Mulheres e séries de TV: o que realmente mudou? | JUDAO.com.br

O espaço feminino na TV (quando falamos da cultura pop) cresceu bastante e o papel da mulher nas histórias mudou conforme elas conquistaram maior espaço na sociedade. Só que as coisas ainda estão um pouco distantes do ideal…

Não é de hoje que as mulheres tem um lugar reservado nas grades de programação mundo afora. A televisão, em relação à produção de conteúdo, começou a ser aprimorada logo após a Segunda Guerra Mundial, e sua popularização ocorreu de forma razoavelmente paralela aos movimentos feministas do Século XX.

Diversos produtores aproveitaram a maior valorização das mulheres nos diversos setores da sociedade para levar ao público atrações onde a figura delas tivesse maior destaque.

Os seriados de televisão protagonizados por personagens do sexo feminino não demoraram muito a surgir depois disso, mas a temática envolvida mudou bastante ao longo dos anos.

Inicialmente cumprindo um papel de esposa e mãe dedicada, a mulhere pode, mais tarde, mostrar seu lado investigador, salvar o mundo de vampiros e demônios, expor todos os seus dramas relacionados ao início da vida adulta, matar seus companheiros de maneira cruel e brigar pelo seu lugar no mercado de trabalho, sem deixar de lado a sua graça, beleza e inteligência.

I Love Lucy

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As pioneiras

[/one-half][one-half last=”true”]Tudo começou pra valer com I Love Lucy, primeira grande atração comandada por uma mulher a ter repercussão mundial. Lançada em 1951, foi um grande marco da TV na época, e até hoje é celebrada pelos fãs do formato. Com seis temporadas exibidas e 194 episódios produzidos, a série retrata o dia a dia de Lucy Esmeralda MacGillicuddy Ricardo, uma dona de casa que sonha em fazer sucesso no show business.

A ideia para o seriado veio de um programa de rádio apresentado por Desi Arnaz, e sua esposa, Lucille Ball, que acabou se tornando a primeira mulher comediante da televisão quando os dois decidiram sair do rádio e do cinema para adaptar a série para o a grande novidade favorita dos americanos da época. Lucille também marcou a história da TV por ter sido a primeira atriz a continuar gravando uma série estando grávida, e introduziu a ideia de fazer com que sua personagem também engravidasse, prática bastante comum nos dias de hoje. Além disso, a falta de verba e de um maior aposta do canal fez com que o casal criasse algumas dos conceitos mais importantes da TV atual, incluindo o formato dos sitcoms.[/one-half]

Apesar das inúmeras restrições no início por falta de patrocinadores, I Love Lucy manteve índices de audiência inimagináveis nos dias de hoje, conseguindo ter, em um de seus episódios mais famosos, 71,7% dos televisores dos Estados Unidos sintonizados em sua exibição. A série também inovou por ser a primeira a ser gravada em um estúdio com platéia, e hoje leva o título de segundo melhor programa de televisão de todos os tempos, perdendo apenas para Seinfeld. No final do ano passado, dois episódios especiais foram colorizados e exibidos pela CBS.

O tempo passou, o preconceito inicial de ter uma mulher como protagonista de um programa televisivo no horário nobre foi deixado de lado, e os anos 60 chegaram com dois grandes sucessos que atravessaram as décadas e até hoje encantam desde os mais jovens aos mais saudosos telespectadores: A Feiticeira e Jeannie é um Gênio.

ELIZABETH MONTGOMERY

A Feiticeira foi responsável por grande parte do sucesso da atriz Elizabeth Montgomery entre os anos 60 e 70, quando a série foi exibida originalmente nos Estados Unidos. A atração girava em torno da história de Samantha Stephens, uma dona de casa no estilo clássico que vivia buscando agradar o seu marido, James Stephens. Mas Samantha tinha algo especial, era uma bruxa. E por ser reprimida por James em relação aos seus poderes mágicos, geralmente não aguentava a tentação de usá-los, e acabava protagonizando cenas muito divertidas.

