diálogo. Assim como acontece com Stephen Strange, deu para perceber pelas cenas exibidas que o filme irá ampliar a nossa visão – se não for aquela sobre o mundo, ao menos será sobre onde os ditos “filmes de super-heróis” podem chegar.

A Marvel e o diretor Scott Derrickson estão abrindo o buraco da fechadura. O MULTIVERSO ainda tem muito o que ser explorado. Resta apenas a você aceitar isso. E, cara, isso é FODA.

Doutor Estranho é um dos personagens mais fascinantes da Marvel Comics. Uma criação completamente diferente do resto da Casa das Ideias na Era de Prata, uma viagem no sobrenatural de um dos maiores (e menos valorizados) quadrinistas da história, Steve Ditko. Um mergulho no ocultismo e no desconhecido do universo que rondava a todos nos anos 1960, que veio com o movimento Hare Krishna, a cosmologia, a arte psicodélica...

Apesar dos paralelos que podemos fazer com Tony Stark – inicialmente Stephen Strange era todo cheio de si, acreditava estar acima de tudo e de todos graças a seu sucesso – ele não era um personagem que foi picado por uma aranha radioativa, exposto a raios gama ou criou uma armadura. O poder dele vem do conhecimento sobre as artes místicas, apesar de existir o Olho de Agamotto ali, e ele não enfrenta vilões tradicionais que queiram roubar bancos ou coisas assim. Além disso, Strange não tem uma fraqueza clara, como Stan Lee gostava de colocar em seus personagens — apesar dele ser apenas humano contar como uma. Sim, o problema no coração do Stark ou a perna zoada da forma humana do Thor eram recursos de roteiro.

A Marvel e o diretor Scott Derrickson estão abrindo o buraco da fechadura. O MULTIVERSO ainda tem muito o que ser explorado. Resta apenas a você aceitar isso.

O ponto alto do Doutor Estranho vinha na arte. Criado por um artista, o personagem fugia dos conceitos tradicionais dos quadrinhos, se embrenhando em mundos psicodélicos que desafiavam as leis da física com formas etéreas, outros planos e possibilidades de enredo. Por conta disso, tirando raras exceções, o herói não deu muito certo. Nos gibis foram poucos os momentos nos quais ele teve uma publicação própria, conquistando mais fãs quando se tornou um dos Novos Vingadores. Em outras mídias, sempre fez participações especiais em séries de outros heróis, recebendo apenas um filme animado pra chamar de seu. Ok, teve o filme live action pra TV em 1978, mas é melhor ignorar.

Assim, dá para ter esperança e, ao mesmo tempo, medo ao pensar que o Doutor Estranho está a poucos dias de ganhar a tela grande. Mesmo sem saber tantos detalhes da história, posso cravar: esses 15 minutos – que não são uma sequência completa, mas sim um enorme trailer com diversas cenas, sendo várias inéditas e outras da SDCC ou dos trailers – acabaram com qualquer receio, deixando só o HYPE.

Doutor Estranho

SPOILER! Tudo começa com o Dr. Stephen Vincent Strange, o médico cirurgião. Incrível naquilo que faz, ele é rico, famoso e reconhecido, a ponto de decidir de quem irá ou não salvar a vida, meio que em busca de desafios que façam ele se tornar ainda maior, sem se importar com quem morre. Um comportamento que o afasta de Christine Palmer (Rachel McAdams), outra cirurgiã com quem trabalha e ~interesse amoroso da história.

O curioso, nesse ponto, é que o filme define o momento no qual ele se encaixa no resto da timeline da Marvel Studios: a história se desenrola provavelmente colada nos últimos acontecimentos de Capitão América: Guerra Civil.

Só que a merda acontece. Stephen sofre um acidente de carro, que machuca seriamente suas mãos. Sem movimentos firmes, ele não pode ser mais um cirurgião. O mundo dele desmorona.

