Quatro atores estão na reta final pro papel de Doutor Destino | JUDAO.com.br

E para evitar a onda de ódio que segue todas as notícias sobre este filme, vamos com calma, muita calma…

Depois das explosivas e polêmicas escolhas da Fox para os papéis dos quatro heróis de Quarteto Fantástico, novo filme estrelado pelos heróis da Marvel Comics, ficou faltando apenas decidir quem seria o intérprete do principal vilão – no caso, o hiperbólico ditador mascarado Doutor Destino. De acordo com Jeff Sneider, dono da coluna The Wrap, o estúdio diminuiu a sua lista de preferidos a quatro nomes: Sam Riley, Eddie Redmayne, Toby Kebbell e Domhnall Gleeson. Antes que você comece a se rasgar, deixa eu contar quem são cada um destes sujeitos.

O inglês Sam Riley, na minha opinião a opção mais adequada da lista, ficou bastante conhecido por sua interpretação de Ian Curtis, cantor do Joy Division, na biografia “Control” – além de ser o Sal Paradise da adaptação cinematográfica de “Na Estrada”, clássico literário de Jack Kerouac. Também inglês, Redmayne começou a carreira na televisão mas, desde 2006, tem mostrado mais a cara em pequenos papéis em produções como “O Bom Pastor”. Além de soltar a voz como o Marius de “Os Miseráveis”, também estará presente na nova produção dos irmãos Wachowski, “Jupiter Ascending”, além de viver o genial físico Stephen Hawking na biografia “Theory of Everything”.

Kebbell – que é, adivinhe, inglês – pode ser mais lembrado pelo papel do roqueiro drogado Johnny Quid em “Rock n Rolla”, de Guy Ritchie. Mas também esteve em filmes como “Alexandre” (o épico de Oliver Stone), “Fúria de Titãs 2” e “Príncipe da Pérsia”. Por último, temos o irlandês (há!) Gleeson, filho do veterano Brendan Gleeson (“Tróia”, “Gangues de Nova York”, “Coração Valente”). Recentemente, completou seu trabalho em “Unbroken”, drama dirigido por Angelina Jolie. Mas os fãs de fantasia devem se lembrar de seu rosto como o ruivo Bill Weasley dos dois últimos filmes da franquia Harry Potter.

(Reparou que os quatro atores são britânicos? A Fox realmente quer um cara com sotaque europeu, rs).

Sam Riley, Eddie Redmayne, Toby Kebbell e Domhnall Gleeson: os candidatos a Destino

Sam Riley, Eddie Redmayne, Toby Kebbell e Domhnall Gleeson: os candidatos a Destino

Vejam: o Doutor Destino é o meu vilão favorito dos quadrinhos de super-heróis. Enquanto escrevo estas linhas, sou observado de perto por nada menos do que cinco bonecos diferentes do personagem que adornam a minha mesa. O Homem-Aranha é meu herói preferido e não tem um único boneco dele aqui do meu lado, então pense nisso. Esta escalação, ainda mais depois da pataquada que foi o retrato de Victor Von Doom nos dois filmes anteriores do Quarteto, é algo que estou acompanhando muito de perto MESMO.

Mas vamos analisar as coisas do jeito que devem ser analisadas. É bom que se perceba, por exemplo, que estamos diante de quatro atores um pouco mais velhos do que os atores selecionados para os papéis de Reed, Sue, Johnny e Ben. Faz sentido – assim como faz sentido que, mesmo assim, ele seja mais novo do que o Doutor Destino da cronologia comum da editora, o chamado Universo 616. Isso porque este filme deve ser quase que integralmente inspirado no Quarteto Fantástico Ultimate (ou, pelo menos, é o que dizem as informações de bastidores). Na versão da cronologia Ultimate, uma espécie de cronologia que existe paralelamente ao universo Marvel regular, Reed é um jovem prodígio, mais moleque do que Sue, Ben e Johnny. Os quatro sofrem um acidente na Zona Negativa que acaba lhe dando poderes – esqueça viagens de foguete e raios cósmicos.

Meu grande porém com relação a esta coisa toda: na versão Ultimate, o Doutor Destino é definitivamente a pior coisa da série nos gibis. A adaptação ficou horrenda. Sem metade da graça do original, sem o egocentrismo, sem a prepotência, sem a megalomania, sem o carisma. Espero, com todo o meu coração, que o roteirista Simon Kinberg, responsável pela versão final do roteiro, tenha adaptado o Quarteto Ultimate – mas tenha tido a decência de pensar no Von Doom em sua versão do Universo 616. Em nome de toda a população da Latvéria.