A mãe de Samantha, Endora, era bastante a frente do seu tempo, e não aceitava o casamento de sua filha com um simples mortal, em especial um que não respeitava suas habilidades especiais. Nem precisa dizer que o relacionamento entre sogra e genro também rendia situações surpreendentes, não é?

Jeannie

Jeannie é um Gênio, por outro lado, tentava ser uma série com temática parecida, mas com uma abordagem totalmente diferenciada. Se, por um lado, Samantha era uma dona de casa comportada, que se metia em confusões por conta dos seus poderes mágicos, aqui a personagem principal é destemida, sensual e não tinha o mínimo traço de submissão em sua relação com os homens.

Quando o Capitão da Força Aérea Americana Anthony Nelson encontra uma lâmpada mágica, surge Jeannie, um gênio das histórias de Mil e Uma Noites. A moça, que passa a tratá-lo como amo, logo se apaixona e decide acompanhá-lo até a sua casa. É aí que a vida dele muda completamente. Além de colocá-lo em diversas situações arriscadas e engraçadas, a garota-gênio volta e meia surge com algum parente, amigo ou animal de estimação dotado de poderes mágicos, para animar um pouco mais a brincadeira. A confusão é tanta, que Dr. Bellows, um médico psiquiatra começa a investigar o motivo de sempre acontecerem coisas estranhas quando Antony está por perto.

Barbara Eden, intérprete da personagem principal, mexia com o imaginário masculino ao usar roupas decotadas e consideradas ousadas para a época. Muitas mulheres a viam como um exemplo a ser seguido, por conta de sua determinação. Toda a repercussão em cima da história fez com que, por pressão de moralistas da época, os produtores optassem por casar Jeannie e Nelson. Essa manobra é considerada por muitos como a grande responsável pelo fim da série, que teve 5 temporadas no total, contra as 8 de A Feiticeira, que era um programa mais moldado à moral dos anos 60 e 70.

Mulher-Maravilha

Outra série que colocou a mulher em uma posição nunca antes mostrada na TV, foi Mulher-Maravilha. Com o roteiro do episódio-piloto totalmente fiel à primeira história em quadrinhos da Princesa Diana, ela mostrou que, além de donas de casa dedicadas, bruxas atrapalhadas e gênios moderninhas, a mulher também podia ser uma super-heroína e ter plena capacidade para salvar os Estados Unidos de grandes ameaças.

Com 3 temporadas, uma produzida para a ABC e as outras duas para a CBS, a série foi ao ar entre 1975 e 1979. No início, a história se passava no período da Segunda Guerra Mundial, onde Diana fazia de tudo para salvar os EUA da ameaça dos Nazistas. As duas temporadas seguintes, no entanto, passaram a mostrar Diana como uma agente secreta da IADC, um dos departamentos da CIA, entre os anos de 1977 e 1979, quando a série foi cancelada. Nos seus 60 episódios, muitos elementos das histórias em quadrinhos da DC Comics estiveram presentes, como o Avião Invisível, o Cinturão do Poder e o Laço Mágico Dourado.

Quem ficou famosa por vestir o uniforme clássico da Amazona na televisão foi Lynda Carter, que conseguiu apenas pequenas participações no cinema depois do sucesso como Mulher-Maravilha. Ela retornou à TV em um episódio da sexta temporada da série Smallville, onde interpretou a mãe da personagem Chloe Sullivan.

As Panteras

Mas se teve um trio que deixou muito marmanjo babando nos anos 70 e serviu de inspiração para mulheres de todo o mundo, foi o das protagonistas de As Panteras. Detetives que trabalhavam na Agência Charles Townsend as garotas faziam o seu trabalho muito melhor do que muito investigador do sexo masculino retratado em livros e filmes da época.

O destaque para as personagens era tão grande que Charlie, o dono da agência em que elas trabalhavam, só apareceu no último episódio da série. Até lá, ele só se comunicava com as garotas através de um aparelho de viva voz e, quando achava necessário, enviava seu empregado de confiança, John Bosley, para tratar de maiores detalhes a respeito dos problemas que elas teriam de resolver.