Uma passagem de tempo acontece e reencontramos o médico no Tibet, frente a frente com a Anciã (que, no Brasil, será chamada assim mesmo), interpretada pela Tilda Swinton. Ele gastou os últimos centavos que tinha em busca de uma nova forma de medicina, que o ajude a recuperar o movimento perfeito das mãos, mas não acredita em nada do que encontra lá. É aí que a verdadeira viagem começa, com a Anciã ARROMBANDO o buraco da fechadura e mostrando um mundo todo novo.

É nessa hora que a tela se amplia e o filme mostra o poder do IMAX

É nessa hora que a tela se amplia e o filme mostra o poder do IMAX – no total, a produção tem cerca de uma hora de cenas no formato. A projeção astral de Stephen é jogada de lá pra cá, mergulhando não só ele, mas todos que estão assistindo em uma dimensão na qual a magia existe. Ninguém pede permissão pra isso, ou fica explicando. Simplesmente existe. Incrível.

Quando essa primeira viagem acaba, Stephen Strange está de joelhos. “Ensine-me”, diz ele. As malucas visões de Ditko – ou mesmo Bill Everett e outros quadrinistas que vieram depois – agora são reais. Puta que pariu, Marvel! :D

É uma arte conceitual, mas dá pra você ter uma ideia da VIAGEM do filme

É uma arte conceitual, mas dá pra você ter uma ideia da VIAGEM do filme

O treinamento do Doutor Estranho começa e, nesse ponto, o preview do filme acelera na edição, com pequenos recortes de diversas cenas. Ainda assim, é possível perceber o herói conhecendo outras dimensões, aprendendo feitiços para remodelar a realidade e coisas assim. A parte mais importante é quando a Anciã apresenta o Multiverso, que agora oficialmente faz parte da brincadeira. Infinitas Terras e infinitas possibilidades existem.

Um easter egg para os fãs é que as viagens multidimensionais são representadas por portais que parecem serem formados por cristais, uma referência direta ao Cristal M’Kraan, que nos gibis é o NEXO das diversas realidades e que permite esse tipo de viagem. Obviamente ele não será citado por nome (afinal, tá do lado X-MEN da força), mas tá lá.

É por aí que conhecemos Wong (Benedict Wong), o eterno parceiro do Estranho, e o Barão Mordo (Chiwetel Ejiofor), o grande antagonista do personagem nas HQs. Porém, Mordo está longe de ser a ameaça aqui, ao menos por enquanto. O verdadeiro vilão é Kaecilius (Mad Mikkelsen), mas há também o gancho para alguém pior nas sombras...

O Multiverso agora oficialmente faz parte da brincadeira. Infinitas Terras e infinitas possibilidades existem

Depois, o grande trailer de 15 minutos pulou para Nova York – afinal, isso é Marvel. Estranho, Wong e Kaecilius em uma grande luta pela cidade, com prédios se movimentando e a cidade “dobrando” de uma forma que lembra A Origem, pra quem é mais de cinema. Ok, nem sempre dá pra ser 100% criativo, mas faz sentido quando vemos toda a trajetória do Doutor Estranho até aquele momento.

No final, a prévia ainda traz Strange numa maluca dimensão, provavelmente enfrentando um vilão ainda mais poderoso... Dormammu, é você? :)

Doutor Estranho

Em meio a isso tudo, é ótimo ver a atuação de Benedict Cumberbatch como o Mago Supremo. Seja no começo, com o médico que se acha incrível, seja depois com a revelação de que o mundo é muito maior do que ele imagina ou com as movimentações e trejeitos do Doutor Estranho... Este é um herói com mais camadas que uma cebola e com diversas revelações, algo que o deixa extremamente interessante e que é bem explorado na atuação de Cumberbatch.

Obviamente 15 minutos são pouco para definir se um filme é bom ou ruim, mas o que foi visto é promissor. Certamente Doutor Estranho será a maior expansão do Universo Marvel Cinematográfico desde a estreia do primeiro Thor, com uma PENCA de novos conceitos e poderes para viajarmos. A grande diferença é que aqui não temos tecnologia indistinguível da magia. É magia, mesmo.

A fechadura nunca mais será a mesma. ;)