The Flash: as três cagadas de Flashpoint | JUDAO.com.br

Primeiro episódio da terceira temporada tem seus acertos, mas fica aquele gostinho de “porra, o que tão fazendo aqui?”

SPOILER! O que você faria se pudesse voltar no tempo e salvar uma pessoa que você ama? Mudaria o destino daqueles com quem você se importa? Fazer o que é certo naquilo que você considera errado? Essa é uma possibilidade tentadora, possível para um grande herói: o Flash. E depois de resistir muito, Barry Allen foi lá e mudou o próprio passado. Deteve o Flash Reverso durante o ataque na infância do futuro herói, salvando a mãe, Nora. O mundo mudou. Agora, Barry tem uma vida feliz, ao lado do papai e da mamãe.

No entanto, a realidade não é bem assim. Como diria o Dr. Ian Malcolm, “life, hm, finds a way”.

Esse é o grande pressuposto de Flashpoint, o primeiro episódio da terceira temporada de The Flash, aguardado desde o dia em que a segunda temporada acabou, com todos os fãs dos quadrinhos e da série imaginando como roteiristas e produtores adaptariam o crossover de mesmo nome, chamado aqui no Brasil de Ponto de Ignição. Uma coisa era certa: seria bem longe do original, o que foi confirmado lá na San Diego Comic-Con. E, a meu ver, isso era MAIS UM motivo pra achar toda essa possibilidade interessante.

Só que agora, após o episódio ir ao ar na noite da última terça-feira (4), tudo se resume a um grande... MEH.

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Vai, o começo até que foi bom. Dá para entender a revolta inicial do Corredor Escarlate, que faz com que ele finalmente tente arrumar as coisas. Antes, por mais que tenha perdido a mãe, ele tinha uma vida boa. Ganhou um segundo pai, uma irmã/amor, uma base, superpoderes e uma oportunidade de provar que Henry Allen, o pai biológico, era inocente da morte da mãe. Aí, no final da segunda temporada, tudo desmoronou. Henry foi morto pelo Zoom e ficou aquele gosto amargo na boca, de que nada daquilo foi válido.

“Tá, como salvar a vida de uma pessoa pode mudar tanta coisa na cidade?”. Efeito borboleta, meu caro, o fenômeno que diz que, na teoria do caos, uma pequena mudança pode resultar em grandes efeitos. Por exemplo: Nora é salva, anos depois encontra uma amiga na rua; essa amiga se atrasa e acaba encontrando o Cisco Ramon, um dos futuros personagens da série; no meio do papo, Cisco tem uma ideia para um investimento ou um futuro negócio; pronto, Cisco é um milionário e não mais um cientista pé-rapado. Ou qualquer coisa.

Se você continua achando ruim, é só lembrar que, nos gibis, as mudanças são realmente em escala global, fazendo, por exemplo, Bruce Wayne ser morto pelo Joe Chill, enquanto Thomas e Martha sobrevivem. Na TV, as coisas são mais contidas ali em Central City, ao menos no que podemos ver.

Essa nova realidade – na qual Cisco parece ocupar o espaço da Star Labs e do professor Wells – o acidente do acelerador de partículas deu poderes para Wally West, o (agora) Flash. Nem herói Barry precisa mais ser, podendo curtir uma vida feliz ao lado dos pais enquanto xaveca a Iris West.

Só que, obviamente, Bar começa a se meter no que não deve. Ele vê que o atual Flash não consegue vencer o Rival, um outro velocista que recebeu o nome emprestado do arquirrival de Jay Garrick, o Flash original, dos quadrinhos. Ao mesmo tempo, Barry vai, aos poucos, perdendo as lembranças da timeline anterior, além de ver pessoas com quem ele se importa – como Joe West – vivendo uma vida de merda. É aí que o episódio passa a desandar.

Tudo começa a acontecer muito rápido. A solução dos problemas, o envolvimento dos personagens que não estavam próximos... É forçado. Talvez fosse melhor ampliar o Flashpoint para um evento de dois episódios, aprofundando mais as coisas, mas Arrow iniciaria a quinta temporada dentro dessa nova timeline, já que estamos falando de um universo coeso — ou talvez tivesse melhorado se cortassem todas as cenas de Barry com Iris, mais uma vez extremamente forçadas e que não dão liga. Foram minutos preciosos na construção de uma nova linha temporal direto no ralo pela necessidade burra de sempre ter uma “historinha de amor”. Não precisa disso, gente.

Flashpoint

As coisas parecem que vão melhorar no final, mas tudo se perde novamente. Barry pede ajuda para o Flash Reverso, que é libertado para poder MATAR Nora Allen – ao invés de, sei lá, obrigá-lo a ZERAR todas as cagadas feitas naquele momento do tempo específico? Afinal, o vilão tem mais experiência na manipulação temporal e lembra como era a cronologia REALMENTE original. Mas não, o Flash vai lá e deixa tudo na mão do Reverso que, obviamente, fode com a vida do nosso herói novamente. Agora, Iris está brigada com o resto do West – e, provavelmente, com o próprio irmão/amor/whatever.

Como plano eu entendo: já que não pode eliminar o herói da história, o que tiraria os poderes de si mesmo, Thawne “brinca” com a vida de Barry, tirando Nora e, agora, Iris da vida dele. Porém, como enredo pra série, voltaremos a ver aquele lenga lenga romântico, que não funcionou na primeira temporada, tinha sido (de alguma forma) superado e que agora tem tudo pra voltar pra estaca zero.

Flashpoint acabou, mas o mundo continua diferente. O resto dessa terceira temporada sentirá todos os efeitos de não só uma, mas de TRÊS enormes cagadas. Duas do Barry, uma dos roteiristas. Ao menos nós aqui temos o poder do botão do FLASHFOWARD toda vez que recomeçar o mimimi entre Iris e Barry...