O trio mais famoso de Panteras foi composto por Sabrina Duncan, Kelly Garrett e Jill Munroe, interpretadas por Kate Jackson, Jaclyn Smith e Farrah Fawcett, respectivamente. Mas, durante os 5 anos em que a série se manteve no ar, as personagens Kris, Tiffany e Julie também fizeram parte do time das detetives mais amadas da história da TV.

Mas nem só de personagens boazinhas e trabalhadoras dedicadas vive a TV. Ao longo dos anos, mulheres valentes e perigosas também surgiram para mostrar que na hora de defender o mundo de perigos, um laço mágico e um avião invisível podem muito bem ser trocados por estacas, água benta e crucifixos numa boa.

buffy

Buffy, a Caça-Vampiros foi criada, escrita e produzida por Joss Whedon, inspirada em um filme que ele mesmo havia produzido anos antes. O objetivo era inverter os conceitos de filmes de terror da época, colocando a mulher no centro, como salvadora, e não como a donzela em perigo — e acabou marcando toda uma geração que precisava de uma nova heroína em quem se espelhar.

Sarah Michelle Gellar interpretou Buffy Summers, a última da linha de jovens mulheres conhecidas como Caçadoras. Cada uma delas era escolhida para enfrentar vampiros, demônios ou outras forças do mal, e contavam com o suporte de um Conselho dos Sentinelas. Isso passou a ser um simples detalhe para os adolescentes que assistiram Buffy nos anos 90. A relação da garota com seus amigos e os desafios de se dividir entre uma típica estudante do High School e uma guerreira que sempre estava pronta para lutar contra seres das trevas é tão empolgante quanto linhas sucessoras e dicas de como derrotar monstros.

Seguindo a linha de mulheres perigosas, uma produção mais recente fez muito sucesso em dezenas de países ao mostrar personagens femininas em atos de violência ao extremo e chamou muita atenção para o que pessoas marcadas por experiências traumáticas são capazes de fazer em busca de vingança.

Deixe o seu preconceito ligado a produções latinas de lado e dê uma chance a Mujeres Asesinas. O seriado de televisão mais aclamada e de maior audiência do México nos últimos anos deixa muita produção de Hollywood no chinelo.

Seguindo uma fórmula parecida com a de programas de investigação policial como CSI e Law and Order, a série tem um grande diferencial. Como o nome sugere, os crimes analisados pelo DIEM (Departamento de Investigação Especial de Mulheres) foram cometidos por mulheres que não mediram esforços em matar pessoas de forma cruel e dolorosa. O mais interessante é que o Departamento segue uma linha psicológica na resolução dos casos, buscando entender os motivos por trás dos assassinatos que, na maioria das vezes, envolvem abuso na infância, abandono e violência doméstica.

A série, remake de uma produção argentina, durou três temporadas e contou as histórias de 40 assassinas. Ironicamente, Gloria Trevi cantou o tema de abertura do segundo ano. Atrizes de renome no país participaram do projeto, como Rosa María Bianchi, Belinda, Alejandra Barros, Zuria Vega e Maite Perroni.

New Girl[one-half]

O espaço feminino hoje

[/one-half][one-half last=”true”]A evolução dos conceitos e do papel feminino retratado na TV mudou bastante nas últimas décadas e, de certa forma, acompanhou toda a conquista de direitos e de espaço em todos os setores da sociedade atual, que muitas vezes são comandados e administrados por elas. No entanto, a desigualdade ainda é bastante evidente.

Apesar do crescimento observado ao longo dos anos, um estudo divulgado no último dia 19 de fevereiro, mostrou que nos seriados da TV aberta dos Estados Unidos a participação feminina é bem menor do que deveria ser, em especial quando as histórias são escritas por homens. [/one-half]

O Women’s Media Center analisou atrações exibidas no país entre setembro de 2012 e julho de 2013, e concluiu que, apesar de representarem atualmente 51% da população americana, as mulheres estão em grande desvantagem quando o assunto é espaço na televisão. Conforme o levantamento, 57% dos personagens de séries da televisão aberta são homens, o que significa que, a cada 10 personagens que vemos na tela, quatro são mulheres.

