Batemos um papo EXCLUSIVO com o autor Rodrigo de Oliveira para saber mais!
Os fãs de histórias envolvendo mortos-vivos agora têm mais uma opção nas prateleiras das livrarias – e genuinamente nacional. A editora brasileira Faro Editorial lançou O Vale dos Mortos, primeiro livro de uma série de cinco obras a respeito do assunto, batizadas conjuntamente de As Crônicas dos Mortos. O autor é Rodrigo de Oliveira, 37 anos, paulistano. A inspiração, revela ele, veio depois de um pesadelo causado pelo filme Madrugada dos Mortos, releitura de Zack Snyder para o clássico Despertar dos Mortos, de George Romero. Como mora em São José dos Campos e trabalha em São Paulo, Rodrigo aproveitou as horas extras dentro do ônibus para colocar a trama no papel. Deu certo.
Tanto que, antes mesmo do segundo livro, A Batalha dos Mortos, chegar às lojas (a previsão da editora é para o mês de agosto, durante a Bienal do Livro em São Paulo), a saga está sendo negociada com canais brasileiros de TV. “Uma produtora cultural bem reconhecida no mercado, que já vendeu direitos para cinema e TV de diversos livros, procurou a editora depois de ter lido o conto ‘Elevador 16’, um spin off da saga”, revela o autor em entrevista exclusiva para o JUDÃO. “Ela mesma leu por indicações, disse que duas pessoas haviam falado para ela do meu trabalho. Então fechamos um acordo para ela vender para produtoras no Brasil. Estamos todos bem confiantes pelo interesse que demonstraram, e eu não me aguento de ansiedade”, diverte-se ele.
A trama começa quando se descobre que a Terra está prestes a se chocar com outro planeta, recém-descoberto no Sistema Solar, tornando real a profecia do Apocalipse que nos levaria ao limiar da extinção da raça humana. O pânico se espalha mas, por mais que o choque não ocorra, a proximidade com o outro planeta transforma 2/3 da população em zumbis, sedentos por carne e sangue, como manda a tradição. “Como fã do assunto, tenho observado histórias sempre muito similares, com os mesmos panos de fundo, as mesmas explicações e personagens com reações idênticas. Por isso, procurei trazer ideias e questões diferentes das demais histórias”, explica Rodrigo “Essa ideia central, além de estar de certa forma povoando os filmes apocalípticos, nunca foi trabalhada para o surgimento dos zumbis. E o que ela me ofereceu foi uma forma de trabalhar a questão da impossibilidade de lugar protegido. Talvez nem debaixo da terra as comunidades estariam protegidas e todos se contaminam quase ao mesmo tempo, sem necessidade de transmissão por contato sanguíneo”.
O caos faz surgir um casal de líderes, Ivan e Estela, capazes de guiar um grupo de sobreviventes que conseguem se estabelecer com um mínimo de segurança em um gigantesco condomínio. Nos dias de hoje, escrever sobre zumbis não é estar sob um telhado de vidro, prestes a ser comparado com The Walking Dead a qualquer minuto? Rodrigo afirma categoricamente que não tem medo das comparações. “Eu sou fã da série. Para mim é uma verdadeira honra quando os leitores compraram meu trabalho ao de um gênio como Robert Kirkman. Antes de Walking Dead houve George Romero, Resident Evil e tantos outros filmes que pavimentaram a estrada do tema zumbis, e obviamente muitas coisas se parecem nesses livros e filmes. O mesmo acontece com os livros sobre vampiros”, exemplifica. Ele ainda diz que a maior parte dos feedbacks que recebe é de pessoas que valorizam o fato de que os acontecimentos ocorrem em cenários que eles reconhecem – afinal, parte da trama de passa no Brasil. “Diferente do que acontece com cenários importados, onde até o clima, temperatura e lugares como celeiros e casas de madeira são distantes da nossa realidade”. E ainda completa: “Eu mostro o apocalipse acontecendo simultaneamente em vários lugares, atingindo diversos líderes de nações diferentes ao mesmo tempo (e sim, por conta disso a presidente Dilma e o ex-presidente Lula aparecem no meu livro)”.
Mesmo ainda numa etapa inicial, Rodrigo arrisca alguns nomes que gostaria de ver no elenco dos sonhos de sua obra. “Para o primeiro livro da saga, adoraria ver o Murilo Benício e a atriz Mayana Neiva como os líderes da comunidade de sobreviventes. Já para o ‘Elevador 16’, que já está sendo negociado com as produtoras, eu só consigo imaginar a Fernanda Vasconcelos no papel principal. Eu criei a personagem pensando nela”, conta.