Sobre furos, spoilers e o pai de Peter Quill | JUDAO.com.br

Um jornalista cravou uma informação. A Marvel negou. O diretor não só negou como ficou PUTO. E nós enxergamos uma oportunidade de discutir umas coisinhas com vocês. ;)

Eis o que rolou: na última terça (24), o jornalista Umberto Gonzalez, mais conhecido pela ALCUNHA de El Mayimbe, lá do site Heroic Hollywood, prometeu uma bomba sobre um filme da Marvel. O filme era Guardiões da Galáxia – Vol. 2 e a bomba era a tão discutida identidade misteriosa do pai de Peter Quill, o Senhor das Estrelas (que, queridos puristas, a gente já sabe que não será a mesma dos gibis, beijos de luz para vocês).

Antes de qualquer coisa: não, não vou dizer aqui quem caralhos o El Mayimbe carimba que é o pai do Quill. O máximo que farei é te dar o link para o vídeo dele – a decisão sobre saber ou não disso é sua.

E, tirando o elefante branco da sala, a gente também errou ao colocar o nome do personagem no nosso tweet lá no JUDÃO News, assim que a notícia saiu. Não precisava. Bastava o link e quem quisesse, clickava e bingo. Mal aê, galera. Um erro de avaliação.

O máximo que vou te dizer é que a gente já tinha teorizado a respeito disso AQUI. Mas eis o meu ponto: “teorizar”, discutir, criar ELOCUBRAÇÕES a respeito, tudo isso é parte do jogo deste cinemão nerd. É parte da graça este papo de boteco, ficar lembrando das referências dos gibis, inventando possibilidades, sonhando com o futuro. Mas o que o Mayimbe fez é diferente. Tem outro peso, outra pegada. E é sobre isso que a gente quer falar.

Peter Quill

O jornalista afirma que quatro de suas fontes, que não se conhecem, garantiram que a informação estava correta e foi “severamente alertado” de que a Marvel negaria tudo — até porque estamos falando de um personagem que tem relação direta com o Thanos e igualmente poderia ser usado para construir a origem dos poderes de Carol Danvers, a Capitã Marvel.

Bom... foi exatamente o que aconteceu. ;)

Olha só: o modus operandi da Marvel é negar. Sempre e sempre. “Eu estou há dois dias aqui na Comic-Con, respondendo perguntas sobre o Homem-Formiga, mas oficialmente dizendo que não estou em Homem-Formiga”, disse Evangeline Lilly, depois de ter sido confirmada no papel por Kevin Feige, durante a Comic-Con 2014. E eles vão continuar negando, seja verdade ou não. É assim que os caras funcionam.

James Gunn, diretor do filme, que é bastante ativo nas redes sociais, também disse que não existe um pingo de verdade na história. “Vou parar de comentar quaisquer rumores, porque eventualmente alguém pode vir com algum que seja verdadeiro. Dito isso, sobre estes rumores, até o momento, não estão nem perto da verdade. Não sei como conseguiram esta informação, mas certamente não foi de fontes legítimas”.

Gunn, te respeito profundamente, mas cuidado com o uso da palavra “legítimas”. Se você quer dizer “confiáveis”, te entendo, você tem o direito de questionar. Mas se o seu “legítimas” foi usado com o caráter de “oficial”, rapaz, fica a dica: jornalistas não precisam necessariamente obter informações das fontes oficiais, dos agentes, dos assessores. Na verdade, é justamente o contrário. A apuração de verdade te leva para longe das fontes oficiais.

Mas, no meio do seu textão com um ar de puto da vida, Gunn levantou um ponto bastante curioso. “Entendo que as pessoas queiram saber sobre personagens, escolhas de elenco. Mas desde quando uma informação sobre a trama de um filme pode ser considerada um furo jornalístico? É isso que os fãs querem saber? Detalhes da história tão antes do tempo?”, afirma, destacando que “soltar estas coisas não ajuda na diversão que é a experiência de ir ao cinema”. Ele faz questão de deixar claríssimo que não está criando um filme que dependa de viradas-surpresa na trama para divertir. “Isso é só uma pequena parte do que estamos preparando para vocês”.

James Gunn

James Gunn

Mais tarde, o Latino-Review publicaria um texto bem interessante, que ajudaria na reflexão. Sem qualquer tipo de julgamento a respeito da atitude do colega – que, aliás, surgiu justamente nas páginas do LR, alguns anos antes – eles fizeram uma brincadeira dizendo que, se sites como o deles (e o nosso também, né) existissem na época em que O Império Contra-Ataca foi lançado, muito provavelmente alguém teria descoberto antes do lançamento que o Darth Vader era pai do Luke e a informação estaria circulando por aí exatamente como esta a respeito do pai do Peter Quill.

“Em algum lugar no meio do caminho, sites como os nossos perderam a essência do que é um bom furo no mundo do entretenimento?”, começam eles a se perguntar. “Adoramos compartilhar com vocês notícias sobre elencos, ou sobre aquele filme que um estúdio está planejando ou mesmo se um certo personagem vai aparecer num filme. Mas acho que a linha invisível que devemos desenhar é evitar cuspir algo que possa revelar um grande elemento da trama da história”.

E aí vem a questão fundamental: “que tipo de furo vocês, leitores de sites como o nosso, querem ver? Apenas um SPOILER ALERT já ajuda? (…) Claro que queremos sua lealdade e seus cliques/RT/compartilhamentos, mas também queremos que vocês confiem em nós e queremos proteger a sua experiência cinematográfica – já que somos fãs como vocês”.

E nós também somos uns apaixonados por isso, fãs de cultura pop antes de qualquer coisa. A gente tem cada vez mais pensado em coisas assim, aqui no JUDÃO. Nos nossos bastidores discutimos isso O TEMPO TODO estas novas abordagens, um novo jeito de enxergar a coisa toda. Por mais que o site não tenha mais a área de comentários (no regrets), a gente presta muita atenção no que vocês falam nas redes sociais.

Sabe o tipo de texto que fizemos dissecando o trailer de Guerra Civil? Perceba que ele é radicalmente diferente daqueles que fizemos dissecando MESMO, frame a frame, os trailers de A Era de Ultron. E curtimos bem mais o que publicamos esta semana, na real, resultado de muita conversa a respeito do nosso posicionamento.

A gente continua analisando, viajando, TEORIZANDO. Porque somos fãs como vocês. Mas também vamos discutir notícia a notícia porque somos um time que faz JORNALISMO. E esta palavra ainda tem um puta peso pra nós.