A grande campeã do Girl Power é a CW, com 51% de mulheres em seu quadro de personagens e três séries protagonizadas por elas: Beauty and The Beast, Reign e The Vampire Diaries. Na sequência, a ABC, que exibe Revenge, Nashville e Scandal, está empatada com a Fox, que tem New Girl, Glee e Raising Hope na programação, cada uma com 44% de personagens do sexo feminino. A NBC, com Parks & Recreation e Law & Order: SVU, traz ao total, 41% de mulheres em suas séries, enquanto CBS, que tem as excelentes 2 Broke Girls e The Good Wife, fica atrás de todas com os seus 39%.

Atualmente, o papel feminino apresentado na televisão é bastante diferenciado. Séries que colocam a mulher como a figura clássica da dona de casa sustentada pelo marido que foi mostrada lá nos anos 50 em I Love Lucy não são mais tão populares, mas ainda rendem boas histórias, apesar de se mostrarem um tanto ultrapassadas em diversos aspectos.

A última da leva que fez muito sucesso foi Desperate Housewives, misturava comédia, drama e muitos mistérios ao seguir a vida de cinco donas de casa da cidade fictícia de Wisteria Lane. A série sempre acompanhava o grupo de mulheres, mas tinha pelo menos um protagonista diferente em cada temporada, que tinha a sua história contada em maiores detalhes que a dos demais. Fez tanto sucesso que ganhou seis remakes ao redor do mundo, inclusive aqui no Brasil.

Mas o que chama atenção atualmente é a versatilidade e a ousadia dos produtores e roteiristas de colocar personagens do sexo feminino nas mais diversas situações, desde presidiárias a trabalhadoras que sonham montar o próprio negócio e milionárias com planos destrutivos.

Cougar Town

Cougar Town, por exemplo, inova ao trazer Courtney Cox, nossa eterna Monica Geller, no papel de Jules Cobb, uma quarentona recém-divorciada que, apesar de não se considerar uma das coroas predadoras da cidade em que vive, não quer deixar o tempo passar demais a ponto de não conseguir encontrar uma nova companhia. A série, repleta de momentos divertidos característicos das sitcons norte-americanas, mostra com maestria a libertação sexual feminina, que décadas atrás era quase obrigada pela sociedade a permanecer sozinha após um divórcio ou a morte do companheiro, e agora tem toda a liberdade mais que merecida de buscar sua felicidade ao lado de outra pessoa.

Seguindo a ideia de independência feminina presente em Cougar Town, uma outra mulher da ficção mostra que, nem sempre um divórcio precedido por escândalos familiares deve ser encarado como o fim da linha e se tornar motivo de vergonha.

Em The Good Wife, a personagem Alicia Florrick se mostra um grande exemplo de superação. Humilhada publicamente em virtude de um escândalo sexual que levou o seu marido, Peter, à prisão, ela ergue a cabeça, deixa de lado a traição e a reputação de esposa de um promotor corrupto, e decide voltar a trabalhar. Will Garner, um antigo colega de faculdade que está ansioso para ver o desempenho de Alicia nos tribunais após ela ter se afastado da advocacia por quinze anos, a convida para se tornar associada do Lockhart & Garner, um renomado escritório de Chicago e ela agarra a oportunidade, sem pensar muito.

O tema central da história é a transformação da protagonista, de uma mãe de família abalada e envergonhada pelos crimes do marido, em uma mulher poderosa, decidida e dona de uma carreira invejável. Ao longo das temporadas, a independência de Alicia se torna cada vez mais evidente, e os sentimentos entre ela e Will, também. Mas o romance aqui não é tratado de forma superficial, com tudo se resolvendo facilmente e um vai-não-vai característico dos dramas atuais. Os roteiristas não economizam na profundidade emocional dos personagens e em seus conflitos internos. A série não tem medo de ser complexa, e este é talvez o seu maior trunfo.

