The Brink: a arte de salvar o mundo (ou não) | JUDAO.com.br

Na nova série, o mundo tem dois defensores pra evitar (ou causar, mesmo que sem querer) a 3ª Guerra Mundial: Jack Black e Tim Robbins

Lembra quando o Barack Obama anunciou que Osama Bin Laden tinha sido morto? Teve aquela caminhada triunfal rumo ao púlpito durante a coletiva de imprensa e tudo mais, dando um ar de que, sim, os Estados Unidos são a polícia do mundo e eles sabem o que estão fazendo. Sempre.

Bom, não precisa ter OITO neurônios pra saber que não é assim sempre – e é justamente com isso que The Brink, série que estreia neste domingo (21/06), tenta brincar (oooops, foi mais forte do que eu).

Tudo começa quando, lá no Paquistão, após perder as eleições democráticas, o candidato derrotado dá um golpe e derruba o presidente, incitando não só o caos, mas também o ódio aos EUA e Israel — que começam a se borrar de medo, já que o país tem armas de destruição em massa.

A partir daí a trama é centrada em dois personagens: o primeiro deles é Walter Larson (Tim Robbins), um secretário de estado que, apesar de se ligar mais em bebidas e mulheres, não quer deixar que os colegas da Defesa levem o presidente dos EUA a começar um conflito com o Paquistão, que envolveria os outros países próximos e poderia ficar bem MAIOR; o outro é Alex Talbot (Jack Black), um baixo funcionário da embaixada dos EUA no Paquistão e que, só por ter saído pra comprar maconha na hora errada, acaba ganhando uma importância estratégica no meio do conflito.

Assistindo ao primeiro episódio deu pra sentir que, por mais que boa parte das piadas estejam exatamente em Jack Black e Tim Robbins, o que a série vai fazer é literalmente brincar de desconstruir todo esse mito de que o governo dos EUA sabe o que está fazendo, ou de que existe uma disputa entre gênios da politicagem nos bastidores – temas que são o contexto de séries como House of Cards e The West Wing.

O humor, aliás, está mais em mostrar o quão ridícula uma situação dessas, além desse tipo de discussão, pode ser na vida real (inclusive com homens poderosos que não seriam nada sem uma boa assistente).

BrinkNessa linha de comparações, dá pra dizer que The Brink é um Veep sobre a política externa. Aliás, assim como Veep, a primeira temporada de The Brink tem 10 episódios com cerca de 30 minutos cada.

O principal problema da nova série talvez seja que ela se vale também de pré-conceitos para criar o humor que não está nos dois protagonistas, principalmente quando vai investir na sátira.

A família paquistanesa que recebe o Jack Black logo nesse primeiro episódio tem um ar bem caricato e o presidente golpista do Paquistão (Iqbal Theba, o diretor Figgins de Glee) cai naquele lugar comum de colocar o líder adversário como um idiota – enquanto o presidente dos EUA (interpretado por Esai Morales) parece ser um cara inteligente apenas levado por conselhos ruins.

No final, The Brink vai te fazer rir algumas vezes, bem como você riria num filme mediano do Jack Black. Mas também vai te fazer sentir um pouco de medo, ao perceber que tudo isso pode ser mais próximo da realidade do que aquelas séries e filmes sobre terrorismo...