Com direção de Josh Trank (“Poder Sem Limites”), o novo filme do Quarteto Fantástico – um reboot, sem qualquer relação com os dois filmes anteriores – tem lançamento previsto para 2015.

Destino

O Doutor Destino é tão legal assim ;)

Assim como o Coringa é o vilão mais legal da DC Comics, é praticamente inegável que o Dr. Destino é a grande representação do mal na Casa das Idéias.

Veja só como ele se enquadra bem na lista de qualidades que um vilão clássico tem que ter: ele quer dominar o mundo (confere), ele é totalmente arrogante (confere), ele tem uma legião de seguidores fiéis (confere), ele tem dinheiro a dar com pau (confere), ele é manipulador e mentiroso (confere), suas ações atingem escala global e algumas vezes até universal (confere), ele tem uma obsessão sem fronteiras por seu nêmesis intelectual (confere), ele fala em terceira pessoa (confere), ele é inteligente pra cacete (confere), tem poderes místicos e ao mesmo tempo é uma brilhante mente científica (confere) e ainda é o ditador absoluto de um pequeno país do leste europeu (confere). Bingo!

Secret WarsBasta lembrar, por exemplo, de sua participação na primeira saga da série Guerras Secretas. No meio de um roteiro bobo e rasteiro, Jim Shooter abriu as portas para a participação memorável de Destino – que consegue roubar os poderes cósmicos da entidade suprema e absoluta (até o fim da série, claro) de nome Beyonder. Não é pra qualquer um não, fala sério.

Doom é uma espécie de Rei do Crime em escala global – é hora dos escritores entenderem que ele tem que controlar e manipular as situações de longe, da forma mais cínica possível, livrando-se de toda e qualquer acusação contra seus planos usando a boa e velha diplomacia internacional. Afinal, ele controla uma nação, não é um mero operativo de campo. Não precisa ficar trocando sopapos com super-heróis. E está devidamente protegido pelas legislações e tratados da ONU. Portanto, não pode ser tocado...mas tem que se manter nas sombras, sem chamar atenção para as suas atividades ou pode acabar causando um incidente internacional que pode virar uma guerra. Olha só as possibilidades criativas da bagaça.

Von Doom, por sinal, é uma figura que se parece com uma versão classuda de Saddam Hussein. Ele rege a Latvéria com mãos de ferro. Uma parte do povo o odeia... mas uma boa parte do povo também o ama. Afinal, a Latvéria é uma nação próspera. Destino ama a Latvéria. E, além de Reed Richards, ele também odeia os Estados Unidos e a sua invasiva e agressiva política internacional. Ele jamais choraria pelos atentados do dia 11 de setembro, como sugeriu J. Michael Straczynski na HQ especial do Homem-Aranha logo após o acontecimento.

Que tal lembrar, por exemplo, as implicações políticas do Destino 2099 (que, segundo consta, era o próprio Victor Von Doom da cronologia regular da editora), que rapidamente conquistou o mundo e tomou conta dos Estados Unidos? Por que diabos um homem tão ardiloso e sagaz como ele jamais teria tentado impôr uma campanha militar contra aquele que considera o seu maior obstáculo para fazer do mundo um “lugar ideal”? Quem sabe, numa espécie de corrida armamentista, ele não pudesse ter que acabar encarando, nos bastidores, um certo Tony Stark? Isso não seria demais? Talvez fosse até o caso de afastar Destino de vez das sagas cósmicas da editora (podiam aproveitar e fazer o mesmo com o Homem-Aranha, que fica muito melhor combatendo o crime nas ruas de Nova York).

Um outro lado a ser explorado também é do Destino mago – afinal, ele se envolveu com todo tipo de artes místicas para libertar a alma de sua mãe (uma bruxa de origem cigana), presa no inferno sob o cativeiro do demônio Mefisto. Por sinal, o assunto rendeu uma memorável graphic novel na qual Doom e o Dr. Estranho, mago supremo da Terra, seguem para os domínios infernais do cramulhão mor da Marvel para libertar a Sra. Doom. Deu pra ver de que tipo de vilão estamos falando? Ele não é meramente um sujeito fortão e psicótico com um uniforme simbionte babando sangue. Trata-se de uma ameaça real e muito difícil de ser abatida com o uso dos punhos ou mesmo com uma intrincada armadilha.

Destino é esguio. É poderoso. É eterno. HAIL DOOM!