Julianna Margulies já recebeu três prêmios de melhor atriz em série dramática por conta de sua interpretação elogiada pelo público e pela crítica ao longo dos anos em que a série está no ar.

2-broke

Outra série que retrata o dia a dia de mulheres batalhadoras e que sentem orgulho de sua independência é 2 Broke Girls, que tem como base o sonho de duas colegas de quarto que trabalham juntas e lutam para economizar dinheiro de todas as maneiras possíveis com o objetivo de montarem seu próprio negócio.

Max (Kat Dennings) e Caroline (Beth Behrs) são duas jovens que cresceram em realidades sociais completamente diferentes, mas que têm em comum o desejo de se tornarem independentes, sem a ajuda dos pais ou de namorados. Max sempre foi uma garota pobre, enquanto Caroline é uma ex-socialite que teve de se acostumar a viver com pouco depois de perder toda a sua fortuna. A amizade das duas cresce à medida que uma tenta mostrar à outra coisas do cotidiano que consumiam desde criança, e em geral é essa relação entre o simples e o sofisticado que dá origem às situações mais engraçadas da série, que são bastante exploradas, mas nem por isso ofuscam a importância de tudo que as duas enfrentam em sua rotina diária buscando melhorar de vida.

Mas ainda há espaço na TV para outros tipos de mulher. Não é porque várias delas escolheram viver por si próprias, de forma independente e deixar a família em segundo plano para focar no desenvolvimento de suas carreiras profissionais, que personagens que fazem de tudo por seus filhos deixam de conquistar o público.

THE MIDDLE

Como não se apaixonar por uma mãe desastrada, que sofre por nunca ter conseguido fechar uma única venda na loja de carros usados onde trabalha, que solta um “fiz o jantar” e dá a cada um dos filhos uma sacola com hambúrguer e batata frita do restaurante fast-food mais próximo e que foi capaz de conviver por mais de um mês com outro bebê, quando o seu verdadeiro filho foi trocado na maternidade logo após o nascimento?

Por mais que The Middle seja uma série família, onde todos os personagem tem a sua importância para o desenrolar da história, Frankie Heck é quem acaba carregando tudo nas costas. Patricia Heaton não só interpreta de forma incrível a protagonista do seriado, como coloca todo o seu humor ácido na narração do programa, que encanta qualquer pessoa que sabe reconhecer o valor de uma mãe, que na grande maioria das vezes, deixa de lado os seus sonhos, seu lazer e seu tempo de descanso para ajudar os filhos nas tarefas de casa, encorajá-los a não desistirem de entrar para um grupo de atividades extracurriculares, dar atenção ao marido e ajudar os colegas de trabalho depressivos.

Com 4 temporadas finalizadas e mais uma em andamento, The Middle é o maior exemplo de que uma mãe com um parafuso a menos pode conquistar os corações da mesma forma que duas garotas lindas que trabalham no restaurante que todos nós adoraríamos frequentar.

revenge

A família também é muito importante para uma das personagens femininas mais amadas da atualidade. Mas, no caso, toda a força da protagonista de Revenge não vem de uma família estruturada, que lhe deu apoio em sua infância e adolescência e todas as oportunidades de se tornar uma grande pessoa, mas sim da família que lhe foi roubada injustamente quando ela ainda era uma criança.

O que você faria se a pessoa que você mais ama e admira fosse traída pelos seus melhores amigos, e condenada à prisão perpétua por um crime que jamais cometeu? Amanda Clarke mudou de identidade, passou por um treinamento árduo, juntou todos os seus esforços para localizar os responsáveis pela prisão e morte do seu pai e retornou aos Hamptons em busca de vingança.

A série acompanha a agora Emily Thorne, que, após passar a infância no reformatório juvenil acreditando ser filha do maior terrorista que os Estados Unidos já condenou, descobriu todos os detalhes da conspiração de que seu pai foi vítima, e se aproximou da influente e poderosa família Grayson, com a nova identidade, e levando muito a sério a missão de destruí-la de dentro para fora, fazendo com que os verdadeiros responsáveis pela queda do voo 197 enfrentem o inferno em vida.

ORANGE IS THE NEW BLACK

E por falar em prisão, o maior destaque dos últimos anos quando o assunto é programas de televisão protagonizadas por mulheres, sem dúvidas, se chama Orange is The New Black, uma série que não tem o menos medo de deixar a figura masculina completamente em segundo plano. A história segue a rotina de Piper Chapman, condenada a 15 meses de prisão por ter se envolvido em um esquema de tráfico com sua ex-namorada, em uma penitenciária feminina. Enquanto se esforça para se adaptar à sua nova condição, muito diferente do conforto que tinha vivendo com o noivo em Nova York, Chapman faz muitas amizades, irrita pessoas influentes e sofre grandes consequências, é tida como louca em alguns momentos e desperta a paixão de uma das personagens mais legais de todos os tempos, a Crazy Eyes.

Alternando entre drama, suspense e situações hilárias, Orange is The New Black aproveita o espaço para tratar de temas muito interessantes com toques de realidade fora do comum. Homossexualidade e Transexualidade, uso de drogas, rejeição familiar, pobreza, abusos de funcionários do Estado, aborto e corrupção são alguns dos ingredientes de uma série que, com apenas uma temporada de treze episódios disponibilizados até hoje, já conquistou uma legião de fãs e promete ser lembrada por muitos anos como uma produção que mostrou que as mulheres podem ser fortes, determinadas e leais em qualquer ambiente e circunstância.

E quando o assunto é determinação, temos uma campeã, uma mulher admirável, que confia no seu potencial, acredita em sua equipe como ninguém e está mais do que disposta a enfrentar qualquer desafio para alcançar seus objetivos: Leslie Kope, de Parks and Recreation.

Ela é uma funcionária exemplar do departamento de Parques e Recreações da cidade de Pawnee, Indiana. O problema é que ninguém além dela leva o seu posto a sério. Mas depois de um morador de um dos bairros da cidade cair no buraco enorme que fica em um lote abandoado e quebrar as duas pernas, Leslie vai fazer de tudo para transformar o terreno no maior e mais belo parque das redondezas.

Seguindo o formato de documentário, a série mostra Leslie interagindo com o telespectador e contando vantagem onde não existe. Ver os devaneios da protagonista é o ponto mais divertido da série. Ela fala de relacionamentos, sentimentos dos outros em relação à ela e justifica todas as confusões em que se mete. A interpretação genial de Amy Poehler lhe rendeu o Globo de Ouro deste ano.

E qual o motivo de Parks and Recreation ser uma série tão importante e que representa tão bem o poder feminino na televisão atualmente, já que a personagem principal é bastante lunática e vive um tanto no mundo da lua?

Simples. Leslie tem o grande objetivo de se tornar Presidente dos Estados Unidos. Se ela vai conseguir, nós não vamos saber por agora.

Mas acompanhar toda a jornada de personagens femininas em séries de televisão ao longo das décadas e observá-las deixarem de ser retratadas como uma de dona de casa que se sente impedida de mostrar ao mundo o seu potencial por um simples capricho de seu companheiro machista e conquistarem o espaço que merecem em uma sociedade que valoriza todos os seus esforços, sua dedicação e a capacidade de conciliar trabalho e estudo, sem deixar de lado os seus sonhos, a sua família e sem perder a graça, o sorriso no rosto e o desejo de alcançar ainda mais espaço é MUITO emocionante, e só nos faz torcer para que, mesmo (por enquanto) apenas na ficção, uma mulher conquiste o cargo político mais importante do mundo e mostre a todos, mais uma vez, que elas podem, sim, alcançar tudo o que quiserem.